segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Suspiros


Agora todas as frases são feitas de suspiros – e depois de tudo, todos os suspiros são feitos de saudades (...).

E todos os perfumes são feitos de baunilha – e o aroma do café circula ao redor da cama enquanto minha ovelha de pelúcia dorme sobre o travesseiro ao lado da minha gata (...).

Agora todas as frases são feitas de suspiros e encantamentos profundos – e depois de tudo, todo o encantamento se dissolve em saudades tão intensas que desabrocham todos os perfumes grudados na memória recente de antes do descanso (...).

Um despertar suave envolto em neblina – e o ar gelado recortando um colo onde descanso minhas dúvidas refletidas na nudez total de alguns suspiros (...).

Toda a minha atenção se concentra de repente em um instante da mais pura doçura – é o início, sempre o início, o início de tudo (...).

As borboletas sobre a minha pele desenham caminhos instáveis enquanto sonhos continuam me surpreendendo durante um despertar envolto em neblina onde todo o teu desejo se espreguiça sobre a cama (...).

E a incompreensão parcial enfeita um meio-sorriso – nunca vou entender mesmo instantes mais que perfeitos de suaves encantamentos mais que profundos (...).

Nem preciso te compreender também, não é mesmo?

Minha ovelha de pelúcia observa minha gata ronronando enquanto bebemos nosso café juntas (...).

(Je t'enserre dans mes bras...)

Liz Christine

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Todo o sempre


Inédita é a sede mergulhando em perguntas nuas enquanto a lua esconde sua indignação em relação (quase platônica) ao mar que reescreve sentidos sobre as calçadas plenas de impulsos contidos pelo tempo de espera em consultórios de psicanalistas incompetentes. Incompetente é a xícara, incapaz de responder à uma simples questão de dupla personalidade encobrindo silêncios perfumados pela água que cai do chuveiro. Há música no banheiro e um desenho da Disney passando no projetor que mora nos espelhos do armário. Quase sempre, realmente não sei mesmo, inédita é a cama flutuando sobre a ração das gatas. Nada, porém, nada mais. Nada seria capaz de me surpreender por enquanto porque toda a minha indecisão está descansando na pia da cozinha, ah. Sei que não é verdade. Pourquoi l'amour m'est impossible, à moi qui ai tout donné (?). Quero te ver do outro lado da questão assim que tuas roupas caírem no chão enquanto vou abrindo teu sutiã com toda a prática que tenho em abrir os meus próprios (tão brancos). Cores variadas passeiam nos olhos da gata branca enquanto me enrosco em teus abraços esperando todo o esquecimento do mundo e a satisfação posterior. Esquecer tudo ou qualquer coisa ao meu redor e mergulhar na mais plena satisfação momentânea que me abastece para todo o sempre. E mais, e mais, e mais (para todo o sempre). E depois disso vamos assistir um filme no restaurante japonês, quer? Eu quero mais até o infinito da quase improvável noite que cai sobre meus ombros (...).

Liz Christine

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A mesma


Descansar não faz mal quando o mundo desaba da prateleira de brinquedos e a música chora dentro do chuveiro enquanto a água sublinha as sílabas do blues. Ah blues, ah frio que não cabe em meu coração perdido na madrugada. Preciso de muita água e muitos pedaços. Todos os pedaços do mundo redesenhando uma onda tão intensa que o mundo sorri e acena na minha direção. Ah já perdi a direção das minhas idéias de novo. É disso que preciso, descansar minhas asas comovidas por esse blues. Talvez eu deva mudar o disco e te dizer que a música, além de chorar dentro do chuveiro, também desliza suavemente sobre a cama de casal enquanto cerejas são degustadas ao redor de um desejo recíproco de engolir o mundo que vive desabando da prateleira de brinquedos. Ah sinto vontade de cantar ou de deitar mais uma vez ao teu lado. A voz dela chora mas provoca também uma infinidade de desejos parcialmente insanos e compreensíveis. Todas as possibilidades e uma única intenção, a mesma.

Liz Christine

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tell me more and more and then some


Almoçar um yakisoba e esquecer temporariamente todas as palavras que teimam em brotar dos lençóis enquanto me escondo da chuva que insiste em cair na minha janela telada. Uma pausa enquanto a gata afia as unhas – e depois, ah depois, e depois? Depois eu te conto os motivos pelos quais as borboletas fazem fila para ver o arco-íris no fim do túnel de sentidos aguçados refletindo contradições tão doces. É que tudo são contradições enquanto tento achar uma direção incerta para te reencontrar. Os sentidos todos se espalham sobre os lençóis desfeitos que ainda guardam teus pensamentos coerentes – ao contrário dos meus, naturalmente. Já virei minhas idéias ao avesso para procurar alguma coerência mas só encontrei cenas de filmes franceses arquivadas na memória. Ah me diz então qualquer coisa que acalme minhas indecisões todas – tão difícil decidir seja lá o que for, não é? Não para ti, não é mesmo? Almoçando um yakisoba enquanto espero impaciente que minha nova paixonite se desfaça dentro da minha memória comprometida.

Liz Christine

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

De dentro do mar

Minhas idéias tão leves flutuam todas dentro do mar. Eu juro que. Teus seios não param mais de vigiar minhas idéias tão leves flutuando no mar às cinco horas da tarde. Não juro mais por nada, nunca mais. Sim, quero sim. Mas não sei mais como. E não me faça mais essas perguntas tão diretas, que nem sei responder assim, subitamente. Mais um mergulho, e depois casa, e depois banho, e depois música, porque hoje é domingo e eu quero passar o dia fazendo nada, ou fazendo tudo, com você.

Liz Christine

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Refletindo sobre águas límpidas


Reflexos de verde e de lilás (...),

Tudo passeia diante dos meus olhos na mais pura incompreensão de cada dia (...),,

Sentidos apurados, e cada vez mais apurados os sentidos obtusos refletindo sobre águas límpidas – :

Pensamentos circulares desenhando curvas sobre o chão tão branco quanto as idéias todas que passeiam diante dos meus olhos na mais pura incompreensão de cada dia :)

Uma massagem colorida de verde e lilás sobre meus ombros e um brilho labial sabor morango completam o ciclo de sabores flutuantes sobre águas límpidas – :

Meu mundo em câmera lenta escorrega engatinhando sobre o chão branco onde a gata dorme sonhando cada vez mais ;-)

Um sonho onde reflexos de verde e lilás desenham uma boneca com cabelos negros e cacheados sorrindo para as nuvens que aguardam a chegada da lua em pleno inverno (...).

Pensamentos circulares se completam sempre em manutenção constante de seus próprios desejos ou sonhos insones,,

Imagens se repetem constantemente ampliando cada vez mais sentidos apurados que desenham sombras inexistentes sobre os reflexos de verde e lilás (...),

Amor nunca é o suficiente mas sempre preenche a mais pura incompreensão de cada dia –

E é tão simples o que quero de ti neste instante em que as palavras observam as estrelas ali tão próximas (...).

Liz Christine

sábado, 13 de novembro de 2010

Fada da grama verde


Cerejas em conserva e um cacho de dúvidas mais um balde de respostas sem perguntas imaturas. Flutuo com um peso sobre os ombros e escorrego na direção contrária do meu desejo. Desejo no instante seguinte um par de seios nus onde vou descansar meu cachinho de dúvidas insones. Desejo mergulhar em uma piscina preenchida por sorvete cremoso com calda de brownie onde vou procurar minha dona mais uma vez e sempre até descobrir que só pertenço a mim mesma de novo. Tudo muda e tudo acaba nos instantes que se seguem ao vôo da lua – então o melhor é não mergulhar mais meu rosto sem disfarces em teus seios nus. A ausência de respostas gulosas me faz pensar de novo em noites perdidas preenchidas por champagne e beijos saborosos. Em meio à tempestade de respostas sem perguntas imaturas, teu corpo de fada da grama verde me convida a esquecer quaisquer dúvidas acerca de amores insanos perdidos no tempo que transcorre inatingível nos instantes congelados na memória de uma gata branca reaprendendo a falar.

Liz Christine

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sonhos e casulos


Então me refugio dentro de sonhos, e dos sonhos vou tecendo casulos, e dos casulos eu te observo tranquilamente, até que os casulos derramem chuva, e com a chuva eu preencho piscinas turvas de tanto suspirar (...). Uma xícara de café concentra toda a indecisão do planeta que tento atravessar para fugir do outro lado oposto ao teu olhar que bóia na piscina preenchida pela chuva inquieta de tanto sonhar com conchas marinhas (...). E as estrelas suavizam os sonhos que desabrocham em teias de diamantes e esmeraldas plenas de inocências amedrontadas (...). Ah fugir em pensamentos espiralados e turvos de tanta impaciência para com o planeta do qual tento fugir cada vez mais e toda vez que. De tanto suspirar atinjo a plenitude do instante mais que perfeito onde gemidos preenchem o quarto iluminado pelo dia que se segue à madrugada febril (...). Tua língua percorre o rio que mora dentro de sonhos que vão tecendo casulos até que toda a indecisão concentrada em uma xícara de café saia fugida voando pela janela com tela do décimo andar (...).

Liz Christine

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cream on my coffee


Vários rostos flutuando no mar e não se consegue mais uma pausa no desabrochar de idéias em constante mutação. Sibyl Vane e muitos mais nomes escondem minha nudez inconstante que se enrosca em silêncios – sempre o imutável silêncio decorando o chantilly sobre o café expresso. Afugentar todos os rostos flutuando no mar para reencontrar um equilíbrio que jamais atinge seus objetivos porque a gata sonha mais do que suspira. Teus seios em contato com meus seios em um abraço que concentra toda a eternidade de um amor impossível (...).

Liz Christine

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Verdades volúveis


Um silêncio profundo envolve a minha nudez. Todas as palavras talvez se escondam no balde sobre a grama. Um miado distante quebra o silêncio e descubro que as telas acordam minha sede. Não durmo a noite inteira buscando uma frase impossível. Todas as imagens flutuantes soam parcialmente impossíveis em meio à inércia desse instante. Quero aquela, apenas aquela, e depois muitas outras (palavras). Parcialmente desnecessário dizer que dúvidas desenham formas sobre meu corpo. Buscando fadas dentro da minha insônia esbarro apenas em memórias que se bifurcam. Dentro do silêncio flui um rio sorridente e duvidoso que abstrai quaisquer sensações enquanto foge das estrelas ou do mar. Eu quero aquela, e mais aquela outra, e muitas outras (palavras). Mas reencontro apenas um silêncio profundo envolvendo todas as idéias que teimam em surgir toda vez que tento mergulhar meu rosto no mais puro esquecimento de todas as verdades volúveis.

Liz Christine

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poesia e Amor-Próprio

Esperança se suicidou e morreu muito jovem. Sabes que eu a detesto? Ela me assombra vez por outra em plena madrugada. Nunca existiu alma mais parva que Esperança. Mesmo defunta, ela ainda é capaz de causar alguns estragos nos vivos. Esperança era cafona e tinha um péssimo gosto para se vestir ou pentear os cabelos tingidos. Enquanto eu tingia meus cabelos de rosa-bebê ou vermelho intenso aos dezesseis anos, vi fotos antigas de Esperança aos quinze anos com os cabelos super mal pintados e em penteados tenebrosos. Enquanto eu fazia as unhas toda semana, Esperança roía as unhas descascadas. Ela se foi e já foi tarde. Afinal quem precisa dela, é porque não está nada bem. Só procurava Esperança quem realmente estava mal de vida, por isso eu sempre a detestei. Nunca precisei dela, nem em dias ruins ou desastrosos e menos ainda em dias maravilhosos. Sabes quem é minha amante? A Poesia. E meu amante? O Amor-Próprio. Tenho amantes de ambos os sexos mas só consigo amar plenamente as amantes (nunca os amantes). Porque às amantes dou tudo, aos amantes dou nada. Nunca darei nada. O Amor- Próprio é o único amante compreensivo que nada me exige pois pensa apenas em me dar prazeres (e como nos entendemos bem). Permaneço intocável aos amantes do sexo oposto que não passam nunca de amores platônicos e jogos mentais que me distraem de forma abstrata. As amantes são reais, os amantes são imaginários.

Liz Christine

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Canteiros de flores


Não vou falar da chuva que teima em espalhar nicotina em meus canteiros de flores mal dormidas (…).

Tulipas, orquídeas, rosas brancas ou vermelhas, camélias, gardênias – elas jamais dormem (...).

Sempre despertas, sempre alertas, porém sempre desatentas e alheias – observando o mundo através de sensações mais do que puras sem racionalizar as imagens insones que teimam em brotar dos espelhos úmidos (...).

Não vou falar também das lágrimas preciosas e inquietas que teimam em acalmar os banhos que duram quarenta e cinco minutos contadinhos no despertador do celular (...).

Despertando todos os fantasmas que rondam os canteiros de flores sempre alertas e impacientes porém lentas ou sonhadoras – sonhando acordadas com o desabrochar das liberdades individuais de cada miado que corta a madrugada ou atravessa a esquina onde a chuva espalha nicotina (...).

Cuidado – tudo é proibido, inclusive fumar em mesas de cafeterias ou sentir o vento acariciando pernas nuas (...).

Cuidado – tudo é proibido, inclusive fumar no corredor do prédio ou beijar com inocência tua mulher em público (...).

Ah tédio que corta as noites em claro e atravessa minha pele durante o vôo das mariposas que caço não por fome, mas por diversão – caçar por diversão, e não por fome (...).

A fome eu aquieto com a ração diária de sushis de salmão com cream cheese e porções de rolinho primavera ou atum ao molho ponzo (...).

A fome eu aquieto também com jazz e peças de Ibsen ou Molière ou biografias da Greta Garbo e da Audrey Hepburn (...).

A fome eu aplaco com sensações mais do que puras que nascem do contato físico entre a minha nudez e os banhos recheados de pétalas despedaçadas – sempre perfumadas, sempre despertas, sempre alheias, sempre macias, sempre alertas e prontas para me beijar (...).

Liz Christine

domingo, 10 de outubro de 2010

Uma pétala de rosa


Uma garrafa de champagne sobre o chão branco e duas dúzias de rosas sobre a cama. A vida pode ser bem mais simples quando reencontro um terço do meu equilíbrio fugitivo. Um calor intenso escorre do rio que atravessa meu coração em tom de jazz de 1920. Um pássaro azul sorri enquanto tua voz escoa lentamente ao sabor de frases translúcidas. A realidade agora brilha mais que aquele sonho antigo guardado em uma caixinha de música com bailarinas rodopiando que mora embaixo da minha cama. E um beijo trocado sob a luz intensa da lua lá no alto do céu estrelado atravessa a madrugada enquanto a gata branca convida ovelhas a passearem pelos jardins repletos de árvores quase novas e quase eternas. É que o amor é eterno enquanto a lua brilha lá no alto e a doçura desliza sobre a minha pele enquanto tuas mãos procuram uma pétala de rosa escondida sob meu vestido.

Liz Christine

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dream a little dream of me


Toda a amargura confinada em um isqueiro trabalhando incansável durante a madrugada. Contando as estrelas enquanto o sono ausente passeia pelos prédios e casas depois de me avisar que hoje não poderia vir me visitar. Sonhando acordada com uma tempestade febril de palavras insones. Mas as palavras fogem todas enquanto meus pés tropeçam nos primeiros degraus da escada. Pisando suavemente sobre a grama fresca que recobre meus pensamentos tão insones quanto as estrelas que conto sem me cansar nunca de sonhar acordada. Agir é desnecessário quando o céu desaba sobre meus ombros nus e fartos de uma realidade incompatível com o mundo que carrego em cada silêncio parcialmente compreensível. Tudo poderia ser compreensível se não fossem a lua e os espelhos incompatíveis. Guardo um espelho dentro da bolsa vermelha para me certificar de que a lua canta só para mim toda vez que o sono se ausenta. Também eu me ausento toda vez que a realidade desagrada meus ombros nus e o céu desaba sobre meus cachos soltos – então mergulho em um rio de incompreensões só minhas que ninguém mais poderia decifrar. Ou então mergulho em um rio onde moram fadas só minhas que suavizam quaisquer vagas intransigências. Impossível colocar meus pés na realidade ao invés de mergulhar em sonhos insones cada vez mais sublimes. A realidade já ultrapassou quaisquer sonhos nunca antes imaginados mas isso já faz tempo e ficou lá atrás junto com a minha coleção de caixinhas de música com bailarinas de sapatilhas lilás dançando em meio às árvores do meu quintal onírico. Agora só me resta um pensamento: fugir. Fugir das idéias tolas que ouço ao colocar meus pés na tua rua.

Liz Christine

domingo, 3 de outubro de 2010

Asas de anjo dentro do armário


Nada a não ser as nuvens que pairam soltas ao redor de uma intransigência. Só mesmo um café forte conforta meu silêncio hesitante. Entre uma ou outra escolha recomeço pensamentos circulares que crescem em espirais de dúvidas. E a lua aparece na minha janela daqui a poucas horas só para me contar que ovelhas não voam ainda. Asas de anjo crescendo dentro do armário enquanto a gata branca escuta atentamente um trecho da música que flutua dentro do quarto na penumbra. Abro as cortinas então à espera da lua.

Liz Christine

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tempo


Preciso ainda de um tempo (…).

Tempo inconstante, volúvel, perfumado (...).

Esquecer quaisquer palavras, preenchida por silêncios sonhadores, sonhos sem palavras e tão reais quanto a quietude da alta madrugada onde a lua inspira sabores sortidos e febris (...).

Mas há ainda tantas madrugadas (...). Outras tantas que já não sei o que digo,

Madrugadas feitas de música insone e companhias em permanente manutenção de dosagens (...).

Dosando o tempo (inconstante, volúvel, perfumado) –

Preciso ainda de um tempo -: Para esquecer verdades eternas e mergulhar em prazeres solúveis (Café instantâneo, já nem sei mais);

Já nem sei mais as diferenças entre esta e aquela (...).

Aquela que desejo, esta com quem sonho – sonhos doces, preciso que me enviem sonhos doces que duram quase o tempo de um mergulho parcial em verdades imutáveis (Mas não,...) –

Não me diga que já acabou o meu tempo de infusões aromáticas e profundamente confiáveis enquanto do outro lado de uma página a lua me espera pacientemente (...).

Quero correr contra o tempo e te alcançar mais uma vez mas (Já se foi o tempo, não é mesmo?)

A diversão acabou. A fome se foi. O transtorno curou-se. E o que resta são insatisfações momentâneas recheadas de frivolidades e silêncios (...).

Não tenho reais pretensões de alcançar o quê?

Madrugadas preenchidas por música e companhias em permanente manutenção de dosagens – quero mais um tanto assim de. Quero nada, esqueça que.

Esqueça que me teve um dia e jamais pronuncie meu nome de novo. O mundo gira em suaves inconstâncias, e o que resta são insatisfações momentâneas recheadas de frivolidades e silêncios tão gulosos que nem sei (...).

Quero de tudo um pouco, e de ti quero tudo que eu puder apreciar até não poder mais (...).

O até não poder mais é feito de inconstâncias (...). (Parciais e eternas)

O amor ainda é possível? (Já nem sei, nunca soube, admito, mudo tudo de lugar e retorno sendo a mesma agora ou mais tarde.)

Liz Christine

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capim-cidreira


Dentro da piscina aquecida nadam abelhas e caracóis. O gato cor de caramelo espia os caracóis fumando capim-cidreira enrolado em seda transparente. Três borboletas observando a gata branca que pensa se mergulha na piscina ou se bebe mais um café ou quem sabe uma taça de vinho. A gata branca nada observa nem espia ninguém de tão absorvida em abstrações suaves que se enroscam em cada miado que ela guarda dentro das gavetas do armário. Os latidos que chegam através da parede anunciam mais uma mudança de tempo – não sei bem há quanto tempo perdi as rédeas. Não sei bem quando a insônia tomou o lugar da sede – nada no seu devido lugar desde que o tempo transbordou de impaciência contida pelos caracóis quietos que nadam na piscina aquecida. A impaciência que mora nos miados guardados dentro das gavetas do armário transparece em cada volta – a cada suspiro a sede volta e retoma seu lugar roubado a cada trago pela insônia que segue o rastro das três borboletas sem jamais dissolver a saudade que recobre a grama.

Liz Christine

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Je ne regrette rien


Mais uma vez o Tédio me visita com suas unhas pintadas de azul-pastel. Não me escreva pensamentos, escreva movimentos corporais e estímulos sensoriais. Escreva desenhos ou perfumes. Escreva também desencontros tão profundos que nem sei. Não sei de nada. Je ne sais pas. Je ne regrette rien. Anular quaisquer idéias e voar tranquilamente, flutuar, flanar, correr, engatinhar, deitar. As idéias todas vão sumindo de vista quando me sento aqui para fumar. Ah Tédio acenando sorridente. Ele sempre se aproxima onde as pessoas falam alto demais e falam demais da conta, muito mais do que eu gostaria de ouvir. Ah minhas unhas recém-pintadas de vermelho me dizem que caçar não seria má idéia, mas ah é tudo sempre tão igual. Caçar bolhinhas de sabão em forma de corações multi-coloridos. Caçar ondas do mar agitado. Ah não faz mal, não, não, não faça isso, não diga nem mais uma palavra. Eu só quero te esquecer e me esquecer também de tudo que sou capaz de pensar. Rapidamente, os esquecimentos, e a próxima taça de vinho. Fumar mais um e te esquecer logo, logo, porque nada vale a pena nesse mar de incompreensões corriqueiras. Tu e qualquer outra pessoa não valem nenhum esforço. É tudo sempre igual e já sei como acaba também. Acaba na cozinha, não é? Ou seria no banheiro? Ah que transtorno, ah Tédio sorridente me convidando a dançar com as estrelas. Recortando bonequinhas de papel. Sei que nada em ti vai me surpreender, e provavelmente qualquer coisa que eu faça ou deixe de fazer vai soar como insanidade nos teus ouvidos. Ah a próxima taça de vinho, que venha logo, e com ela todo o esquecimento do mundo. Como pode um bebê que não sabe falar querer ser a Greta Garbo? É plausível ter todas as possibilidades do mundo em um único rosto? Ah fumar, voar, flanar, esquecer, sonhar, acordar, engatinhar, correr, fugir, voltar, esquecer de novo. Como soa vazio (...). Aspirando ausências e respirando silêncios. Nunca estou onde me encontro. Estou sempre longe, tão distante que nem sei. Ah se alguém colocasse meus pés no chão de vez em quando ou me abraçasse suavemente para eu não cair de novo sobre as nuvens, eu nem sei. Sei de nada. Je ne sais pas. Je ne regrette rien.

Liz Christine

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sabor cereja-gelada


O dia amanhece dentro de uma nuvem de cores constante. Deslizando suavemente até trancar a porta do banheiro para reencontrar a lua que se escondeu no teto sem se despedir. Tentando não ouvir sabores que brotam das paredes parecendo abraçar meu silêncio enquanto procuro uma vaga certeza de que tudo seria possível se não fossem as impossibilidades da lua. Um beijo sabor cereja-gelada até o infinito das limitações intransigentes. Estendo uma toalha no chão do banheiro imaginando um piquenique sobre a grama e espero que as flores brotem da tua língua.

Liz Christine

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

La lune


Só a lua amortece minha inquietude. Tudo é silêncio dentro de uma piscina repleta de pétalas de rosas. Através da porta do banheiro adivinho um sorriso quase tranquilo acompanhando uma fatia do céu estrelado. Um gato mia pedindo atenção enquanto uma gata branca passeia entre as nuvens do lençol. Tudo soa tão distante enquanto me pergunto se eu devia mesmo estar aqui nadando entre silêncios de inquietude tranquila. Uma parte soa calma, a outra metade transparece incoerente. Meu coração se divide em dois, e cada metade procura um pouso – jamais voando na mesma direção.

:(J’irais décrocher la lune:)

Liz Christine

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pedaços crocantes de puro bem-estar


Toda a doçura de uma tela em branco à espera de uma cor preenchendo todo o universo que cabe dentro de uma única frase a ser repetida indefinidamente e toda vez que dedos deslizarem suavemente pelas minhas costas desenhando um suspiro em meio ao silêncio de um abajur solitário (...). Luzes apagadas e daqui a duas horas e meia o dia amanhece dentro da cafeteira ligada no chão bem no meio do quarto onde a música desliza sobre as paredes nuas (...). Livros insones nas prateleiras ao lado do armário semi-aberto e uma borboleta no centro da cama de casal onde descansa uma gata branca sobre o travesseiro azul. Seguindo sempre em frente há alguma possibilidade de reencontrar um certo equilíbrio constantemente desviante onde mergulho de tempos em tempos quando o café tem aroma de baunilha e o mel se mistura à pedaços crocantes de puro bem-estar (...).

Liz Christine

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O polvo e a coelhinha


O polvo disse que não. Então a coelhinha sorriu desconcertada, porém indiferente ao todo que a perfumava inocentemente. As estrelas cantavam juntas um blues chamado Sweet little angel enquanto a lua passeava lá no céu junto às ovelhas. O blues envolvia a madrugada descansando sobre a lareira durante o inverno mais doce do mundo. Livros sobre o chão feito de suspiros e uma gata branca sobre uma pilha de livros enquanto o gato laranja brincava com a gata azul que provocava o gato preto que recebia carinhos de sua dona. E o mundo continuava girando enquanto a dona do gato resolveu dar uma pausa em suas tristezas para brincar com uma xícara de chá de erva felina. Todas as lágrimas do universo pingavam do teto enquanto o barquinho flutuava dentro dos sons que circulavam na banheira. Ela fumava a grama quando a campainha de seu apartamento tocou duas vezes seguidas – então se enroscou em uma toalha felpuda e foi fumando sua graminha pelo longo corredor ao sair da banheira com um cálice de vinho do Porto. “Quem é?, ela perguntou sem abrir a porta, e escutou de volta um “sou eu, a menina do chocolatinho surpresa”. Ela não reconheceu a voz e não abriu a porta e resolveu escrever um email. O email começava com a seguinte frase: “preciso de uma amante...” – mas ela não enviou o email e foi procurar o polvo que havia dito não à coelhinha. Encontrou a Dama Lilás no meio do caminho e esqueceu rapidamente o polvo.

Liz Christine

sábado, 14 de agosto de 2010

Inércia


A inércia descansa suavemente seus braços cansados de abraçar o mundo estirado sobre o tapete do banheiro invadido pela música que vem lá de fora. Lá fora passeia o meu coração perdido dentre tantas dúvidas – apenas uma borboleta habita esta casa fincada sobre cores flutuantes. Tudo flutua dentre tantas rosas plantadas à esquerda do casulo – à esquerda, sempre à esquerda. Quando é que minhas idéias vão se endireitar? Quando lá fora for tão suave e aconchegante quanto é o suave borbulhar de gotas perfumadas dentre uma dócil indiferença. Não, a indiferença passeia no jardim da casa – dentro do banheiro não há mais indiferença. Nem dócil nem revoltosa, apenas um sublime desabrochar de gotas perfumadas dentre uma suave perplexidade. Nada compreendo, apenas flutuo. A inércia descansa suavemente seus braços cansados de abraçar o mundo estirado dentro da banheira cor-de-rosa fincada ao lado da cama flutuante. Quero deslizar movimentos em espiral sobre o chão do quarto desenhando um mar sutil e agitado em suas andanças. Lá fora passeia toda a sorte de implicâncias mútuas ou generalizadas – e aqui descanso minhas asas cansadas de sobrevoar a inércia de um coração desengonçado. Apenas movimentos doces, suaves, graciosos e harmoniosos flutuam dentro do mar agitado (...).

A gata branca olha para fora através de janela telada adivinhando passos incertos em direção à inércia (...).

Liz Christine

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Suaves transparências (ou Quartos)


O quarto transborda em dúvidas de fumaças espiraladas e estonteantes. Em torno de uma das dúvidas sobrevoam borboletas de açúcar cristal e favos de mel. Eu não me permito ou eu me deixo. Não quero mas te espero. Ah saudades tolas de ovelhas perfumadas envoltas em nuvens de incompreensão estonteada e sutilezas permanentes. Desembaraçar as saudades tolas que se enroscam em cachos úmidos depois de lavar meu cabelo envolto em perguntas de tons suaves. Quer me dizer em que instante puro as nuvens se desfazem em gotinhas de mel sobre o chão? As nuvens que moravam no teto do meu quartinho foram passear de mãos dadas com a inocência do desabrochar de um querer. Te quiero muito e sempre mas agora vou passear de mãos dadas com o silêncio que mora lá no céu. No céu servem xícaras de capuccino e tortas trufadas ou de três chocolates com brownies e chantilly, e as nuvens se comunicam com olhares atenciosos. Um canto isolado no universo onde tudo é sempre possível e os amores só existem realmente quando correspondidos. Onde me escondo quando a comunicação não é possível e preciso ficar só com as fadas que moram em gavetas e prateleiras mirando o final do arco-íris. Há quartos, e mais quartos. Todos envoltos em suaves transparências (...).

Liz Christine

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sentidos puros


Lentamente, o vento gelado se enrosca em uma xícara vazia. Cada vez mais lentamente, palavras sem nexo se desfazem de encontro às ondas perfumadas. Uma breve pausa no desenrolar de um movimento. As palavras fogem quando me vejo deslizando sobre o chão gelado – nada a dizer realmente que não seja perfeitamente esfumaçado. Olhos fechados sobre a neve, brincando de esconder sentidos atrás de árvores. Sentidos puros e aguçados enquanto ao meu redor tudo soa gelado – mas não eu. Eu não, pelo menos dessa vez (...). Dessa vez são sombras feitas de gelo. (Sombras de corações vazios)

Dentro da minha concha há música mas não existem companhias. Exceto pelas fadas, gatas brancas ou de cores diversas, sereias e um anjo que jamais me convidaria para uma xícara de chá. Não existem companhias humanas, foi o que quis dizer. Lentamente, cada vez mais lentamente, movimentos fluem de encontro ao silêncio constante de um coração que transborda mas não encontra um ombro (...).

Liz Christine

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Através de ondas adocicadas


Uma borboleta solitária rodopiando em torno de um abajur apagado. A luz que vem lá de fora ilumina apenas traços de uma crescente indiferença em relação ao todo que me envolve em abraços parcialmente adocicados. (Que chatice a chuva raivosa e triste.) Um cenário feito de sombras onde o presente nunca abastece o suficiente essa crescente indiferença chateada. Onde a doçura das tuas asas abastece minha sede insaciável? Quero toda a doçura das tuas asas em um único abraço consistente. E sinto toda a inconsistência das palavras trocadas no cotidiano febril de carências tortas. Fumando todo o tédio de uma noite solitária (...). Prazeres inconsistentes amortecendo a indiferença parcial fazem com que me esqueça do essencial:

(O essencial chega através de ondas adocicadas.)

Liz Christine

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Horas turvas


Mas não, nem sempre é possível. Nem sempre é possível dizer às horas turvas que a janela está trancada. Seios nus em meio à distância de uma realidade incansável. A lua que se aproxima ditando sons incoerentes e sabores um tanto quanto inconsistentes. E a volubilidade da insônia em meio aos degraus de uma escada tropeçando no escuro. Meus pés mergulhados no mar procurando algo sobreposto ou submerso em teu olhar. Chega de olhares e palavras em vão. A gata branca que mora em mim buscando a verdadeira e precisa direção de um sentindo – sentindo quê além da proximidade simples e preciosa? Chega ainda mais perto então. Chega ainda mais perto e me dá a lua guardada dentro da tua solidão. Ainda que eu esteja bem acomodada em teu colo, a solidão rodeia cada instante em ti. Não sei bem quais motivos. Mas teus dedos deslizando em meus seios nus acordam toda a certeza que normalmente dorme em mim descansando minha improbabilidade de decidir. E assim sentindo acorda minha certeza de que sim, às vezes é possível. A gata branca sobe na janela telada agora aberta e boceja depois de um miado rouco. Sou eu erguendo distâncias que esbarram em minhas improbabilidades tão suavemente que um sorriso leve vem à tona então. Mas também me deixo ser (tua).

Liz Christine

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Blue moon


Uma breve sensação de perda (…).

Um silêncio guloso se esconde atrás da porta do quarto trancado (...).

A lua reina no teto e as idéias todas fugiram quando te vi – )

Continuei movimentando minha sede enquanto meus pés dançavam à procura de palavras coerentes mas a insensatez daquele instante se desenhava ao sabor de ondas cíclicas ;-

Procurei um espelho para reencontrar então as idéias que haviam fugido todas mas a luz era escassa e o banheiro flutuava entre beijos e nuvens carregadas de silêncios famintos (...).

Eu quis beber teus olhares doces e fixar teus abraços em minha memória enquanto o mar me convidava a voar em direções incertas ;-

Impulsivamente eu te convidei a entrar no meu quarto e você veio com três rosas embrulhadas, uma de cada cor, mais um copo descartável de café nas mãos –

Eu te mostrei minha coleção de livros e acendi um cigarro depois de ter te contado que estava parando de fumar de novo (...).

A música transbordava cores e a lua que reinava no teto ficou lentamente cheia (...).

Liz Christine

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Apenas


Só uma frase:
_ Um café e toda a ausência (...).

Só uma cor:
_ Quando fecho os olhos vejo vermelho-escuro e adivinho o mundo escondindo sob sonhos desavisados e cintilantes.

Só uma cena:
_ Uma casa coberta de neve e no interior desta casa um casal se beija. A imagem não é nítida e os gêneros igualmente não são nada nítidos mas depois de alguns segundos sem foco percebe-se que são duas mulheres se beijando na boca.

Apenas uma pergunta:
_ Quantas borboletas a gata branca tem em seu quarto cor-de-rosa para brincar de caçadora?

E uma idéia:
_ Vou sair por aí em busca da lua que fugiu do chuveiro enquanto eu lavava meus cachos (...). Quando encontrá-la vou escrever um poema e entregar meu poema para o amor que nunca existiu (...).

Uma verdade:
_ Sou mais branca que os bigodes da gata rajada e mais doce que o mel que escorre das estrelas. E reescrevo um mundo que se reconstrói a cada noite. Um mundo feito de perguntas, cores, frases, cenas, idéias e verdades.

Uma fantasia sexual:
_ Amor eterno. As fantasias sexuais mais banais que já tive realizei todas. Algumas desisti antes de realizar quando senti intuitivamente que eram inúteis e dispensáveis. Fantasiar faz bem mas é preciso decidir o que vale a pena tentar e o que não vale nada. Cada um sabe de si e nem tudo seria igualmente bom para todos.

Uma dúvida:
_ Sou capaz de amar um ser humano? Talvez eu ame apenas bichinhos de estimação tão cheios de afeto e pureza no olhar. Só acredito em amor doce que às vezes pode nos preocupar mas é feito de alegrias e prazeres e não de sofrimento. Amar um bichinho de estimação é doce e puro. Amar um ser humano pode ser doentio. Um sentimento que só causa angústia e mal estar é doença e não amor. Quando vejo um bichinho de estimação fico feliz e quando uma gata ronrona me sinto tão bem por ela estar ronronando que me pergunto: por que diabos seres humanos não provocam este grau de felicidade em mim?

Uma descoberta:
_ Sou pacifista. Mas auto-defesa não é o mesmo que atacar, e o mundo é agressivo. Gostaria que a paz mundial e a paz entre pessoas ou entre pessoas e animais fosse uma realidade.

Só mais uma coisa:
_ Amo escrever e também amo ler livros diversos e variados. Amo todos os tipos de bichinhos de estimação. Amo cinema e música e não me prendo à gêneros. Amo chocolate branco e trufas. Amo café ou capuccino. Amo comida japonesa ou saladas quando são bem feitas. Amo sexo entre mulheres e penso também em lados que desconheço. Sim, desconheço alguns lados das questões e ainda assim amo a imaginação e a criatividade e arte em coisas simples. Amo o inverno e amo roupas de frio. Amo o mar e amo tomar banhos longos e quentes. Só não sei mesmo se poderia te amar como você gostaria (...).

Liz Christine

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sob as nuvens do teto


Sempre bebo mais um café antes de contar às nuvens que amo o mar escondido dentro de uma caixinha vermelha que guarda um diamante, e assim eu danço agarrada à uma estrela degustando determinadas nuances de um semi-despertar ao lado dela (...). Minha estrela esverdeada fuma cigarros sob as nuvens que vivem no teto do meu quartinho que muda de cor no ritmo das frases que brotam de um travesseiro ocupado por um tal abraço que convida a grama a me beijar (...). É, quando a fada que passeia naquela grama me beijar eu vou acordar cantarolando I put a spell on you, e então (...). Sempre ouço essa música enquanto penso em ti, mon amour, e então vem logo me abraçar sob as nuvens que vivem no teto do meu quartinho (...).

Liz Christine

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Atos


De dentro da minha concha observo tranquila certos movimentos obtusos de águas tão duvidosas que me acomodo em um ninho de silêncio vaporoso que poderia mais tarde – ou a qualquer momento, não? – ser convertido em palavras tolas. Tentando decifrar os inexplicáveis movimentos obtusos de águas duvidosas? Não. De dentro da minha concha eu me deixo estar e deixo também de me interessar por aquelas ali que me encontram por aí enquanto busco sentidos submersos em tragadas breves e inconstantes alternadas com olhares desinteressados porém atentos (ou não?). Onde tudo são perguntas eu ainda encontro uma verdade – te quero ainda e sempre (…). E não desejo mais agora aquelas ali de onde vêm perguntas e afirmações duvidosas – de dentro da minha concha canto suavemente e sussurro frases incompletas alternadas com desenhos que se enroscam em meu colo e seios nus te convidando a vir logo. E sei que sim. Os desenhos feitos com mel e baunilha em flocos se misturam às palavras formando então um quadro em movimento, e sei que sim – meus movimentos leves, de dentro da minha concha, afastam os movimentos tão obtusos vindos lá de fora justamente para te encontrar mais uma vez por aqui. Sei o quanto tu quer embaralhar os desenhos tão simétricos antes da tua visita que dura o instante de um mergulho em profundidades mais sombreadas. É a tua voz sombreada então que ouço certas noites em que vagueio nadando à procura de um chão azul (…). Ou seriam fadas que eu busco? No fundo da minha concha, aninhada em silêncios vaporosos, eu me enrosco em outra verdade: em cada verdade há tantos muitos lados que fica tão difícil absorver por completo o instante mais que perfeito em que me encontro onde quero (sim, é possível). Mas absorvo ainda assim por completo cada instante e cada verdade parcial e mais uma coisa: sei de forma sensorial o quanto é possível então isso que palavra alguma poderia explicar (…). Atrações efêmeras ou profundas ou reais ou inventadas ou imaginadas ou vivenciadas ou aceitas com certo tédio até ou desejadas – tudo são atos (…).

Liz Christine

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lua indecisa


Cantando a lua que sorri indecisa (…).

Não sabe se deixa uma lágrima breve correr solta ou se espera lá no alto de sua torre parcialmente recoberta de flocos de neve e tempestades que em nada modificam sua essência –

Não sabe se corrige o indizível amor nada plausível ou se sonha um pedaço de poema sublime (…):

É que as estrelas andam às voltas com frases circulares que se complementam ou se contradizem, sempre o encaixe espiralado e esfumaçado –

E adormeço encantada por uma idéia tão tola que abstraio em essência o indizível e nada sublime desejo:

Desejo desaparecer do teu caminho para cantar a lua que sorri indecisa (…).

Não sei se te esqueço ou se volto atrás e te dou o mundo confinado em uma caixinha de música que guarda jóias das mais preciosas coleções que moram em meu armário,

Também não sei se desisto ou se insisto em um tolo desejo de satisfazer fantasias precárias acerca de amores sublimes e parcialmente eternos:)

(É que de tanto miar, a gata enlouqueceu os vizinhos.)

Miados parcialmente sutis de tamanha doçura encobrindo o indizível silêncio da lua (…).

E as estrelas tropeçam no mais sublime desejo eterno que invade a alta madrugada –

O desejo de dançar abraçada ao mar sentindo toda a doçura da suave liberdade sempre dividida em duas metades nuas em essência (…).

Liz Christine

Mon amour


Neve sob silêncios pausadamente entrecortados cobrindo a lua gelada (…). Sobre um meio-sorriso, tenho algo a dizer: não acredite ainda, por enquanto, não agora. É que a fala suave encobre apenas por alguns instantes uma vontade de lapidar pedras (...). E um rio correndo em direção oposta vem me dizer algo inaudível sob silêncios pausadamente entrecortados com suavidade quase transparente e lúcida. Qualquer coisa sobre estrelas, e então, mon amour, qualquer coisa sobre palavras sob silêncios sorrindo meio desnorteadas e impulsivamente quietas. Tão quietas que ouço agora tua agitação me falando compulsivamente sobre a neve partindo um meio-sorriso. Uma fatia repartida em três, e então, mais uma vez agora, a maior parte da cobertura do bolo vai para mon amour (...) – mas não se esqueça nunca que a neve habita um meio-sorriso entrecortado que mora dentro do meu silêncio (...).

Liz Christine

quinta-feira, 10 de junho de 2010

In my solitude


Uma vaga sensação de inquietude indiferente (...). Livros sobre a estante desarrumada – silêncio encoberto delineando um rosto distante. Ausência após uma longa pausa (...). Um colchão feito de névoa e espuma de sabonete líquido – não gosto de um detalhe. Vejo teu mundo através de detalhes muito breves após uma longa pausa sentindo uma vaga sensação de tranquilidade consumida pela névoa – fujo pela janela do banheiro e acendo mais um cigarro esperando (...).

(...) – que a minha indiferença se dissolva em água quente, e então, quem sabe? Mergulhando por breves instantes de intensidade compartilhada e me ausentando logo depois dentro da minha própria indiferença às vezes inquieta, outras calma, tão calma que conto todas as cores da música lá longe. (Tão longe que me esqueço por vezes de destacar um trecho perdido entre a névoa e a espuma de sabonete líquido.) Mais uma vezes me responde:

O prazer rápido e verdadeiro e a ausência nos instantes seguintes – quando vou encontrar algo diferente do usual?

Não há exigência que me prenda (...). Posso discordar daqui a um minuto apenas, mas agora não há amor algum dentro de mim, e sabe? Não quero ser insincera. Tome minha atenção por breves instantes verdadeiros e depois me deixe quieta quando eu fugir.

Não ouse roubar a minha solidão, se não fores capaz de me fazer real companhia...” Nietzsche

Liz Christine

domingo, 6 de junho de 2010

Dans le bleu de toute l'immensité


Permanecer (quieta) – imóvel sobre a neve que amacia minhas verdades volúveis: instransigente (...). Intransigente sim (é teu silêncio permanente). Permaneço (deitada sobre a neve que cobre a maior fatia). A neve invade cada palavra para se derreter depois em um colo tranquilo que cobre meus silêncios. Meus silêncios são feitos de mel e café – e os teus, feitos de quê? Gostaria de saber então. Gostaria de saber mais sobre todas as coisas mais (mas permaneço). Quieta. A curiosidade incerta reencontra uma fatia volúvel do meu quadril (ou seria coração?). Nunca sei onde escondi as chaves, mon amour (...). Mas sei onde me encontro agora – deitada sobre a neve embaixo da cama. É que o chão flutua quando sussurro ou cantarolo suavemente (minha voz se enrosca em espirais de fumaça ao redor de um quadro que cai lá de cima do armário). As paredes foram pintadas recentemente e a borboleta sorriu para a cor dos teus olhos. Então a neve se desfez por um instante de puro e insone encantamento, e depois eu dormi abraçada à lua que reescreve constantemente seus próprios passos – e o mel misturado ao café suspirou calmamente (...). Um silêncio breve repleto de intransigências (...). Não aceito tuas intransigências, pois sou também intransigente. Não aceito nunca nenhumas exigências, pois sou também suave liberté – e não aceito também o vazio que sinto às vezes quando tudo o mais parece nada mais que nada (...). Sabes quando tudo o mais perde a cor e o sabor? São meus instantes de vazio. Mas tenho também instantes de puro encantamento (mergulhos que se dissolvem depois). Meu coração é calmo e inquieto. Então permaneço, depois mudo, depois retorno, depois me escondo, depois mergulho, depois sonho, depois descanso – e vivo cada mudança que mora em minha essência buscando não sei bem o quê (...). Tant qu'mon corps frémira sous tes mains (...).

Liz Christine

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A little bit of rhythm and a lot of soul


Vários cigarros e um único e imenso tédio – ah que faço eu das nuvens que pairam alheias ao redor dos meus cachos soltos e úmidos de pós-banho de piscina aquecida repleta de gotas de indecisão pausterizada? Ah que faço eu de uma imagem fluida que se repete noite após noite em meus sonhos concisos e confusamente sombreados de cores diversas?, e sempre as mesmas notas adocicadas se alternando em uma mente parcialmente inerte e ligeiramente destoante da grama fresca (...). Há algum tipo de romantismo no ar que me estonteia? Há algum tipo de doçura na voz que ouço lá longe? Tudo fica tão distante quando fecho os olhos e me concentro em algum ponto do outro lado do universo que mora em meu coração onde piso sem dó toda vez que tudo fica tão distante ao fechar os olhos para me concentrar em um ponto divergente da minha breve existência pós-banho de piscina aquecida (ah diz que entende, vai). Diz que entende este tédio único que se espalha pelo meu corpo inteiramente nu que convida a lua ou as estrelas a quebrar o silêncio com gemidos pausadamente insones e gulosos (...). Um desejo construído sobre as ruínas do tédio insone – preciso sair e encontrar uma amante para quebrar o gelo que escorrega da minha nuca às minhas costas para encontrar em seguida meu umbigo entediado. Buscar amores extremos e grandes reencontros profundos com a minha ligeira vontade de viver mais e mais – até que ponto os gemidos pausadamente insones e gulosos quebram a rotina de contas a pagar e desentendimentos diários? Eu não preciso de mais palavras – entende? Todas as possíveis amantes vêm com um arsenal de palavras e diálogos previamente estabelecidos sem a minha participação (fico ausente, e como falam) – fala-se muito mais do que se faz, sempre. Declarações de amor e afeto sem que eu nada pergunte e sem que eu acredite totalmente fazem crescer a minha insatisfação – onde é possível encontrar a verdade plena de um encontro absoluto e profundo? Não acredito em mais ninguém... por enquanto. Ou daqui em diante... não quero ouvir nada mais. Quero ver ações e, principalmente, quero desfrutar dos prazeres extremos e rápidos da cama desfeita (...). Vem logo curar meu tédio, mas não tente exigir mais que isso antes de me convencer que tuas palavras são reais ou sinceras. Depois caia fora e me deixe sonhar com amores impossíveis que só existem em contos de fadas – compreendeu? Só creio em amor depois das provas concretas... das quais posso inclusive duvidar.

Liz Christine

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quartos suaves


Besar com besos sabios
Y el devaneo
Sentir com más deseo
Cuando sus ojos veo
Sedientos de placer

Fumando espero, Sarita Montiel

O tédio veste as asas da inquietude,

E sobre meus ombros respingam gotinhas do rio que mora no andar de cima. (...);

A inquietude sobrevoa ao redor do rio e as asas me abraçam suavemente –

Até que um quase sorriso desenha um quase querer:/

E então um quase desequilíbrio desembaraça as palavras que caem soltas sobre meus ombros cansados de esperar o indizível e eterno querer,

Um rio de intensidades sutis onde nadam favos de caramelo sorridentes que a gata branca absorve mirando um breve silêncio preenchido por olhares;,/

Olha: também guardo um rio que nasce de um beijo tão doce que flutuam gotinhas de baunilha ao redor de um desencontro,

Palavras desencontradas flutuando dentro de um quarto onde tudo são inquietudes. (...),

Dentro de um silêncio preenchido por afetos que não querem se expor em vão, reencontro um equilíbrio que mora na mais plena satisfação de todos os quereres,,,/

E o tédio mergulha no mais puro mel escondido atrás do arco-íris. (...):

Flutuo em uma página de livro e adormeço abraçada a ti,

Acordo – e depois do café, vou caçar borboletas que moram em sonhos doces e em quartos suaves. (...) –

Liz Christine

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fumando no meu casulo


Nua no meu casulo onde fumo flores e transbordo (...).

Uma estrela de esmeralda e um sapo de água-marinha são as peças da minha coleção que guardo em uma caixinha de música ao lado esquerdo da outra coleção de sapatos –

De tudo um pouco, colecionando memórias que deixo de lado ao acordar –

Acordando estonteada de tanto que sonho em vão (...).

De tudo um pouco, a indiferença mora em cada brecha –

E tranco minhas janelas para novidades que nada surpreendem:

É que de tanto sonhar em vão faltou luz no meu quarto naquela noite em que uma borboleta chegou cansada de tanto fumar inutilmente (...).

Nua no meu casulo onde fumo flores e transbordo – /

Transbordo em silêncio todo o mel que absorvi naquele beijo trocado no escuro:

É que de tanto te beijar mergulhei em um rio transparente e flutuei até o infinito do outro lado do arco-íris – e então te abracei indiferente à realidade (...).

Pouco importa a realidade quando cores complementares giram em espiral ao redor de uma flor:

É que de tanto voar flutuante eu desenhei teu perfil em uma parede nua – tão nua que transbordo quereres (...).

Liz Christine

sábado, 8 de maio de 2010

Avec des larmes aux yeux...


Tédio que me faz devorar o mundo enquanto as estrelas, todas, caem do teto pintado de azul (...).

Um frescor lentamente se enrosca pelas frestas do quarto trancado enquanto as ovelhas, todas, passeiam pelo chão feito de neve sintética – :

Há uma boca desafiando o tédio que me faz devorar o mundo repentina e vagarosamente (...).

Desconheço quaisquer tentativas de permanecer em estado de alerta – :

:-(Tenho um quarto de hora para descobrir caminhos:)

Um meio de te encontrar mais tarde em alguma pausa parcialmente mais profunda (ou mais precária – quem?)

Alguém se esconde atrás da porta trancada – e então há uma boca desafiando o tédio que me faz cozinhar silêncios: –

Quero dois abraços e um beijo singelo antes de sonhar (...).

Sonhar com o início de uma liberdade tão desejada que as estrelas, todas, caem de seus poleiros – e então deslizo meus passos tão incertos sobre a neve sintética que dança ao sabor das estrelas,

Mais uma vez o tédio se enrosca em cada silêncio e me abraça duas vezes antes que sonhos tolos me invadam – e um vestido lilás me beija suavemente até que adormeço um quarto de hora depois de amanhecer o dia:

Dormir a manhã inteira agarrada à uma idéia incerta acerca de amores que nunca existiram realmente (...).

O amor dura um instante de pura inocência e prazer sem maiores indagações – e a lua sorri do alto de sua sabedoria tola e inocente/.

É o sabor do café com chocolate branco derretido no fundo da xícara que adivinho em teu sorriso – deixa eu ouvir tua voz tão doce sem entender absolutamente nada do que escuto de ti (...).

É que cada frase esconde um intenso desabrochar de incompreensões corriqueiras./

Deixa eu te beijar adivinhando um ato tão doce que o tédio inteiro e absoluto se desfaz por completo por um instante para depois retornar em formato de casulo (...).

Diz que a vida não é feita de tédios e explica o motivo de tantas tristezas morando no teto pintado de azul – mas pouco importa: não vou te compreender:

A letargia mora em cada movimento (...).

Liz Christine

terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma gata dentro da noite desviante


Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi a cortina lilás se abrindo diante dos meus olhos (...). E vi também minha voz flutuando dentro da noite em meio a tantas outras vozes mais altas (...). Eu senti, senti, senti, senti tua mão esquerda deslizando do meu ombro às minhas costas (...). E sim, eu vi, eu vi, eu vi, vi teu olhar meio perdido dentro de uma vaga semi-percepção das minhas intenções – ah como me custa (...). A liberdade, o auto-controle, o deixar-se, o ir-me-embora, o estar, o ser, o querer, o não-dizer, o te ter, o me ter – ah (...). Eu vi, vi, eu vi, a cortina lilás se abrindo diante dos meus olhos (...) – e então, sim, me ser dentro das asas mudando de cor a todo instante. Desenhei uma gata branca dentro da noite plantando estrelas em meio a um semi-sorriso dispersivo (...). E então eu tive todas as cores do meu reduzido universo plantando intransigências em meio ao silêncio introspectivo de um querer – ah querer, sim, querer (...). E deixar-se então – e então um abraço mais doce que o reduzido universo que cabe em um pote de mel desenhando beijos suaves no colo que antecede os seios (...). Ah sim, seios, eu vi, vi, eu vi – e desenhei então dentro da noite onde minha voz flutuava sussurrante em meio a tantas outras vozes (...). Desenhei uma borboleta bem no centro do teu olhar pálido escondendo de mim tuas diversas intenções (...). Encontrei dentro de um olhar desviante a mais verdadeira percepção de um universo fugitivo – e sim (...). Não desejo o amor, mas o amor vem e me basta – basta apenas que seja verdadeiro, e então sim (...). Vejo estrelas dançando em toda parte (...).

Liz Christine

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um pouso então


Em meio a um vôo febril me encontro de repente frente à frente com uma ovelha de pelúcia cantando com a voz da Doris Day – a ovelha de pelúcia flanando no ar gelado da madrugada e cantando uma mistura de Love me or leave me com At last junto àquela frase de Since I fell for you (...). Mas as abelhas não gostam tanto daquela frase musical e discordam dela afinal, sabe aquela frase qual é então? Uma frase usada de outra forma em algum outro vôo anterior onde pousei tranquilamente em um pote de geléia de morangos frescos com açúcar light, e sabe então já agora? Aguardando a manhã que se segue ao vôo febril da madrugada onde vou mergulhar asas cansadas em um pote de mel – ah cadê, onde foi que deixei a tranquilidade perdida em meio aos livros na estante fincada ao lado da porta sempre trancada? Livros e estante e asas precisam e devem respirar e respiram então o tempo todo sempre quase a todo instante que se segue a um breve parênteses (amo o mundo latindo do outro lado deste prédio). Todas elas sabem desde sempre que meus miados buscam latidos, e então cadê desde já a tranquilidade sonhada da busca que reencontra seu pouso satisfeita? Miando para lua e estrelas enquanto em minha cama se encontra minha coleção de lingeries delicadamente espalhadas para exibir então e mais uma vez desde todo o sempre a minha conhecida busca do pouso ideal – já sei, já sei, já sinto que sei agora (...). Ela veio dançar comigo ao som de Doris Day e então precisamos de algo mais alegre tocando no momento – Diana Ross & The Supremes talvez, quem sabe? Quem sabe então se ela veio atraída pelo ar gelado da madrugada ou pelo calor do instante que se segue ao encontro entre a nudez saciada e o olhar que procura um pouso? Quando ela vem me visitar eu cesso de jogar e então descanso tranquilamente sob as estrelas (...). Minha nudez também precisa e encontra seu pouso então agora (...).

Liz Christine

terça-feira, 13 de abril de 2010

Estrelas-do-mar


Contemplando um silêncio tão necessário quanto me é essencial tua inconstância de sabores ideais ou determinação volátil – tão volátil quanto teu rosto é belo sem disfarces (...). Desejo aqueles bombons de chocolate branco mesclado em forma de estrelas-do-mar que encontro em caixinhas sob lençóis desarrumados que você deixa por aqui quando passeia pelas redondezas – será? E se eu te encontrar todos os dias, como ficam minhas imprecisões onde tudo é dúbio em um mar de incertezas plantadas à esquerda da minha coleção de rosas e tulipas? Não, eu não preciso te ter todos os dias da semana ainda, por enquanto apenas eu digo a mim mesma que ainda não (...). É que por enquanto não alcancei ainda a plenitude da profundidade compartilhada – ainda ando salpicando de cores certas águas rasas, ou seria outra coisa qualquer no momento me tornando mais um pouquinho arredia? Contemplando um silêncio que me é agora tão necessário eu reencontro inclinações que se transformam aos poucos e retornam modificadas (levemente apuradas). Eu poderia sim te ter todos os dias sem me cansar nunca de te encontrar dia após dia mas – será? Nem sei (...). Nem sei se ainda é possível acreditar em estrelas-do-mar. (...)

Liz Christine

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Compreensão mútua


Um quê de indiferença rosada colorindo um rosto nu (…) – onde? Onde encontro agora mesmo uma mudança breve e estonteante? Por um instante apenas, algo que transforme tal indiferença rosada em tons menos incompreendidos – sim (...). Asas levemente estonteadas buscando de novo (mas quê buscam elas?). Sobretudo ainda busco, um pouco demais além do que parece ser possível dentro de uma lógica inconstante – é que tudo muda sem nunca se tornar possível a compreensão mútua (ah eu ainda inspiro levemente um tal perfume que me atordoa). Eu te amo dentro de um silêncio impossível de ser degustado nos meus breves encontros onde te busco dentro daquela incompreensão mútua (...). É que a indiferença nua (minha) encobre um profundo vôo um tanto quanto estabanado procurando um certo sentido obtuso em tuas palavras excessivas – amo excessos mas igualmente amo estar e permanecer e mudar em silêncios tão meus encobrindo amores suaves que se entrelaçam e completam uma frase (sempre semi-nua em meio aos excessos). Excessos de sentidos múltiplos que circulam em uma única frase que pronuncio vagarosamente em teus ouvidos agora: vem me ver aos poucos e demais agora (...) porque te quero demais apesar de e mesmo dentro de todos os tons rosados que recobrem meu rosto quase nu silenciando um desejo recíproco de compreensão mútua (...).

Liz Christine

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pincéis adocicados


Acho que não. Não sei onde se encontram agora os meus pincéis adocicados. Também nem imagino onde deixei a chave do jardim ou do quarto. Mas sei que cada frase tua pesa mais que a noite eclipsada pelo desabrochar de uma nuvem negra – feio, não? Realmente há alguma estranheza que pesa bem debaixo da minha vontade de permanecer calada. Ainda há estrelas bem debaixo do meu travesseiro que escondi antes de mudar a direção de meus olhares – é que procuro ainda um sentido dentro da introspecção de um outro desabrochar mais contido. Mas acho que não, sabe? Acho que não há agora nenhuma palavra mais precisa desenhando o rosto da noite eclipsada pela nuvem negra que desmonto ao encontrar mais uma outra janela – essa janela de onde observo tranquilamente favos de mel desenhando estrelas de algodão-doce que vão dormir ao meu lado quando eu trocar meu silêncio por asas adocicadas pinceladas de cor de jasmim quando vejo se aproximando o amanhecer (…). E então – então eu me afasto e desenho teu rosto mais uma vez. Encontro meus pincéis adocicados dentro da gaveta do armário ao lado da cama onde duas cores se misturam gerando um tal equilíbrio que talvez me atordoe um pouquinho mas – mas é assim mesmo que sei voar tranquilamente me esquivando de quaisquer tentativas de me desequilibrarem (…).

Liz Christine