terça-feira, 17 de agosto de 2010

O polvo e a coelhinha


O polvo disse que não. Então a coelhinha sorriu desconcertada, porém indiferente ao todo que a perfumava inocentemente. As estrelas cantavam juntas um blues chamado Sweet little angel enquanto a lua passeava lá no céu junto às ovelhas. O blues envolvia a madrugada descansando sobre a lareira durante o inverno mais doce do mundo. Livros sobre o chão feito de suspiros e uma gata branca sobre uma pilha de livros enquanto o gato laranja brincava com a gata azul que provocava o gato preto que recebia carinhos de sua dona. E o mundo continuava girando enquanto a dona do gato resolveu dar uma pausa em suas tristezas para brincar com uma xícara de chá de erva felina. Todas as lágrimas do universo pingavam do teto enquanto o barquinho flutuava dentro dos sons que circulavam na banheira. Ela fumava a grama quando a campainha de seu apartamento tocou duas vezes seguidas – então se enroscou em uma toalha felpuda e foi fumando sua graminha pelo longo corredor ao sair da banheira com um cálice de vinho do Porto. “Quem é?, ela perguntou sem abrir a porta, e escutou de volta um “sou eu, a menina do chocolatinho surpresa”. Ela não reconheceu a voz e não abriu a porta e resolveu escrever um email. O email começava com a seguinte frase: “preciso de uma amante...” – mas ela não enviou o email e foi procurar o polvo que havia dito não à coelhinha. Encontrou a Dama Lilás no meio do caminho e esqueceu rapidamente o polvo.

Liz Christine

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