domingo, 11 de dezembro de 2011

O livro de capa azul


O gato ronrona encantado pelo vento que traz boas notícias sobre o livro de capa azul. As flores continuam brotando das paredes que encerram todas as dúvidas do mundo enlatado com um sincero “tanto faz” cantarolado lentamente. O mundo enlatado é degustado em pratos de sobremesa após o fondue ser servido na mesa com castiçais de vela.

A realidade invade as frestas vedadas de sonhos incansáveis que retornam noite após noite nas seletivas festas quinzenais apenas para convidadas. As convidadas selecionadas estranham a insistente mania do gato em se isolar em esconderijos previamente inacessíveis. Quando o pavê com cobertura de brigadeiro é oferecido com café o gato imprevisível desce repentinamente as escadas para pesquisar os aromas.


A dieta constantemente saudável da babuska branca e dourada a impede de comer doces caseiros ou enlatados industrializados – então ela saboreia calmamente o salmão ao molho de maracujá e o atum com molho levemente picante reservados para quem se delicia com comida japonesa ou com beijos mais doces que o pavê caseiro com cobertura de brigadeiro. O gato se esconde no armário do quarto da babuska branca e dourada e desaparece da vista das convidadas dela.


A madrugada chega e a festa continua enquanto o gato derruba propositalmente alguns livros empilhados na prateleira sobre a cama caçando o indiscutível silêncio do livro de capa azul.


Liz Christine

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Fragmentos


O concerto das notas florais tocando a insensatez das músicas detalhistas. A concentração temporária em cada fragmento – detalhes emergindo da completa satisfação das particularidades íntimas. A intimidade circunstacial se aprofundando a cada estágio ou a cada mutação das peculiaridades sonorizadas – saboreando as transformações sussurradas lentamente nos sonhos desconexos.

As singularidades passageiras não modificam a essência pausterizada da doçura absoluta. O amor em estado puro miando na janela com tela recorda os sonhos desconexos ultrapassados pela plenitude dos últimos minutos da madrugada – e o amanhecer chega aos poucos trazendo rosas brancas com espinhos previamente retirados.


As unhas afiadas da gata arranham inconscientemente a insensatez das músicas detalhistas – sem noção dos efeitos posteriores do inconsciente libertário sobre as vagas sensações em estado puro aprimoradas diariamente no silêncio das cortinas.


A inocência dos estágios alternados de consciência – a compreensão sensorial fragmentada ou absoluta delineando as mais doces sensações de satisfação particular. Os prazeres irrepreensíveis degustados vagarosamente nas notas florais do inconsciente libertário redesenham o cotidiano tão vasto quanto os paralelos da imaginação felina.


Liz Christine

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O doce romance


As libélulas encarregadas de amenizar a distorção de valores.

Apenas uma sombra cruza os caminhos invertidos da combinação entre o café e o sorvete de creme light – a sombra das inocências desiludidas beijando o ceticismo incoerente das verdades dúbias.


Nenhuma crença derrete o gelo das sinceras verdades dúbias se opondo aos paralelos da imaginação corrompida – a tristeza impregnante corrompe todas as despretensiosas ligações esquivas.


Os parvos elos de ligação com a realidade se repartem entre sonhos lúdicos e fantasias cegas – a mudez de sentimentos controlados pelo bom-senso das dissimuladas abstrações que escondem o doce romance entre as asas da mariposa e o instinto natural da gata.


Liz Christine

As babuskas omissas (ou a liberdade das borboletas flamejantes)


É difícil saber a verdadeira direção das perplexidades omissas. A introspecção se apodera dos instantes únicos de apuração de significados temperados com porções de faláfel e tahine puro – as madrugadas saboreadas com pequenas doses de gula parcelada. Os extremos desenfreados são manipulados pelo polvo adormecido que vive à espreita de novos deslizamentos passíveis de serem abstraídos pela sutil consciência das borboletas flamejantes. A suave liberdade se apodera da consciência ramificada das doces borboletas flamejantes – e o licor de café acalma a volubilidade sensorial dos instantes únicos em que o amor absoluto invade a imaginação das babuskas omissas. Oferecer as asas ao tempo precioso – e recolher a apuração de significados das caixas de morangos frescos. O ritmo insalubre das prisões temporárias não indispõe mais a imaginação das babuskas omissas – as prisões temporárias estão dentro dos limites impostos pelo medo. Ah, o medo inconsequente de libertar as borboletas flamejantes – o medo inquisidor de não compreender mais a apuração de significados. A maior preocupação é onde pousar após o vôo – jamais a precária compreensão que nunca atinge o absoluto. O estado de absoluto relaxamento vem acompanhado de generosas porções de amor compartilhado fora das convenções tradicionais – o amor tão absoluto e inquebrável quanto a imaginação das babuskas omissas ou a liberdade das borboletas flamejantes.

Liz Christine