segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Sempre










Não diga nada. Sinto o desejo mas a vontade recua. Silêncio. Tempo desfavorável. Sempre. O desejo de praticar mudanças já mil vezes sonhadas por vozes sussurradas que miam e se escondem, e miam um pouco mais alto (porque não há mais ninguém ouvindo), e sussurram novamente (porque agora há alguém atrás da porta indevidamente), mas a vontade (quase) recua. A vontade de (tudo) esquecer e continuar assim, como jamais deveria ser – porque quase (nada) poderia fazer (sentido) em um mundo repleto de ignorâncias, solidões, preconceitos e desinformação mesclados à arrogância de supor tudo compreender e

_ Cosa suggerisci?
_ Suggerisco che legga.
_ Cosa faresti se fossi in me?
_ Leggerei lo specchio stregato.

Vedi questo brano:
“Lo sa quanto male ci facciamo per questo maledetto bisogno di parlare. Finché dentro di noi c’è un’incertezza, si dovrebbe stare con le labbra cucite. Si parla; non sappiamo neanche noi quello che diciamo...”
Ciascuno a suo modo, Luigi Pirandello

_ Ciao! Come stai?
_ Bene, grazie. E tu?
_ Bene, bene. E le tue gatte, come stanno?
_ Stanno tutte e due bene. E il tuo cane?
_ Così, così, lo sai, sta ingrassando molto, non so cosa fare, forse cercherò un veterinario o psicologo, che ne pensi?
_ Sì, buona idea...
_ E tu, dimmi, stai ancora leggendo la raccolta delle opere teatrali di Pirandello?
_ Sì! È stato un bel regalo che ho ricevuto per il Natale e siccome sono in vacanza posso leggerle tutte...

Fragmentos de personalidades particionadas. Procure um psicólogo ou mude de cidade. Tempo desfavorável a viagens. Calor extremo e falta de chuvas. Sede e protestos em Paris. Manifestações felinas silenciosas a favor de melhorias no universo. O universo conspira a meu favor. Não sou humana. Sou fada. Não existo para muitos que não crêem na veracidade de minha existência. Mas não sou a única entre as fadas. Continuamos existindo, silenciosamente, discretamente, voando por aí, pousando às vezes por períodos indeterminados, a favor da paz entre as coisas todas e a favor do isolamento dos elementos desagregadores de paz – mas, sinceramente, para uma fada (às vezes) foda-se o mundo humano...

Ce ne infischiamo... Me ne frego... Capisci?... Capite, tutti voi?...

Afinal, podemos viver ou pousar onde quisermos, sem limites de fronteiras ou costumes sociais, pois em todos lugares para muitos humanos nem sequer existimos e por isso (vivendo à parte) somos inteiramente livres para escolher um sim ou não ou talvez ou nunca mais ou sempre...

Liz Christine

sábado, 3 de janeiro de 2015

Alongamento




Uma gatinha branca. Não totalmente branca mas branca com algumas poucas manchinhas pretas. São duas horas da manhã. Ela está na janela olhando a lua, como alguns felinos o fazem. Claro que a janela tem rede de proteção. Ela dorme quase sempre em um pequeno travesseiro da Disney com estampa do desenho Aristocats. O seu pequeno travesseiro fica em cima da cama de casal, próximo ao travesseiro maior onde dorme uma humana – é uma cama de casal mas lá dorme apenas uma pessoa (e a gata). Ela desce da janela e pula na cama. E sonha.

A kalinka, trechos do filme O olho do Diabo (Bergman), cerejas, mirtilos, pêssegos, morangos, música medieval italiana e também inglesa. Tudo no mesmo sonho. E também um filme antigo sobre uma rainha, sapatilhas vermelhas, ovelhas lésbicas e beijos cinematográficos.

A gata sonha, muitos de nós sonhamos, mas há aqueles que sonham com uma sequência de imagens que poderia parecer um filme (longa). Esta gata não – ela é como Sócrates. Ambos sonham não como se fosse um longa com diálogos e estória – mas como se fosse um curta-metragem com muitas imagens aparentemente sem relação entre si. Aparentemente, apenas.

Esta gata se chama Greta Garbo. E sua confidente é... ela mesma. Como Sócrates.

São naturezas introspectivas, tímidas talvez. Sócrates é possessivo, como já é sabido, Greta Garbo não – ela é distraída mesmo. Então ela acorda e procura morangos (porque sonhou com morangos). E vê sua humana fazendo alongamento – já é de manhã mas não tão cedo assim. Devem ser quase dez da manhã. Hoje sua humana não trabalha. “Que dia é hoje mesmo?” – pergunta Greta Garbo. E começa então a fazer seu alongamento felino...

Liz Christine

Anima Gemmella





Sognatore-sognatrice, scrittrice-scrittore, regista, musicista,
poetessa-poeta, solitudine-famiglia, parole-stare zitti,
pittore-pittrice, attore-attrice, ideale-realtà,
gatte-gatto, cane e punto.
Ho dimenticato coniglia-finestra, e punto.

Avete capito?

Sòcrates rivede La Bayedère...

E la poesia è ancora possibile...

Liz Christine