segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amores surrealistas


Os desdobramentos da cerejeira danificada e a assombração rondando o jardim intimista dos bichanos introspectivos que farejam o aroma de ervas finas vindo da despensa. O silêncio alquebrado após o descuido torrencial de aparências aromáticas – descuidos passageiros de frases recheadas com salmão ring e distúrbios alheios ao movimento das cachoeiras isoladas da real intenção das temperaturas adoçadas. Os amores surrealistas se desenham na penumbra ao sabor volúvel da movimentação das cachoeiras emergindo do silêncio alquebrado após a chuva dos peixes da sorte com mensagens de felicitações escritas nos olhos arregalados. Os olhos dizem mais do que mil palavras desenhadas na pele branca das meninas desajustadas que sonham com o improvável dia em que todas as liberdades respeitarão cada individualidade ilimitada que circula pelo mundo insano das palavras trocadas através do tato. A menina desajustada ainda sonha com o retorno da fada lilás e seus beijos com sabor de geléia de damasco enquanto se refresca na cachoeira isolada da real aparência aromática das cerejeiras danificadas – e os bichanos ronronam farejando a proximidade crescente dos amores surrealistas.

Liz Christine

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Liberdades oníricas


As lágrimas ressecaram as utopias desoladas. A tristeza se instalou de vez na cama aposentada. Uma súbita sintonia entre miados sincronizados com o vento que arrasta as folhas caídas das árvores muda a direção dos olhares desinteressados. O desinteresse generalizado veste a máscara da cordialidade voluntariosa. Todo o desapego espalhado sobre a cama aposentada se ressente contra as ofensas diárias. Os miados entrelaçados convivem pacificamente sublimando as repetidas doses ofensivas de descaso socialmente assertivo. A liberdade onírica cresce solta nas folhas caídas das árvores enquanto as tristezas humanas se multiplicam nos jornais. A solidão dentro das multidões atinge qualquer sublimação das repetidas doses ofensivas de falsas cordialidades geladas e desprovidas de quaisquer poesia. A poesia se enrosca nas liberdades oníricas compartilhadas com a contraditória naturalidade dos corações de gelo parcialmente descompromissados com as mudanças climáticas.

Liz Christine

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Instantes utópicos


As comodidades surrealistas vestem as meias sete oitavos com renda. O movimento incessante das águas duvidosas contabiliza os minutos de tédio exibicionista. O prazer absoluto envolve os casais de babuskas namorando sob a luz da lua. A paz universal e utópica mora dentro de corações isolacionistas. O balé reorganiza os elos de ligação camuflados na estante de livros. A indiferença disfarça timidamente o amor sufocado em ondas de silêncio supremo. As palavras nunca reveladas circulam alheias ao isolamento descontente. O afastamento parcial e voluntário dos sentidos descontentes se dissolve gota a gota durante o banho noturno. As gatas descansam indiferentes ao confuso desenvolvimento de valores humanos onde os princípios são consumidos lenta e vagarosamente com o passar das estações. As gatas ronronam com o carinho intransigente que questiona cada silêncio ou desvio de intenções. O expresso com vinho do Porto é servido com um sorriso enigmático para o casal de babuskas sentadas no canto mais reservado enquanto os sentidos submersos nos elos de ligação camuflados refrescam a nítida maleabilidade dos instantes tão utópicos quanto o amor perfeito.

Liz Christine

sábado, 3 de setembro de 2011

O cômodo lilás


Um silêncio ensurdecedor – não escuto mais meus próprios pensamentos trancados no cômodo lilás. A brancura do chão toma conta das arredias convicções destinadas ao vento gelado que circula sobre toda a nudez escondida nas cobertas – a nudez tão harmoniosa dos pensamentos trancados no cômodo lilás. Os dedos deslizam sobre as costas nuas provocando arrepios pausadamente sensoriais e parcialmente ilusórios – a ilusão de que todos os prazeres do universo estão reservados para mim dentro do cômodo lilás. E também a sutil ilusão de que o amor é tão infinito quanto a louca imaginação da babuska que quer voar com as cegonhas e nadar com cisnes. A suave respiração das sílfides inspirando todo o perfume suave borrifado em minha nuca e ombros envolve todo o silêncio ensurdecedor do cômodo lilás. Nenhum ruído atravessa as paredes do cômodo trancado a não ser os gemidos, sussurros, suspiros e miados que cortam o silêncio ensurdecedor em pedaços generosos de satisfação plantada nas arredias convicções da louca imaginação da babuska que me beija antes de adormecer ao meu lado.

Liz Christine