quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Orquídeas


Não há mais tanta coisa a ser dita – o silêncio floresce dentro das estufas de orquídeas.

Uma vaga percepção da realidade corroída – os desejos se acumulam dentro do armário.


Abstraindo a harmonia das ruínas – a graciosidade mora na dualidade das transformações.


O ritmo das lágrimas impróprias temperando os instantes únicos de lucidez abstrata.


A poesia sonora dentro da vaga percepção da realidade corroída – uma quebra na harmonia das ruínas.


Um coração se parte em contato com o ritmo das lágrimas impróprias.


A lucidez abstrata ameaça o silêncio dentro das estufas de orquídeas.


O vento frio recorta os caminhos da poesia sonora – e a realidade se quebra em pedacinhos dissolvidos em água.


Existem mesmo fantasias impróprias? Questão de percepção (...).


Existem mesmo amores insanos? Questões de dualidade (...).


Existem verdades que não sejam volúveis? A graciosidade das transformações inconstantes se dissolvendo na água.


Basta um gole e as lágrimas impróprias se convertem em graciosas figuras dançando ao sabor do voluntarioso vento gelado.


As palavras não-verbalizadas se comunicam através de afetividades comandadas pelo silêncio enfeitado por orquídeas.


A afetividade enfeita as declarações mais suaves que jamais serão ouvidas – e as mais graciosas fantasias florescem dentro do armário.


Liz Christine

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A brancura dos versos


Ah, a dispersão da brancura dos versos – e o acúmulo de percepção adoçada com saborosos princípios de baixa caloria. Ah, a confusão transitória da leveza mergulhada em instantes preciosos. As curvas sombreadas refletidas na dispersão da brancura dos versos. Pensamentos flutuantes e ouvidos apurados – a realidade concreta cabe dentro dos sonhos descritos com liberdade e distração. A falta de concentração aparente camuflando a verdadeira intenção das liberdades distraídas. Os sentidos essenciais emergindo da leveza que observa os múltiplos lados da realidade concreta. As ondas acentuam a incoerência subdividida em pedaços compreensíveis. Os golfinhos simpatizam com o ritmo dos pensamentos flutuantes. Todas as explicações ignoradas pela confusão transitória – os sonhos submersos no mar cantarolam com mais afinação. As desnecessárias ou esperadas explicações se dissolvem na afinação da melodia que envolve os instantes preciosos. A gata fareja a proximidade das plantações de catnip. E o cheiro do mar invade as frestas da porta trancada. Não há mais espaço para tentativas tolas ou desajeitadas – a certeza se apodera dos pensamentos flutuantes. A certeza da dispersão aparente encobrindo as reais inclinações dos sonhos descritos na areia.

Liz Christine

sábado, 7 de janeiro de 2012

A solidária insônia


As indecisões amistosas descansam os ideais através da meditação. O café tranquiliza a oposição das manias divergentes. É preciso recolocar a dualidade nos princípios fundamentais da tranquilidade açucarada. Os adoçantes da indecisão amistosa suavizam a insônia solidária.

A indiferença se apodera da conveniência diária. A paixão se instala nos cabides onde a oposição das manias divergentes se aninhou. As cores complementares saboreiam as semelhanças dos corações bifurcados. As indecisões amistosas recobram as energias através da meditação.


A música fornece a quantidade diária de sonhos distanciados necessária ao bom funcionamento da organização dos cabides. Os sentidos enviesados apuram o sabor das conveniências diárias. A sinceridade pura adoça a convivência das diferentes espécies de babuskas ou brinquedos de pelúcia.


A gata branca aninhada no centro do travesseiro reencontra a sutil indiferença das manias voluntariosas. A paixão se instala nas notas musicais apuradas pela repetição constante da dualidade de sentidos trocados por corações bifurcados. A troca de gentilezas adoça o aroma de café circulando no corredor.


As indecisões amistosas namoram a precisão das ondas do mar. As borboletas apaixonadas pelas babuskas aguardam impacientes a resolução dos sentidos enviesados. O sapo de pelúcia ao lado do gato de brinquedo azul absorve atentamente as notas distanciadas da música. E o vento gelado abraça a solidária insônia da lua.


Liz Christine

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Dans la nuit parfois


A repescagem de filmes dadaístas recorta o silêncio da noite preguiçosa se espichando nos galhos. O chocolate quente com uma gota de improbabilidade misturada ao conhaque delimita o espaço das comodidades plausíveis. O gato saboreia o patê de salmão enquanto o silêncio da noite preguiçosa invade as janelas dos prédios vizinhos. O ritmo lento da degustação das fatias de sashimi contrasta com a fluidez dos intervalos tão improváveis quanto a continuação dos traços impróprios no caderno de desenhos. A cor indecisa das asas de borboletas rascunhadas no caderno de desenhos é tão incorrigível quanto o clima impaciente que circula em cada intervalo. Um ciclo sem conclusões se repete dentro do silêncio das noites preguiçosas e o ronronar acalma as improbabilidades pingadas na xícara.

Liz Christine