quinta-feira, 7 de junho de 2007

Línguas


Gostaria de sentir uma língua em todas as partes do meu corpo. Todas. Eu já tive quase tudo que sonhei. Eu me deixei descobrir. Porque eu me permitia começar.

Eu quero o teatrinho onde podemos ser nós mesmos.

Eu namorava uma menina há um ano e ela se afastou de mim em uma festa que fomos juntas, ela se afastou e depois veio falar comigo como se não nos conhecéssemos. Nós nos conhecemos de novo e ela me levou para a casa dela de táxi.

Essa mesma menina me viu com a ex dela. Fotografamos tudo. Essa mesma menina ficou à três comigo e com outras diversas vezes. E ela me lambia toda. E latia. Eu amava os quadris largos dela, a pele clara, os olhos verdes, os seios nem muito grandes nem tão pequenos. Um corpo bonito, um rosto de boneca, e diferente de todas as outras. Foram anos maravilhosos, os melhores da minha vida.

Quem poderia ter sido mais importante que ela? Não fiquei sozinha depois dela. Tive outras. Fiz ménages com minha melhor amiga, uma morena de cabelos curtos que amava as letras da Nina Simone e da Etta James, e alugava filmes do Bergman e da Louise Brooks para ver comigo. Perdemos contato quando comecei a namorar de novo. Mas foi minha melhor companhia daquele tempo. Ela me chamava de soulsister. Eu adorava.

Fiquei um tempo com uma só, nunca fizemos nada à três ou à quatro ou à cinco. Era muito bom mesmo assim. Era perfeito, suave, delicioso. E ela também gostava de ler.

Mas a garota de olhos verdes foi meu amor e minha fantasia realizada. Porque sempre fantasiei viver uma paixão recíproca. Eu queria me apaixonar por quem fosse apaixonada por mim. Eu vivi isso... A primeira vez que me apaixonei foi decepcionante... A garota de olhos verdes foi meu segundo amor verdadeiro. Não vou falar do meu primeiro amor, ainda não...

Liz Christine

terça-feira, 5 de junho de 2007

Deixo de ser


“Let me sing
A sad refrain
A broken heart
That loved in vain”
(na voz da Ruth Etting)

As palavras trocam de rosto. As músicas mudam de direção. Os sonhos se misturam ao que já foi vivido e não deveria ter sido daquele jeito, ou simplesmente nem devia ter se acabado. E a realidade parece um filme ruim, mal escrito. Às vezes a realidade parece mais um sonho cheio de prazeres. Quando isso acontece, deve-se viver na realidade, claro. Mas quando parece um filme ruim... não é melhor se refugiar em outros cantos? Fugir, fugir... resolve? Até passar, só até passar. A cor dos olhos das palavras varia de verde à castanho. As feições variam de idade. E as letras das músicas se transformam o tempo todo de acordo com o sentido em transição de cada vida. Cada dia é uma vida inteira. Cada semana é uma vida inteira. Cada mês é uma vida inteira. Cada ano é um amontoado de vidas. E o que se faz de cada vida? Fugir, fugir... quando a realidade parece... mudar? Perdi duas semanas me buscando. Onde eu estava?, até onde eu fui? Não me achei ainda. Não consigo me encontrar quando só desejo fugir. Deixo de ser. Mas escrevendo eu sempre encontro o que eu busco...

Liz Christine