quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Cenas paralelas




La luna e le stelle che scendono le scale tutti i giorni.
            Le scale del cielo che i sogni scrivono.
                       I sogni nei tuoi occhi.

Stava cercando la prossima musica. “Ma no, questa no” – pensa Sòcrates. “Una musica per ispirarmi. Forse Pomp and circumstance, March n°1, di Edward Elgar o Lakmé di Léo Delibes…  Certamente Pomp and circumstance, March n°1 sarebbe perfetta adesso…”

O início da tarde, o cair da tarde, e nenhuma palavra. O café diário, a segunda xícara no cair da tarde, a primeira xícara pela manhã, e nenhuma palavra. Duas semanas e nenhuma palavra. Sócrates continuou sonhando e consumindo ração da Farmina, continuou observando o mundo à distância, continuou miando pouco ou muito, continuou olhando a lua através da rede de proteção nas janelas, continuou assistindo aos balés no computador, mas durante duas semanas fugiu de toda e qualquer conversa – tirou férias de palavras, faladas ou escritas. Nada escreveu, nada leu, a ninguém deu ouvidos – apenas sonhou e ouviu músicas instrumentais. Pensou em ouvir Lakmè mas desistiu, apesar de adorá-la com paixão. Ouviu outras músicas então. E nada escreveu. Estava sonhando com Greta Garbo...

Nikiya e Titânia se encontraram com frequência. Bastet e Cristina continuaram juntas. As unhas de Pamina foram cortadas à sua revelia. E Marie Taglioni, como Sócrates, também sonhou. Mas sonhou que estava na Espanha com sua família. A lua tudo viu e suspirou...

Liz Christine

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Greta Garbo




_ Sou eu – diz a gata olhando a pasta de fotos de sua humana no computador.
_ E essa humana de cabelos vermelhos, quem é? – pergunta Sócrates.
_ Não é uma humana, é uma fada, não está vendo as asas? – diz a gata.
_ Não... Estou vendo as tatuagens, não as asas... – responde Sócrates.
_ Você não enxerga as asas porque não quer vê-las, é uma fada, estou dizendo... Ela vem sempre aqui, é amiga da minha humana, eu a conheço... – insiste a gata.
_ Amiga ou namorada? As minhas donas têm uma relação afetiva e amorosa entre si... – comenta Sòcrates.
_ Que linguagem é essa? Você as nomeia “suas donas”? Felinos não têm donos ou donas, eu li uma matéria que chamava os humanos que convivem com gatos de “catlovers”... – responde a gata.
_ As palavras não fazem tanta diferença assim, e aliás, não são apenas humanos ou humanas que convivem com felinos, podem ser babuskas e matrioskas também... – diz Sòcrates. E completa – Não importa como são chamadas ou como se auto-denominam, elas me adoram de qualquer maneira...
_ As palavras fazem toda a diferença... Você que escreve deveria saber disto... – diz a gata.
_ Eu sei disso mas isso não afeta meu cotidiano tanto assim, além do mais, estou com fome... O que sua humana tem de bom na geladeira? Você sabe abrir a geladeira da sua casa? – pergunta Sòcrates.
_ Sei, claro... Acho que temos queijos italianos e pasta de soja hoje, você gosta? Tem também iogurte grego e um pouco de ravioli que sobrou de ontem... – diz a gata.

Tutto rosso: gli stivali, lo smalto Chanel (numero otto), il rossetto Dior e i capelli della fata. La vita in rosso. La vie en rose. Rosa è il colore dei sogni. Il tutu della ballerina è rosa. I sogni sono rosa. I sogni allo specchio dove la gatta si guarda. Ieri il gatto l’ha incontrata e hanno visto insieme le foto al computer dell’umana che abita con la gatta. Oggi è venerdì e il gatto scrive un messaggio:

“Ci vediamo alle otto e mezza... Prendiamo un cappuccino insieme? Un bacio.”

Forse questa notte la gatta sognerà con la ballerina che ha visto al computer. La sua umana è amica di una fata che ama il colore rosso. Le due amiche si vedono due o tre volte alla settimana o tutti i giorni. Il gatto ha gli occhi chiari. Sòcrates, certamente. Probabilmente Sòcrates verrà con sua sorella stasera. Alle otto di sera circa. Venti e mezza. Sì, Sòcrates verrà stasera ma non gli piace uscire da solo. Quindi, verranno una delle sue padrone e la sua sorellina con lui... Quella che ha i capelli lunghi e neri è la sua padrona preferita e lo accompagna stasera. Chi è la gatta che Sòcrates ha visto ieri e vedrà oggi?

Liz Christine