sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Souviens toi ce jour-là toi et moi

Eu era uma flor. Uma flor sem raízes mergulhada num copo cheio de favo e mel – e foi o mel quem alimentou e estimulou os espinhos a crescerem. Porque antes não haviam espinhos. Eu precisava de água e minhas pétalas agarraram e sugaram os seios de toda água que encontrei – e misturei água ao mel que estimulava espinhos a surgirem do meu caule antes nu. Eu mastiguei folhas verdes de um par de olhos pelo qual me apaixonei – mas nessa época os espinhos já se haviam desenvolvido. E eu machuquei – todos os dedos que acariciaram minhas pétalas. Mas a flor morreu – seus espinhos cresceram mais que ela própria. Mas desenvolvi asas – para poder voltar a ti em pensamento. Asas que me colocam ao lado de quem quero na minha cama de mel e água. É que ainda me alimento de mel, mesmo sabendo que uma coisa se transforma em outras muitas e repetidas vezes. Se você teve uma infância árida e algum dia as pessoas começam te tratar de outra forma – uma forma mais doce, talvez – você não entende muito bem e começa a se defender. Antes que... antes que eu diga mais alguma coisa, vou-me embora.

Liz Christine

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Reticências


Não sei, só sinto que tudo é tão... (Sem luz) E tenho comido demais, o que vejo por aí... (Transparente) Sexo de menos. Sempre é de menos... (Nebulosa) É que eu sinto tanta falta, e tenho tanta... (Desgosto) Ou talvez tanto... (Raiva) No, I can see no light and no way to... (Liberdade) Forçando-se a sorrir, quando não se deseja mais nem um fio de... (Cóleras) Meu cabelo cresce tão rápido, só estou aparando as pontas de três em três meses, mas a franja eu corto todos os meses, e eu não sei bem o sentido disso, quero dizer que... (Decepções) Faltam olhos, teus olhos, faltam beijos, teus beijos, faltam também direções a serem seguidas, teus passos, como anda tua vida?, a minha, você sabe, a minha não anda desde que... (Orgasmos) Seguem-se assim, aqui, eu busco e encontro, lá, sabe onde?, lá em qualquer... (Banheiro) Algumas coisas fazem algum sentido, outras não, mas todas de alguma forma qualquer, entenda, todas elas eu... (Amei) Da minha forma, e não sabendo que um dia meu jeito de sentir ia ser... (Despedaçado) Por você, minha garota de... (Meias) E eu me sinto tão... (Verdes) Eu usava aquelas sete oitavos coloridas só para... Teus olhos.

(texto dedicado à garota de olhos verdes)

Liz Christine

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Des histoires insensées


“Para qué quiero otros besos?, si tus labios no me quieren ya besar...”
(trecho de Perfídia, cantada por Sarita Montiel)

Porque te esqueço em alguns momentos. Olvidar tus labios. Besos inolvidables.
Não te esqueço para sempre porque te encontro em algumas tentativas de te esquecer.
E como já fiz muitas besteiras tentando te esquecer, decidi não fazer mais besteiras e tentar te encontrar...
Mas eu te perco a cada tentativa.
Então decidi esquecer a idéia de tirar alguma conclusão sobre a melhor forma de agir, e me deixar fluir, escorrer, escorregar... ser.
Ser tua em pensamento – apenas em pensamento. Porque não queremos a realidade de uma tentativa frustrada de uma compreensão mútua que nunca tivemos.
Eu sei que você não entendeu muito do meu mundo – e eu não consegui enxergar o teu.
Eu te enxergo apenas através de espelhos com portas trancadas.
Todas as portas estão trancadas para mim agora, e não vejo senão sombras de realidades fragmentadas.
Vejo um pedaço teu em um rosto que me é familiar. Um rosto que vejo todos os dias e que talvez pense como tu. E a sombra do teu rosto nesse rosto que me é familiar me faz pensar que talvez eu seja um pouco louca.
Ou muito. Por te ver também do avesso. Talvez tua maneira de pensar seja quase oposta à minha. A respeito de muitas coisas. E eu quero a verdade:
É possível te esquecer? Ou te ter?

(texto dedicado à uma voz)

Liz Christine