Eu era uma flor. Uma flor sem raízes mergulhada num copo cheio de favo e mel – e foi o mel quem alimentou e estimulou os espinhos a crescerem. Porque antes não haviam espinhos. Eu precisava de água e minhas pétalas agarraram e sugaram os seios de toda água que encontrei – e misturei água ao mel que estimulava espinhos a surgirem do meu caule antes nu. Eu mastiguei folhas verdes de um par de olhos pelo qual me apaixonei – mas nessa época os espinhos já se haviam desenvolvido. E eu machuquei – todos os dedos que acariciaram minhas pétalas. Mas a flor morreu – seus espinhos cresceram mais que ela própria. Mas desenvolvi asas – para poder voltar a ti em pensamento. Asas que me colocam ao lado de quem quero na minha cama de mel e água. É que ainda me alimento de mel, mesmo sabendo que uma coisa se transforma em outras muitas e repetidas vezes. Se você teve uma infância árida e algum dia as pessoas começam te tratar de outra forma – uma forma mais doce, talvez – você não entende muito bem e começa a se defender. Antes que... antes que eu diga mais alguma coisa, vou-me embora.
Liz Christine
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