sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Avise-me quando chegar






As palavras embaixo do travesseiro. As palavras sobre a mesa da sala. As palavras inquietas. As palavras tranqüilizadoras. As palavras não, e ainda não, ditas. Imaginadas. Silenciosamente. Repartidas e guardadas. Submersas. Café e chocolate. Macarons de frutas vermelhas.

Ontem, vi uma borboleta. Ela estava no último parágrafo da terceira página. Vi também o jardim dos felinos e as plantações de catnip, na penúltima página do livro que havia sido encomendado. Chegaram ontem. O livro encomendado e a minha nova xícara de chá.

Um espresso e um croissant. Um cappuccino e duas porções de chantilly. Hoje, vi a cor do silêncio. Ele estava descrito, minuciosamente descrito, na segunda página. E na primeira página, havia a gata e a outra gata. E elas me disseram "buona serata...".

Achei um livro de lendas medievais na internet. Mas o livro estava indisponível. Cliquei em "avise-me quando chegar". E, mais tarde, quando sonhei, elas chegaram. A liberdade tão desejada e a tranqüilidade reconfortante dos silêncios pontilhados e minuciosamente descritos na segunda página. Prometi anotar meus sonhos assim que acordasse. Mas não os anotei. Ficaram guardados embaixo do travesseiro.

Liz Christine