As
palavras embaixo do travesseiro. As palavras sobre a mesa da sala. As palavras
inquietas. As palavras tranqüilizadoras. As palavras não, e ainda não, ditas.
Imaginadas. Silenciosamente. Repartidas e guardadas. Submersas. Café e
chocolate. Macarons de frutas vermelhas.
Ontem,
vi uma borboleta. Ela estava no último parágrafo da terceira página. Vi também
o jardim dos felinos e as plantações de catnip, na penúltima página do livro
que havia sido encomendado. Chegaram ontem. O livro encomendado e a minha nova
xícara de chá.
Um
espresso e um croissant. Um cappuccino e duas porções de chantilly. Hoje, vi a
cor do silêncio. Ele estava descrito, minuciosamente descrito, na segunda
página. E na primeira página, havia a gata e a outra gata. E elas me disseram
"buona serata...".
Achei
um livro de lendas medievais na internet. Mas o livro estava indisponível.
Cliquei em "avise-me quando chegar".
E, mais tarde, quando sonhei, elas chegaram. A liberdade tão desejada e a
tranqüilidade reconfortante dos silêncios pontilhados e minuciosamente
descritos na segunda página. Prometi anotar meus sonhos assim que acordasse.
Mas não os anotei. Ficaram
guardados embaixo do travesseiro.
Liz Christine
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