terça-feira, 21 de julho de 2009

Sonho de uma gata branca


Não sei bem o que me estonteia de tempos em tempos. Eu pensava que a liberdade nascia para todos de acordo com a posição da lua que habita o sonho de uma gata branca. Seja como quiser. A lua acreditava ser uma gata ruiva até descobrir que morava dentro do sonho de uma gata branca de olhos duvidosos – é possível se perder dentro de estrelas-do-mar. É que as pupilas podem mudar de cor quando se expandem. Fica tudo tão escuro que sinto medo. Medo de que tudo o mais perca todo o sentido ao te perder.

Algo que nem sequer começou – e tento adivinhar até onde poderia ir. Mas não pretendo adivinhar a vida – apenas vivê-la (...).

Há algo que dependa exclusivamente de mim? Algo que apenas eu possa criar? E desenvolver de acordo com minha vontade sem sofrer interferências e influências externas? Eu só conheço uma estrela. Mas encontrei uma outra pintura dentro do sonho da gata branca – é uma mulher que fuma e se sente triste enquanto eu vagueio flutuante entre intensidade e frieza diante de algo que me parece uma questão de ponto de vista ou de tempo. Eu a quero livre e perto de mim. Livre para escolher e perto de mim por eu ser a opção escolhida dentro das incontáveis possibilidades da lua.

Eu quero ser agradável e sou dúvidas – é que minhas pupilas se expandem demais ao entrever um pedacinho de mundo. Cada mundo, cada individualidade, cada conteúdo, cada ser, cada tornar-se, cada querer, cada amar, cada sonho – tudo flutua (...).

Mais perto de mim – eu preciso de algo que não tenho encontrado tanto. Mas parece estar mais perto a cada vez que eu (...).

Liz Christine

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Uma noite insone


Não encontro as palavras mas gostaria de te dizer que minha última paixão por uma garota desconhecida durou uma noite insone e a tarde seguinte e ponto final – ou seriam reticências? E uma pergunta a ser formulada que eu esqueci ao acordar de um sonho – onde eu te encontro, meu amor verdadeiro?

Não me sinto presa a nada e meus pensamentos acordam as asas da imaginação que dorme em ti – dorme e dormirá até que eu finalmente me esqueça de algo que esqueci o nome no momento.

Sei que te amei sim dentro da minha liberdade que nunca me impediu de desejar um certo equilíbrio entre ela e amor – a liberdade dentro de uma relação, e tudo se relaciona dentro do desequilíbrio ou mesmo dentro do equilíbrio parcial.

Eu sou imparcial em relação a opiniões sobre noites insones – e não vou concluir nada a respeito mas vou fazer mais pergunta: eu fiz alguma pergunta antes? O nome não é paixão nem amor nem vontade – o nome seria atração? Ou sonho acordada?

É sempre fácil esquecer – eu aprendi que alguém importa mais que isso. Mas é alguém que não conheço totalmente, e vou me conhecendo dia a dia. E mudando sem perder a noção de que quero antes de tudo a liberdade e amor correspondido sem deixar de lado descobertas insones acerca de.

Talvez eu me sinta um pouco indiferente às minhas paixões agora e não sei se isso passa ou fica. Poderia ser diferente, não? Tudo poderia ser diferente e real. A diferença mora na minha imaginação onde tudo me surpreende ao se repetir mudando de sentido e posição – mas na realidade, as pessoas são as mesmas e não mudam suas opiniões facilmente. Eu mudo muitas das minhas opiniões. E descubro novas formas de me amar –

Acho que me amo dentro dos teus olhos quando estou nua (...).

Liz Christine

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Como o olhar de uma amante inquieta


Eu vou indo. Até o infinito do desolamento. Eu escolhi o caminho oposto e descobri que em todos os lugares há um certo ar de desolamento que desconheço. Nada é concreto e não há provas – ou, por acaso, há provas? Eu quero provar o sabor de algo que se desfaz ou acontece repentinamente e se deixa ser por breves instantes que me soam intensos e puros como o olhar de uma amante inquieta descobrindo o próprio mundo. Toda tranquilidade é suscetível e vulnerável e por baixo da calma há camadas e mais camadas de quietude transtornada que se dissolve com suavidade e espanto – então é tão simples assim? Eu não vou me desfazer dos meus sonhos. Eu não vou seguir ninguém. Cada pessoa ama de um jeito muito próprio e cada um escolhe se vale a pena ou não dizer. Ou ir em frente ou esperar ou mudar ou continuar ou tentar ou olhar em volta e sentir. Sentir que alguns olhares convergem enquanto eu me desvio – na verdade é simples mas não vai ser fácil. Caminho nenhum é fácil, meu amor (...). É que algumas dificuldades já moram dentro de pessoas e lidamos com as nossas e as alheias – e nem sempre enxergamos bem ou sentimos de acordo. As minhas asas vermelhas estão aqui. E eu danço nua um pouco, apenas nós duas em casa. Depois eu faço café e vejo o dia amanhecer.

Liz Christine

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Variações de.


Vejo um pedaço de nudez no espelho. E me concentro em um detalhe apenas – eu não quero mais gostar de ninguém. Eu nunca quis na verdade – é que algumas ex namoradas conseguiram ultrapassar tais barreiras. Laços que se aprofundam. Amor pode sim nascer à primeira vista – mas quando não é alimentado e não se aprofunda, vai-se embora. Apesar de tudo e contrariando tudo que sei por instinto, eu ainda creio em um amor único. Mas não sei se que quero encontrá-la mais uma vez. Sim, a mesma. A mesma para todo o sempre. Acho que não sei de nada mesmo – e você? O quanto você sabe a meu respeito? Acho que não sei muito a respeito de tuas fantasias (...). Sei o quanto tu me decepcionou e o quanto eu te decepcionei – mas o que tu esperava?

Eu sei que ela vem me seguir – meu amor de olhos verdes no meu mundo de fantasias realizadas onde os laços são encantadores e flexíveis porém constantes.

A teu respeito nada é tão previsível quanto parece (...). E eu poderia adivinhar tua voz sob cada palavra minha se escondendo atrás de incertezas flutuantes como variações de.

Liz Christine