terça-feira, 6 de agosto de 2013

As pupilas do gato-esfinge


A falsa beleza de teorias vazias e plenas apenas de ausências totais e absolutas de

Tanto tanto faz faz faz tanto faz

Total falta de princípios ou valores essenciais ou respeito ao próximo

Tanto faz tanto faz

O único valor no mundo atual é “how much?”

Bom mesmo é ouvir miados ronronantes

Miados que não estão à venda pois quando querem fazem silêncios totais

Descansam plenamente

Nada é pleno ou quase nada – apenas sonhadores ou sonhadoras quase à margem de

Nada é pleno ou quase nada – quase tudo é quase sempre quase um tanto faz

Tanto faz tanto faz

Do your best to change the subject

O mundo é dos peixes o mundo é das árvores o mundo é das gatas e do gato-esfinge

O mundo é dos coelhinhos o mundo é dos rios e mares e o ar deveria ser mais

Limpo

E as idéias ou ideais ou valores essenciais deveriam ser mais

Limpos límpidos transparentes ou ocultos

Oculte suas crenças

Agressividade em todas as partes

Não há convivências pacíficas nem plenas de compreensão apesar das

Diferenças

Cada qual querendo gritar mais

Cada qual querendo impor suas idéias aos outros seres vivos

Cada qual tão certo de estar tão mais certo que todos

Que já nem mais escuta

Bom mesmo é ouvir miados

Os peixes não nasceram para abastecer a demanda dos supermercados ou restaurantes

O mundo é dos peixes tanto quanto

Dos sonhadores ou sonhadoras ou minorias quaisquer ou de quem ainda

Quem ainda consegue se constranger ou se horrorizar com

A sociedade secreta de pavões fúteis e fofoqueiros que repetem “how much?”

Há outros tipos de pavões, é claro

Sempre há dissidentes ou minorias e agora qualquer tipo de valor real ou essencial ou até poético ou

Ou

Quaisquer tipo de valores ou crenças ou sonhos são estranhos em um planeta de insano consumismo

Quem sonha em mudar ou melhorar o mundo ou as relações humanas ou em resgatar valores sufocados por tamanhas insanidades consideradas corretas é então

O estranho no ninho – nem mais existem ninhos pois os ninhos agora são alugados provisoriamente e sofrem altíssimas especulações imobiliárias

Ninhos provisórios sonhos provisórios e as pessoas esquisitas atravessando tempos difíceis com sonhos eternos e utopias limpas – pois é, que gente esquisita essa (distribua para nós, pobres coitados e pobres coitadas, toda a sorte de anestésicos e remédios psiquiátricos que nos impeçam de pensar e sentir ou sonhar e escrever ou suspirar e adotar nossas queridas companhias de estimação tão doces)... bom mesmo é ouvir miados ou latidos ou toda sorte de comunicação sensorial além do falho diálogo humano... consumismo exagerado é anestesia – há o necessário e essencial, naturalmente...

Distribuam remédios que nos impeçam a todos e todas de pensar ou sentir ou sonhar – distribuam também diagnósticos gratuitamente e fones de ouvido

Sim, fones de ouvido – para não ouvirmos mais os preconceitos e estereótipos diários

Devemos ouvir as gatas e o gato-esfinge – apenas e mais

Não pense em nada durante quarenta minutos – ouça apenas a própria respiração (purifique-se do excesso de poluição sonora) – ou escute música ouvindo cada detalhe mínimo no som que ninguém mais escuta porque a maior parte fala por cima das músicas (concentre-se, não fale, concentre-se) – assista um filme ou reveja um balé se preferir – ou olhe as pupilas do gato-esfinge (         )

(...),

Liz Christine

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Moderato con moto – sonhos coreografados


Separe o husky siberiano dos filhotes da gata. Brigam muito. Brigam demais. Pobres filhotes de raça. British shorthair e outras tantas. Tantas palavras e tantos silêncios. Todas as espécies de gato são admiráveis. Havia uma centopéia no pesadelo. O pesadelo retorna quando a centopéia viciada chega. Viciada em problemas de curta duração e longas dores de cabeça. A centopéia e o mosquito e a crueldade da ignorância. Julgamentos precipitados e falsas observações que nunca ousam mudar de idéia diante dos fatos. Aprimore a educação e os cuidados com os filhotes da gata. Tão meigo é o husky siberiano – briga demais apenas pela incompreensão das diferenças. Não é tão tolo mas é tão rígido – não há muito espaço para dúvidas. Duvidar sempre. Duvidar muito. A segurança da credibilidade. Como tantas vezes já foi dito antes – a loucura da sinceridade absoluta. Já ouvi ou li ou sei lá – esta frase se repete parceladamente. Em outros sonhos descritos. A coruja louca de novo. Não fale mais dela. O que é bom para uma pessoa pode não ser bom para outra – o limite e o respeito ao próximo. Julgamentos precipitados, brigas eternas, tentativas de autoritarismo – e a liberdade de escolha, onde fica? Cada coisa no seu avesso. Tentando não ser o oposto. O oposto das reticências – um breve silêncio e um pouco de introspecção alternada fazem muito bem à saúde. Os filhotes da gata retribuem os cuidados recebidos e ronronam gentilmente com um pouco de orgulho moderado.

O orgulho moderado. A intensidade dos passionais. As coisas se alternam. O tempo todo. Observando fixamente. Tentando desviar as atenções. Disfarçando ou camuflando. Sem querer admitir. O orgulho moderado se torna mais profundo. Até que –

Até que não se possa mais admitir. Que a paixão se transforma por etapas mas não se acaba. Recomece. Transforme – as reticências no sonhar acordada.

(...) – Tantas palavras e tantos silêncios. Ela comenta tantos livros e eu escuto. Nem sempre ela quer opiniões. De vez em quando ela deseja sonhos. Sonhos coreografados. Um pouco ensaiados e um pouco inventados. Tão reais quanto a oferta de pinolis que serão usados na receita. A receita para desbloquear a senha perdida sem arranhar ou destruir o orgulho moderado. Separe o husky siberiano dos filhotes da gata. Brigam demais. Brigam muito. O limite e o respeito ao próximo. Conclusões invasivas não nos interessam. As babuskas concordam parcialmente. E me convidam para um cappuccino. Respondo que sim pedindo que a centopéia nunca mais me traga pesadelos e desapareça para sempre ou que se transforme em um urso polar de pelúcia.


Liz Christine