sábado, 14 de agosto de 2010

Inércia


A inércia descansa suavemente seus braços cansados de abraçar o mundo estirado sobre o tapete do banheiro invadido pela música que vem lá de fora. Lá fora passeia o meu coração perdido dentre tantas dúvidas – apenas uma borboleta habita esta casa fincada sobre cores flutuantes. Tudo flutua dentre tantas rosas plantadas à esquerda do casulo – à esquerda, sempre à esquerda. Quando é que minhas idéias vão se endireitar? Quando lá fora for tão suave e aconchegante quanto é o suave borbulhar de gotas perfumadas dentre uma dócil indiferença. Não, a indiferença passeia no jardim da casa – dentro do banheiro não há mais indiferença. Nem dócil nem revoltosa, apenas um sublime desabrochar de gotas perfumadas dentre uma suave perplexidade. Nada compreendo, apenas flutuo. A inércia descansa suavemente seus braços cansados de abraçar o mundo estirado dentro da banheira cor-de-rosa fincada ao lado da cama flutuante. Quero deslizar movimentos em espiral sobre o chão do quarto desenhando um mar sutil e agitado em suas andanças. Lá fora passeia toda a sorte de implicâncias mútuas ou generalizadas – e aqui descanso minhas asas cansadas de sobrevoar a inércia de um coração desengonçado. Apenas movimentos doces, suaves, graciosos e harmoniosos flutuam dentro do mar agitado (...).

A gata branca olha para fora através de janela telada adivinhando passos incertos em direção à inércia (...).

Liz Christine

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