terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma gata dentro da noite desviante


Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi a cortina lilás se abrindo diante dos meus olhos (...). E vi também minha voz flutuando dentro da noite em meio a tantas outras vozes mais altas (...). Eu senti, senti, senti, senti tua mão esquerda deslizando do meu ombro às minhas costas (...). E sim, eu vi, eu vi, eu vi, vi teu olhar meio perdido dentro de uma vaga semi-percepção das minhas intenções – ah como me custa (...). A liberdade, o auto-controle, o deixar-se, o ir-me-embora, o estar, o ser, o querer, o não-dizer, o te ter, o me ter – ah (...). Eu vi, vi, eu vi, a cortina lilás se abrindo diante dos meus olhos (...) – e então, sim, me ser dentro das asas mudando de cor a todo instante. Desenhei uma gata branca dentro da noite plantando estrelas em meio a um semi-sorriso dispersivo (...). E então eu tive todas as cores do meu reduzido universo plantando intransigências em meio ao silêncio introspectivo de um querer – ah querer, sim, querer (...). E deixar-se então – e então um abraço mais doce que o reduzido universo que cabe em um pote de mel desenhando beijos suaves no colo que antecede os seios (...). Ah sim, seios, eu vi, vi, eu vi – e desenhei então dentro da noite onde minha voz flutuava sussurrante em meio a tantas outras vozes (...). Desenhei uma borboleta bem no centro do teu olhar pálido escondendo de mim tuas diversas intenções (...). Encontrei dentro de um olhar desviante a mais verdadeira percepção de um universo fugitivo – e sim (...). Não desejo o amor, mas o amor vem e me basta – basta apenas que seja verdadeiro, e então sim (...). Vejo estrelas dançando em toda parte (...).

Liz Christine

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