segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um pouso então


Em meio a um vôo febril me encontro de repente frente à frente com uma ovelha de pelúcia cantando com a voz da Doris Day – a ovelha de pelúcia flanando no ar gelado da madrugada e cantando uma mistura de Love me or leave me com At last junto àquela frase de Since I fell for you (...). Mas as abelhas não gostam tanto daquela frase musical e discordam dela afinal, sabe aquela frase qual é então? Uma frase usada de outra forma em algum outro vôo anterior onde pousei tranquilamente em um pote de geléia de morangos frescos com açúcar light, e sabe então já agora? Aguardando a manhã que se segue ao vôo febril da madrugada onde vou mergulhar asas cansadas em um pote de mel – ah cadê, onde foi que deixei a tranquilidade perdida em meio aos livros na estante fincada ao lado da porta sempre trancada? Livros e estante e asas precisam e devem respirar e respiram então o tempo todo sempre quase a todo instante que se segue a um breve parênteses (amo o mundo latindo do outro lado deste prédio). Todas elas sabem desde sempre que meus miados buscam latidos, e então cadê desde já a tranquilidade sonhada da busca que reencontra seu pouso satisfeita? Miando para lua e estrelas enquanto em minha cama se encontra minha coleção de lingeries delicadamente espalhadas para exibir então e mais uma vez desde todo o sempre a minha conhecida busca do pouso ideal – já sei, já sei, já sinto que sei agora (...). Ela veio dançar comigo ao som de Doris Day e então precisamos de algo mais alegre tocando no momento – Diana Ross & The Supremes talvez, quem sabe? Quem sabe então se ela veio atraída pelo ar gelado da madrugada ou pelo calor do instante que se segue ao encontro entre a nudez saciada e o olhar que procura um pouso? Quando ela vem me visitar eu cesso de jogar e então descanso tranquilamente sob as estrelas (...). Minha nudez também precisa e encontra seu pouso então agora (...).

Liz Christine

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