quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Todo o sempre


Inédita é a sede mergulhando em perguntas nuas enquanto a lua esconde sua indignação em relação (quase platônica) ao mar que reescreve sentidos sobre as calçadas plenas de impulsos contidos pelo tempo de espera em consultórios de psicanalistas incompetentes. Incompetente é a xícara, incapaz de responder à uma simples questão de dupla personalidade encobrindo silêncios perfumados pela água que cai do chuveiro. Há música no banheiro e um desenho da Disney passando no projetor que mora nos espelhos do armário. Quase sempre, realmente não sei mesmo, inédita é a cama flutuando sobre a ração das gatas. Nada, porém, nada mais. Nada seria capaz de me surpreender por enquanto porque toda a minha indecisão está descansando na pia da cozinha, ah. Sei que não é verdade. Pourquoi l'amour m'est impossible, à moi qui ai tout donné (?). Quero te ver do outro lado da questão assim que tuas roupas caírem no chão enquanto vou abrindo teu sutiã com toda a prática que tenho em abrir os meus próprios (tão brancos). Cores variadas passeiam nos olhos da gata branca enquanto me enrosco em teus abraços esperando todo o esquecimento do mundo e a satisfação posterior. Esquecer tudo ou qualquer coisa ao meu redor e mergulhar na mais plena satisfação momentânea que me abastece para todo o sempre. E mais, e mais, e mais (para todo o sempre). E depois disso vamos assistir um filme no restaurante japonês, quer? Eu quero mais até o infinito da quase improvável noite que cai sobre meus ombros (...).

Liz Christine

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