domingo, 20 de dezembro de 2009

Flor de chocolate branco


Uma flor – talvez? As palavras mais adequadas. Uma calma possível. O olhar mais apropriado é aquele que traduz total compatibilidade entre a aceitação admirada e a sede quase inapropriada – qual sentir levado ao extremo soa apropriado? Há meios de encontrar respostas por si só para depois dissolvê-las em uma pasta de chocolate branco derretido com pedaços de mel crocantes e – sabe? Amor é alguma coisa complicada de se dizer – não me compreenda tanto mas não me leve a mal nunca se eu soar inapropriada ou (inadequada). Sabe uma coisa que adoro, entre tantas outras? Aquele tipo de abraço que tira meus pézinhos do chão, e sabe mais outra coisa? Melhor não dizer pra ti agora. Deixa eu me esconder debaixo de um lençol antes que eu te fale. Sim, eu ando nua pela casa inteira na tua frente sem apagar nenhuma luz – mas quando meu orgulho começa a se dissolver em um mar que flui até o infinito de uma fatia da flor de chocolate branco eu preciso esconder mais meu rosto que a minha outra nudez (...).

A nudez de um olhar poderia soar inapropriada?

Um amor extremo que não se desfaz facilmente soa inadequado?

Pois é, pouco importa agora.
O mais importante agora é mergulhar sem afirmar nada mais (...).

Liz Christine

domingo, 13 de dezembro de 2009

Asas levemente desviantes

Em silêncio (…) – esbarro em dúvidas (mais algumas?). É que vou deslizando à procura de um chão e – mais café e mais cigarros. Alguns pensamentos trancados. Sim, tenho uma idéia – quero tirar fotos com mel e ela me diz coisas inaudíveis e talvez impraticáveis (por quê?). Me diz por que só enxergo a ti nos útimos dias (...). E nem sei se vejo claramente. Algumas coisas sim, outras não, nem tanto, nem um pouco, demais, muito, não sei – a cada dia ou noite. Em silêncio – continuo (tentando) te olhar. Não que eu queira ver claramente – quero me aproximar sem compreender talvez. Há coisas um tanto quanto incompreensíveis – deixa assim. Assim mesmo. Sentidos não precisam ser explicados – apreender, intuir, adivinhar com dedos e (sim). Asas levemente adocicadas (...).

Liz Christine

Sobre a areia

Sobre a areia, conchas desenhando um nome quase pleno de reticências desconcertantes que envolvem uma semi-certeza vaga (...). Tudo soa vago em meio à insônia e ao calor de tuas palavras suaves encobrindo a intensidade que descansa em ti (...). Te procuro em cada reticência minha (...). E te reencontro atrás de alguns silêncios quase plenos de asas de borboleta buscando um olhar (...).

Liz Christine

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Intransigências


Coração de esmeralda (verde como o meu baton sabor intransigência) –

Uma dúvida sabor cerejas com gelo picado e lascas de amêndoas (podendo conter traços de nozes trituradas) _ : sabe?

Realmente nunca sei se te quero demais ou de menos – nem o quanto você sabe ou deixa de saber assim que eu me aproximo de ti (em pensamento) _ (...)

Talvez demais além do que eu mesma poderia desejar, e sim (?), eu, sim (sempre por perto).., ; ., (?)

Sim, vou ser clara dessa vez: não posso ser mais clara do que já sou –

Esbarrando em uma dúvida, eu me desvio de perguntas indesejadas porque sim, ainda sou uma letra de música que se alegra ao sentir o verde próximo de mim mas (...)

Sempre vou querer conhecer o pato de doce-de-leite com nozes e pedaços de nuvens desenhando formas (...) – ..;.,

(Tenho medo – sim, alguém pode me explicar?)

Esquece as explicações, apenas vem cá um instante porque eu (...)

Te quiero – e tu?

Não me venha com mais dúvidas, pois já tenho aquela e tal, então vem com clareza e um pouco de querer demais além do necessário – eu quero esquecer ao te abraçar;...,.;

Esquecer que tenho medo de quaisquer intransigências (...)

Liz Christine

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Indecisões parcialmente concisas


Uma gata branca passeia dentro de um quarto de hora – caminhos bifurcados e indecisões parcialmente concisas (...). Um mar quase dócil onde mergulho cansaço e palavras insones – inquietação tranquila e asas feitas de algodão-doce (...). Pronto: em quarto de hora reencontro ternura e impaciência suave plena de sutilezas puras (...). A luz do quarto acesa brilhando dentro de um beijo que ocupa o segundo degrau da escada onde flutuo em tua companhia adocicada e permanente – é que todas as noites e madrugadas te vejo bem ali atrás das cerejeiras e te convido então a mergulhar no mar morando dentro do meu quintal (...). E você vem com toda a profundidade de três palavras escondidas sob lençóis macios repletos de pétalas de diversas fontes – é que preciso te contar: guardo uma fonte dentro do armário de onde nasce toda a minha admiração pelo teu olhar inquieto (...). A gata branca pula no teu colo e ronrona calmamente enquanto contemplo tuas mãos escorregando dentro da noite (...).

Liz Christine

domingo, 22 de novembro de 2009

Um mar feito de estrelas de mel


Eu te olho e vejo uma árvore de orgasmos de onde nascem gemidos que geram um mar feito de estrelas de mel. Hoje é só. Hoje é só mais um dia em que deixei de te dizer que a cada vez que te espero eu mergulho em reticências entre parênteses de onde escorre todo o meu estar. Estar do teu lado é às vezes simplesmente reecontrar todo o equilíbrio contido em uma inocência espontâneamente carente de (...).

Liz Christine

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nuvens de mel (e o ronronar)


A curiosidade assustou um par de sandálias vermelhas deixadas sob uma escrivaninha. O amor destruiu um caderno de desenhos rascunhados ao longo de um par de anos. A gata cochilou sobre uma pilha de livros e o ronronar dela amaciou uma febre desenvolvida por uma palavra sussurrada. Os seios da janela telada sussurraram a palavra e a noite que caía em meus ombros tocou um poema nunca antes publicado. Eu vou te escrever porque da destruição pode nascer um período como nunca antes. Qual a melhor forma de aprofundar um amor? Eu sinto a profundidade, eu não raciocino o alcance. Eu sinto uma flor me acariciando, eu não analiso o significado de um copo. Sim, eu miava e ronronava enquanto alguém me seguia até eu quase alcançar uma estrela perdida em uma confusão de conversas paralelas. É que procuro um chão que possa também voar comigo mas o que tenho visto é lama e musgo. Uma lama de conversas paralelas entre a chave do quintal onde pousam as ovelhas semi-nuas e as plantas regadas com areia da praia desabitada. Quem mora definitivamente em meu coração ou em minha língua? Eu busco algum mar e há apenas um azul e uma verde oscilando dentro de um chuveiro onde a porta não se fecha. Mas eu vou fechar o tempo e te escrever dizendo que não quero mais porque não tem feito nada tão assim assim. Eu não quero mais te ver talvez. Pelo menos por enquanto, até eu me curar da ressaca da fumaça. Em meus olhos há nuvens de mel (...).

“When your heart’s on fire
You don’t realize
Smoke gets in your eyes”
Trecho da música Smoke gets in your eyes,
cantada por Dinah Washington ou
tocada por Benny Goodman com a voz de outra

Em meus olhos há nuvens de mel deixadas pelo rastro da fada de mel que mora dentro de um mar que acorda a gata branca que mora dentro das flores deixadas com um bilhete na porta de uma clínica psiquiátrica especializada em recuperação de sonâmbulos arredios. As palavras convalescentes descansam as idéias em tuas pernas. Eu tenho andado lânguidamente à procura de uma solução e tenho dançado lânguidamente em busca de uma resposta só. Quem me deseja mais que uma fatia de bolo com cobertura e recheio? Um pato de doce de leite com nozes mora dentro de uma frase pronunciada no silêncio de uma página a ser preenchida – mas a fada de mel gera todas as imagens que nascem do meu rio. Eu tenho cheiro de baunilha e gosto de morangos e cerejas com sorvete e nicotina. Sim, eu sou feita também de sorvete e impaciência. Portanto, use tua língua – eu nasci para isso. Eu preciso também absorver o calor das palavras. Mas não as pronuncie em voz alta (...). Nem espalhe incoerências ao meu redor contando às ovelhas semi-nuas que eu me escondo às vezes atrás da lua para aparecer depois dentro de um livro ou de um banheiro com uma pia cor de rosa e uma toalha sobre o chão.

Liz Christine

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Amar (toda a liberdade possível)


Um beijo – um beijo faz toda a diferença.

Nada que palavra alguma possa expressar (...).

É possível desenhar com palavras? – sinto falta (...),

Falta de sentir. Falta de sentido. Alguém me ama muito, e já –

– Agora: eu não me permito (...) mas me dou toda a liberdade possível.

(?) Não quero te amar.

E não pretendo te dizer nada realmente além de muito pouco (...).

Assim é que se foi?

Alguém me ama muito desde já até o infinito do sentido nunca (...) –

– (...) Nunca deixar de querer bem e próxima. Mais próxima.

Sempre mais, e mais, até que eu me sinta (?).

Protegida e sem tantas dúvidas – é possível desenhar (...)

(...) com palavras? Apenas um beijo.

Nada que palavra alguma possa realmente expressar – me diz como:

: como tu me encontra sempre, a cada vez que eu fujo de ti?

Porque vou fugir sempre, e mergulhar cada vez mais. (...)

Não, não há fórmulas: apenas a essência de tudo rodeando um silêncio que

se desfaz em um abraço – à espera de impulsos (...).

Da minha parte eu ainda não pretendo. Não no momento.

Nesse instante agora eu não quero te amar – nem a ti nem a ninguém.

Pode me amar – e me deixa absorver todos os sentidos (...).

Absorver sentindo que – não há muito que me importe, além disso.

Isso que chamam de (...)

Liz Christine

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um quarto de hora


Cada lágrima discreta e cada cigarro compartilhado (...),

Antes que um silêncio se desfaça em um quarto de hora (...);.

Antes que a cama flutue em um infinito quase pleno de notas de jasmim –

Um silêncio quase pleno de contornos entrelaçados ao despertar de uma melodia –

E então, sim, então antes que um silêncio se quebre em um quarto de hora (...):

E antes que as estrelas se desfaçam ao esbarrar em teus ombros –

A melodia cessa e te reencontro nua (...).

Antes que lágrimas discretas reencontrem um meio de quebrar o – silêncio –

Lágrimas concisas e plenas de palavras contidas (...).

Eu te quero mais uma vez, e que seja a primeira – em uma só frase me diz então (...).

Diz qual é a textura da minha pele e qual é a cor do perfume do silêncio que meu corpo exala na direção incerta de um caminho bifurcado – e me diz mais (...):

Diz de quantas linhas é feita uma escolha estonteante que o céu de onde nascem estrelas das mais diversas (profundidades mergulhadas em mel) acorda com um leve movimentar de asas ligeiramente salpicadas de notas de jasmim;,,,;:

Asas entrelaçadas no decorrer de um tempo individual que transcorre lento e repentino ao teu lado (...).

Sim, não quero falar de sussurros e sutilezas agora – não agora;,:;

Agora é o tempo de observar ou mergulhar em cada silêncio quase pleno (...)

: – sombreados,., cores bifurcadas..,.., estrelas tagarelas (...).

Estrelas tagarelas reencontram minha nudez silenciosa em um quarto de hora (...).

E então, sim, em cada cigarro compartilhado há uma pequena possibilidade –

Uma pequena possibilidade de comunicação ou incompreensão (...).

Liz Christine

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Infinitos


Eu nem sequer sei (…). Onde guardei minhas chaves.

E o que estou me perguntando é: como eu me perdi desse jeito?

Ou: como te perdi assim?

Afinal, qual é a pergunta certa? Onde tudo são dúvidas, eu encontro uma (...)

(...) Verdade: tem alguém por perto.

E cada vez mais perto de mim. Não sei por quê penso em ti,

Ainda. E no dia seguinte, acordando aos poucos de um sonho lúcido ou (...).

Ou de uma onda que volta. Após ter me levado ao meu infinito.

Minhas chaves talvez estejam escondidas em algum outro infinito.

A imaginação é infinita, porém limitada pelos ingredientes e dosagens.

O amor é infinito, porém inplausível dentro de uma realidade trancada.

A paixão pode se misturar ao infinito mas o tom, porém, é de descaso.

Meu tom, onde cores se misturam à minha essência –

– E toda a tranquilidade se derrete ao sabor de pausas.

Pausar o movimento. Pausar inércias. Pausar quereres. Pausar o silêncio.

Me diz uma coisa: tu me abraçaria se do meu corpo brotassem desenhos e –

(...) palavras? Mas sim, do meu corpo brotam desenhos, e é possível perceber que

Eu te chamo: desenha movimentos e fala em meu ouvido que deseja ler em meus olhos

Até onde eu posso te querer e onde eu costumo me esconder, ou (...)

Até onde eu não sei o que quero de ti e onde quero te encontrar.

Liz Christine

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O mesmo mar esverdeado


É, eu não gosto dessa palavra. Gosto de outra. Tem mais uma coisa: há uma coisa que me confunde nas pessoas. As pessoas ao meu redor me confundem e eu me confundo nas minhas própria intenções. Mas uma coisa eu sinto: de ti nasce todo o meu amor. Nesse momento, pelo menos. Já no instante seguinte, é outra coisa qualquer que me confunde. Eu te vejo uma noite, duas noites, três noites seguidas, e já quero mais e mais, e mais instantes. Eu não gosto da seguinte palavra: saudade. Não, eu não tenho saudade – não nesse instante que se desfaz no beijo presente. Sim, quando quero.

Acho que – não há dúvidas. Eu não vou seguir a opinião de ninguém. Nem vou me dar ao trabalho de escolher um caminho agora. Antes de escolher o melhor caminho, eu preciso sentir toda a intensidade em ser vunerável ao mínimo sinal de (...).

Talvez dessa vez eu precise mergulhar em águas mais tranquilas (...). Eu simplesmente quero o mesmo mar, mas de outra forma. E nada depende apenas de silêncios. Eu encontro um certo equilíbrio no silêncio – mas nunca na ausência. E talvez eu precise de mais além do equilíbrio – a palavra que eu gosto (...).

Eu poderia não querer mais ninguém, mas é improvável. Não querer ninguém além de ti – francamente, faz alguma diferença? Eu não sei ainda o que me confunde nas pessoas: a rigidez ou a falta de sentidos claramente divididos?

Clareza em pensamentos ou sensações fluidas que se modificam ao longo de um percurso e tudo gira em torno de uma única vontade, a inquestionável vontade de reencontrar uma essência que frase alguma poderia expressar.

Sim, eu só quero a ti desta forma (...).

Mas há muitas formas de querer, (...)

.

Liz Christine

sábado, 19 de setembro de 2009

Et ça me fait quelque chose


Sim? Eu (…). Sempre eu – a primeira a fugir e a última a desistir. É que simplesmente ainda acredito (...) – sim? Acho que ouvi qualquer coisa que não compreendo bem. Eu apreendo o mundo através de (...). Simples. Ainda assim é simples – basta. Eu não sei esperar e basta um começo. Apenas um começo que não importa tanto assim – mas eu sei (...). Sei que apreendo de alguma forma algo que me escapa de vez em quando. Eu acordo lentamente – e a primeira coisa que me pergunto ao acordar é: quando? Não me faço tantas perguntas porque pouco me importa, desde que eu sinta. Nem sempre é possível. Não sei, sabe? Desde que eu sinta que ainda posso sentar no teu colo sem me importar com nada mais, e desde que eu sinta que não preciso tanto assim escolher entre bonequinhas de chocolate e a primeira coisa que ando me perguntando ao acordar – talvez eu me reencontre então. Talvez eu me reencontre então sem me perder mais de vista em meio à insanidade de um olhar – mas quem me olha quando quero me esconder?

Liz Christine

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Insana fragilidade


Um brilho – uma idéia que passeia lá longe. Mas eu descarto – descartando a possibilidade de te amar incondicionalmente, eu me liberto do peso. Eu me liberto do peso que cabe no desespero da incomunicabilidade te comunicando que não posso ainda e talvez nunca tão cedo. Eu não posso amar enquanto dúvidas se multiplicam dentro de saudades longas e mais fortes que minha insana fragilidade. Eu posso atingir a liberdade e nadar dentro dela mergulhando em ti? Eu quero andar de mãos dadas e ser abraçada pelo amor inquestionável que mora dentro de cada recado – mas é real dentro de ti mais que em meu olhar? Eu te observo lentamente e estudo cada hesitar ou se atirar minha – minha fragilidade e minha incerteza mais a minha inquestionável ser quieta me expandindo. Eu vou me espreguiçar a cada acordar me perguntando se isso realmente vale a pena – ou: eu vou mergulhar em cada sentimento teu sem me perguntar nada e sem te perguntar muita coisa. Não tenho muito como saber e nada importa realmente – nada além de saudades fortes e encontros intensos. Reencontros esperados com ansiedade e. A certeza da possibilidade concretizável. A incerteza da dúvida que se desfaz – não me prenda nunca, eu não pretendo. Não, eu não pretendo mas ainda posso – ou não?

Liz Christine

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O quanto antes possível


Ou eu preciso de música ou eu preciso de silêncios ou preciso de ti mais uma vez e sempre até que não se saiba mais olhar ao redor – eu olho ao meu redor procurando qualquer coisa, qualquer coisa que me faça te esquecer. Mas eu quero te esquecer? Talvez, mas é provável que não e improvável que eu talvez pudesse. Um colo. Ou eu preciso de um colo ou eu preciso fugir sempre antes que, ou eu preciso me concentrar ou eu preciso me distrair. Eu só não preciso lembrar como a destruição me altera – não sei se devo destruir meus medos ou meus ideais, ou minhas vontades ou minha hesitação. Eu preciso te encontrar logo. Antes que eu seja da outra metade – eu não te amo totalmente. Uma parte te espera, a outra não. Talvez eu possa mergulhar completamente no verde das asas de uma fada. Mas não sei ainda se posso mergulhar em ti – e nem sei o que te espera ou. Ou quem me espera (...). Pelo menos uma ação tua – a mais doce e suave possível, com ou sem olhares de fadas. As fadas também poderiam. Mas de resto, eu não sei mais – aliás, eu nunca soube, nem ontem nem quando eu te encontrar. Quando?

Antes.

O quanto antes possível (...).

Liz Christine

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Intuição passiva


Não sei muito bem sobre quase nada que importe ao casulo necessário à minha breve fuga de uma realidade desnecessariamente sufocante – eu quero (a liberdade que se encontra apenas em uma ação concreta e teoricamente esvoaçante). Sim, algumas teorias podem nascer de prática e observação e experimentação – ainda assim, e mesmo assim, e assim por diante, teorias teoricamente diferem (e muito) de práticas. Na prática eu estou meio perdida no momento, meio perdida e muito desconcentrada – mas teoricamente eu devo saber ou intuir ou sentir que todos os sonhos são em parte passíveis de serem inesquecíveis. Intuição passiva e sede incontrolável. Eu quero uma ação determinada em que cabem algumas possibilidades. Possibilidades que agora desconheço. A cada dia que passa ou que nasce eu desconheço mais e mais e assim por diante, em parte vulnerável, em outra parte carente, e mais em alguma parte à parte distante de ti. Vulnarável a cada toque, um leve toque de asas acariciando meus seios, as asas que eu não vejo desde que me decidi a não esperar mais. Não, eu não vou esperar nada nem ninguém. Eu vou buscar qualquer coisa, e qualquer coisa é mesmo qualquer coisa – entendeu? Qualquer coisa em ti me confunde e qualquer outra coisa em mim é pura dúvida.

Liz Christine

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A lua sobre o rio


Preciso de algo que dure o tempo de um mergulho em verdades volúveis que se modificam e transformam a lua sobre o rio que sorri e se espalha ao redor de um ponto – há um ponto em alguma parte da história que me descobre em pedaços. Focaliza cada pedaço separadamente, detalhe por detalhe, até me reencontrar ao todo. Inteira e vulnerável, voando em direção ao encontro entre uma língua e um seio. No tempo de um mergulho em verdades volúveis que transformam um pedaço de cada som pronunciado – é verdade que há melodias em uma voz que desenha linhas ou curvas que se enroscam e depois se alongam até o infinito que termina no início de um beijo na nuca? Ouvir tua respiração e sonhar com o tempo em que tudo seria pronunciado através de atitudes – seria, se não fosse pela tua mania de comunicar o impossível. É impossível o desencontro total entre duas verdades? Ou seria possível a interseção entre duas formas de sentir o mundo correndo? Um mundo corre dentro de mim ao fechar meus olhos – são sons pronunciados apenas através de movimentos teus ou meus. Eu não preciso de movimentos bruscos ou rudes ou de idéias incisivas que teimam em serem ouvidas contra a minha vontade – eu preciso apenas de algo que brilhe na duração do tempo onírico e aveludado que se estende ao redor de duas pessoas que se querem mais que qualquer outra coisa.

Liz Christine

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ao extremo de cada linha


Dentro da xícara de café eu vejo um beijo – é o beijo que eu quero amanhã. Amanhã, porque hoje estou meio distante demais tentando adivinhar algo brilhando ao final de um interminável corredor – talvez seja uma estrela, mas pode ser que seja uma boneca vestida de bailarina que arrancaram de mim enquanto eu tentava me desviar de um pensamento obscuro que não era exatamente meu. Não apenas as estrelas brilham – a roupa daquela boneca-bailarina também brilhava. De certa forma – de certa forma, alguma coisa qualquer a respeito dela precisa ser dita. E vou me abster de pensar ou de te ouvir por alguns minutos – eu vou me fechar dentro da música que toca através de um mar que não é azul porque agora, nesse momento, eu estou tentando amortecer a minha queda. Às vezes eu mergulho no mar verde ou em uma piscina plantada dentro da grama – eu preciso achar um meio-termo entre sonhar e ser. Ou ter e ouvir. Talvez eu não queira um meio-termo – ao extremo de cada linha há um certo equilíbrio aparentemente precário mas eficiente como rosquinhas de leite que derretem no chá. Já viu um par de sapatilhas lilás? Não, eu não posso cair dentro de nostalgias indiscretas – e eu não sei se a piscina está cheia ou vazia. Vazia de sentimentos. Ou cheia de idéias tortas. Mas sei que espero algum nível de profundidade que aparentava ser alcançável através de uma transformação sutil em mim. Aparências (...). Eu quero a verdade delas duas – coisa que nunca pedi antes porque acreditava simplesmente. E não é para acreditar em gentilezas e delicadezas? Não se deve crer em um par de sapatilhas ou asas lilás? Ou em palavras saídas de um par de olhos verdes? A estrela-do-mar (...). A verdade sobre mim é que meu olhar se altera constantemente ou eu mudo a direção de cada sentido.

Liz Christine

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fada de chocolate ao leite


Sabe?, eu continuo...... flutuando ou batendo asas em direção ao infinito inatingível que reencontro de tempos em minutos alternados...

: ouve nosso silêncio através de idéias curtas e profundas trocas de olhares;

Faço um rio de essência de baunilha dentro de uma xícara de café e depois eu quero lamber o açúcar cristal que cai de uma rosquinha amanteigada – eu me enrosco no colo de uma fada transparente feita de chocolate ao leite e cafeína.............

Ela quase não fala – mas ainda não a conheci o suficiente: eu vou convidá-la a ir comigo até...

... até o infinito inatingível que reencontro em determinadas formas de olhar e maneiras de sentir – será que ela vem ou aceita?

Liz Christine

sábado, 8 de agosto de 2009

Do meu casulo


Deitada em minha cama eu beijo o mundo todo em pensamento. Eu saio de casa e percebo mulheres que nunca havia visto antes nos lugares de sempre. Elas me dizem que estão frequentemente ali mas eu não as via antes. Dou meu telefone ou celular a pessoas que provavelmente não vou ver mais a não ser que eu saia novamente do meu casulo. Eu permaneço e me vou e me sou e te percebo. Permaneço quieta em movimentos fluidos e circulares de forma abstrata. E me vou construindo para desconstruir o meu medo. Revitalizar um certo quê que me torna palpável. Sim, eu quero. Eu quero me ser ao te ter por perto. Livre sem esconderijos. Mas você insiste – tua maneira de jogar as palavras. Eu danço com a tua voz inquieta tentando me comunicar algo que não é inteiramente necessário – esqueça as palavras por algumas horas, eu te peço. Deixa teu corpo ser direcionado a partir de meus movimentos volúveis. Eu não vou te responder nada mais. Eu nem sequer sei se vou te ver de novo – é que soa imprevisível, mas eu creio. Eu ainda acredito em amor à primeira vista – mas nem sempre isso acontece. Grande parte das vezes não é nada demais – nada mais profundo se desenvolve. Sinto o cheiro do mar e beijo o teu mundo em minha cama.

Liz Christine

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sonho de uma gata branca


Não sei bem o que me estonteia de tempos em tempos. Eu pensava que a liberdade nascia para todos de acordo com a posição da lua que habita o sonho de uma gata branca. Seja como quiser. A lua acreditava ser uma gata ruiva até descobrir que morava dentro do sonho de uma gata branca de olhos duvidosos – é possível se perder dentro de estrelas-do-mar. É que as pupilas podem mudar de cor quando se expandem. Fica tudo tão escuro que sinto medo. Medo de que tudo o mais perca todo o sentido ao te perder.

Algo que nem sequer começou – e tento adivinhar até onde poderia ir. Mas não pretendo adivinhar a vida – apenas vivê-la (...).

Há algo que dependa exclusivamente de mim? Algo que apenas eu possa criar? E desenvolver de acordo com minha vontade sem sofrer interferências e influências externas? Eu só conheço uma estrela. Mas encontrei uma outra pintura dentro do sonho da gata branca – é uma mulher que fuma e se sente triste enquanto eu vagueio flutuante entre intensidade e frieza diante de algo que me parece uma questão de ponto de vista ou de tempo. Eu a quero livre e perto de mim. Livre para escolher e perto de mim por eu ser a opção escolhida dentro das incontáveis possibilidades da lua.

Eu quero ser agradável e sou dúvidas – é que minhas pupilas se expandem demais ao entrever um pedacinho de mundo. Cada mundo, cada individualidade, cada conteúdo, cada ser, cada tornar-se, cada querer, cada amar, cada sonho – tudo flutua (...).

Mais perto de mim – eu preciso de algo que não tenho encontrado tanto. Mas parece estar mais perto a cada vez que eu (...).

Liz Christine

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Uma noite insone


Não encontro as palavras mas gostaria de te dizer que minha última paixão por uma garota desconhecida durou uma noite insone e a tarde seguinte e ponto final – ou seriam reticências? E uma pergunta a ser formulada que eu esqueci ao acordar de um sonho – onde eu te encontro, meu amor verdadeiro?

Não me sinto presa a nada e meus pensamentos acordam as asas da imaginação que dorme em ti – dorme e dormirá até que eu finalmente me esqueça de algo que esqueci o nome no momento.

Sei que te amei sim dentro da minha liberdade que nunca me impediu de desejar um certo equilíbrio entre ela e amor – a liberdade dentro de uma relação, e tudo se relaciona dentro do desequilíbrio ou mesmo dentro do equilíbrio parcial.

Eu sou imparcial em relação a opiniões sobre noites insones – e não vou concluir nada a respeito mas vou fazer mais pergunta: eu fiz alguma pergunta antes? O nome não é paixão nem amor nem vontade – o nome seria atração? Ou sonho acordada?

É sempre fácil esquecer – eu aprendi que alguém importa mais que isso. Mas é alguém que não conheço totalmente, e vou me conhecendo dia a dia. E mudando sem perder a noção de que quero antes de tudo a liberdade e amor correspondido sem deixar de lado descobertas insones acerca de.

Talvez eu me sinta um pouco indiferente às minhas paixões agora e não sei se isso passa ou fica. Poderia ser diferente, não? Tudo poderia ser diferente e real. A diferença mora na minha imaginação onde tudo me surpreende ao se repetir mudando de sentido e posição – mas na realidade, as pessoas são as mesmas e não mudam suas opiniões facilmente. Eu mudo muitas das minhas opiniões. E descubro novas formas de me amar –

Acho que me amo dentro dos teus olhos quando estou nua (...).

Liz Christine

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Como o olhar de uma amante inquieta


Eu vou indo. Até o infinito do desolamento. Eu escolhi o caminho oposto e descobri que em todos os lugares há um certo ar de desolamento que desconheço. Nada é concreto e não há provas – ou, por acaso, há provas? Eu quero provar o sabor de algo que se desfaz ou acontece repentinamente e se deixa ser por breves instantes que me soam intensos e puros como o olhar de uma amante inquieta descobrindo o próprio mundo. Toda tranquilidade é suscetível e vulnerável e por baixo da calma há camadas e mais camadas de quietude transtornada que se dissolve com suavidade e espanto – então é tão simples assim? Eu não vou me desfazer dos meus sonhos. Eu não vou seguir ninguém. Cada pessoa ama de um jeito muito próprio e cada um escolhe se vale a pena ou não dizer. Ou ir em frente ou esperar ou mudar ou continuar ou tentar ou olhar em volta e sentir. Sentir que alguns olhares convergem enquanto eu me desvio – na verdade é simples mas não vai ser fácil. Caminho nenhum é fácil, meu amor (...). É que algumas dificuldades já moram dentro de pessoas e lidamos com as nossas e as alheias – e nem sempre enxergamos bem ou sentimos de acordo. As minhas asas vermelhas estão aqui. E eu danço nua um pouco, apenas nós duas em casa. Depois eu faço café e vejo o dia amanhecer.

Liz Christine

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Variações de.


Vejo um pedaço de nudez no espelho. E me concentro em um detalhe apenas – eu não quero mais gostar de ninguém. Eu nunca quis na verdade – é que algumas ex namoradas conseguiram ultrapassar tais barreiras. Laços que se aprofundam. Amor pode sim nascer à primeira vista – mas quando não é alimentado e não se aprofunda, vai-se embora. Apesar de tudo e contrariando tudo que sei por instinto, eu ainda creio em um amor único. Mas não sei se que quero encontrá-la mais uma vez. Sim, a mesma. A mesma para todo o sempre. Acho que não sei de nada mesmo – e você? O quanto você sabe a meu respeito? Acho que não sei muito a respeito de tuas fantasias (...). Sei o quanto tu me decepcionou e o quanto eu te decepcionei – mas o que tu esperava?

Eu sei que ela vem me seguir – meu amor de olhos verdes no meu mundo de fantasias realizadas onde os laços são encantadores e flexíveis porém constantes.

A teu respeito nada é tão previsível quanto parece (...). E eu poderia adivinhar tua voz sob cada palavra minha se escondendo atrás de incertezas flutuantes como variações de.

Liz Christine

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Coração descompassado no ritmo da grama nua


Duas metades, não? Sim, três cores. A grama nua, e dentro da grama há impossibilidades nas quais ainda posso voar. Há mergulhos suaves mas profundos e há também quedas que se confundem com mergulhos – e não quero escorregar mais para dentro. Encontro uma cachoeira dentro de mim quando sinto que quase posso voar em direção ao que quero – são alguns poucos queros e muitas línguas. Eu quero bonecas de porcelana.

Minhas asas vermelhas, teus olhos verdes, o azul de um mar que me soa tranquilo mas não deve ser – eu não quero um coração vazio no lugar de um coração preenchido.

Eu quero insônia onde não se sabe pausar o movimento – dançar até reecontrar meu sentido mais verdadeiro. A essência da minha transparência está no conteúdo da minha busca – quero alcançar a sinceridade que nos escapa através de sorrisos chuvosos e hostilidades salpicadas de falsa aceitação por parte da realidade alheia. Mas claro – eu não sei mais o que é real dentro da realidade alheia e me desconcerto diante da improbabilidade de ser descartada antes de ser eu-muitas. É que sou tantas que descarto a chance de um pensamento único – sinceridade e suavidade com profundidade nos olhares e línguas, apenas isso já me permite a entrega mas vou fugir sempre que puder.

Algumas vezes não se pode mesmo fugir – mas nem em pensamento? Quando as rosas são espontâneas e um beijo traz dentro de si todo o amor aprisionado que escapa à minha compreensão e foge de qualquer nível de controle – mergulhar sem perceber e de repente sentir a segurança das águas aquecidas pelo calor do movimento. Talvez o amor me dirija em direção à uma catástrofe – ou em direção à essência mais verdadeira de um encontro.

Liz Christine

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dentro da minha própria liberdade


Francamente, eu nem tento compreender – porque nem quero descobrir que poderia. Há então uma forma de compreensão mais profunda que eu chamaria de – é que não existem palavras específicas para, mas sinto que eu já não sinto mais. Absolutamente nada a me culpar ou a me desculpar, quê importa?

Quem ama de verdade, contrariando qualquer noção de racionalidade surda?

Raciocínios não escutam a voz do mar que eu guardo dentro de uma almofada na janela com tela – e estou muito, muito mesmo, muito inclinada a encontrar minha própria liberdade dentro de miados. Não preciso buscar, está aqui, eu encontro a todo instante – mas há alguém se escondendo, e não, não sou eu que vou fugir agora. Eu tenho tudo que preciso em algum lugar bem próximo da afetividade constante e da inconstância do prazer que se mantém ao longo das transformações. O prazer sempre chega e nunca me basta – mais e mais, e mais. E o perfume de uma estrela que desaparece quando adivinho sombras tentando sem conseguir tão bem assim, esse perfume de uma estrela que eu quero do jeito que quero e pronto – já me basta se for daquele jeito que me modifica um pouco. Mas não tanto. Dentro da minha própria liberdade, eu descanso um pouco antes de de te ver nua mais uma vez até que eu me encontre dentro de uma pergunta.

Quem ama de verdade, contrariando qualquer noção de racionalidade surda?

Liz Christine

terça-feira, 9 de junho de 2009

Nudez


Por quê não há fotos da minha nudez espalhadas dentro de gavetas chaveadas? Sim, chave em tudo, por todos os cantos da minha nudez e da minha parte mais vital – coração trancado a qualquer visitante. Não, não espero visitas – quem mais aparece sem avisar é a minha sede do teu olhar e a minha vontade inatingível de te ter ao meu lado em todos os lugares. Ao meu lado mas quieta e domesticada – sem perder a vontade própria. A minha imensa vontade está na profundidade do teu olhar que se perde quando tento. Eu tento dizer a mim mesma que acabou de verdade mas francamente – eu posso me perder em muitas tentativas de me distrair temporariamente do meu amor por ti mas eu sinto que a cada vez que te vejo. Não, eu tenho certeza mas não é uma certeza feita de argumentos parcialmente plausíveis – a minha certeza é sensorial e sujeita à dúvidas e recuos e mergulhos e vôos entrelaçados. E eu sinto que a cada vez te vejo eu me perco também dentro do teu olhar – mas eu termino me encontrando depois em nossas asas entrelaçadas.

Minha nudez é livre de qualquer receio mas acessível apenas quando. Não importa. Não importa o quanto o amor é desnecessário porém essencial. Eu não preciso de nenhuma palavra bela ou idéia quase perfeita – eu preciso apenas de estrelas feitas de mel e abraços com cheiro de baunilha e, é claro, eu preciso também da grama nua que mora dentro da minha cachoeira. É particular. Particular e compartilhado – o que eu vejo em ti que ninguém mais parece ver como eu?

Liz Christine

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Voltar ao início


Voltar ao início – inacessível. Seguir em frente e sempre te olhando – é proibido? Não que eu seja – eu me mudo a qualquer instante. Eu morava dentro da minha realidade instável e dormia com fadas – a fada verde da grama nua e interminável dentro de sonhos parcialmente eróticos e francamente ingênuos deixou de me seguir. Ela segue agora o curso natural da realidade que não é a minha realidade parcial habitada também pela fada lilás e por borboletas diversas – sim, eu me mudo a todo momento e volto ao início quando me é essencial te encontrar. Eu te amo tanto que eu me encontro nua olhando o mundo lá no Caminho dos Desavisados – e eu sei que te avisaram mas a mim ninguém avisou (eu é que pressenti ou observei com meus próprios olhos puros antes mesmo de amar ou sentir a vida circulando entre todas as possibilidades impossíveis de fazer de mim uma pessoa decidida). Sei que posso te fazer sofrer ainda mais e sei que já te avisaram quaisquer coisas a respeito da minha alergia a compromissos seriamente falsos – é que todas as regras sem o essencial soam a meus olhos puramente confusos como falsidade total que eu não pretendo seguir. Eu quero o essencial – a delicadeza de quem ama verdadeiramente e se importa sem reservas. Eu esgoto toda a minha energia e me renovo e me alimento e bebo olhares e palavras e volto ao início toda vez que te vejo.

No início havia a necessidade pura do dispensável à manutenção do equilíbrio emocional – eu nunca vou acreditar que o amor pode ser nocivo ao equilíbrio porque para mim o próprio equilíbrio está no prazer de se viver e o amor deve ser assim (um motivo?). Mas dizem que só traz problemas e coisas do genêro e há quem acredite que. Talvez eu não conheça. Eu acredito em sexo e também em verdades sensoriais. Dizem que eu devo esquecer momentâneamente minha sede de prazeres e buscar o equilíbrio primeiro e que o mais importante são as realizações pessoais – mas quê?, realizações pessoais implicam em contas bancárias recheadas? A solidão de uma idéia ou os sonhos não compartilhados – eu creio em sexo em amor em liberdade em relações entre tudo em arte em ti em mim também e em mais um punhadinho de assuntos ou pessoas ou seres vivos. Eu creio em flores em gatas em borboletas em fadas (de preferência nuas e com as asas estiradas) em olhos em línguas em seios em unhas e em perfumes. Sim, o amor pode ser dispensável a alguns seres e pode desestabilizar um pouco equilíbrios – mas talvez eu não veja segurança na estabilidade que não se movimenta nem se transforma pouco a pouco. Eu quero e quero rapidamente sem longas inutilidades e disfarces efêmeros – é inútil disfarçar que te quero.

Liz Christine

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Possibilidade de uma gata branca


Uma gata branca se pergunta sobre a possibilidade mas não te encontra mais desde que se perdeu num labirinto de telas e paredes – há muitas paredes neste lugar mas não dentro de mim. Tudo flui suavemente e se mistura ao mel e ao pó de café aromatizado. Dentro de mim tudo flui e se mistura, lenta ou repentinamente, o que antes era espanto se torna suavidade em mim que me pergunto sobre a possibilidade mas não te encontro mais na tua janela ao passar pelas tuas ruas – todas as ruas são tuas ou nossas e o mundo cabe dentro de um abraço. A gata branca sabe que o mundo cabe dentro de um abraço ou de uma idéia – é que eu penso em ti, mais sentidos do que racional. E meu corpo te sente tranquilamente – sem pensar em quê nem por quê. Não importa o motivo, quando te vejo eu me sinto assim. Eu ronrono e te aproveito – aproveito cada possibilidade de te sentir. E sei que uma possibilidade se aproxima. Eu te via todos os dias. Agora te vejo quando é possível, mas quando não é inteiramente possível eu me distraio com a borboleta azul do outro lado do mundo – o lado que desconheço desse mundo que cabe em um abraço. Meu mundo cabe em um pote de mel ou em um beijo na nuca e no pescoço. Teu mundo cabe em uma estrela que eu guardo em cada música que faço. Mas tudo se expande e se mistura, como eu já te contei – não contei? Nosso mundo se expande e flui em conjunto, ou isoladamente, ou se combinando com mais alguns outros mundos, e o mundo interno próprio à cada pessoa corre o risco de se perder em um labirinto de telas e paredes e tetos sem ventilação – ou obrigações tardias. Não se sinta nunca obrigada a não se expandir, eu te quero inteira – mesmo o que está por vir. A gente muda. Ou não. A gente ama. Ou não. A gente deseja. Ou não. E o que antes era apenas desejo de prazeres rápidos, agora é algo indizível – porque não vou dizer. Eu te quero nua. A tua nudez é delicada e cabe dentro de um quadro que eu pinto todos dias quando nos despedimos – até a próxima possibilidade. E eu tenho uma coleção de quadros com a tua nudez desenhada por mim em meio a lembranças que cabem no teu perfume.

Liz Christine

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Livre e ao teu lado


Talvez um dia eu possa vestir o mar – qual eu realmente não sei tão bem quanto eu sei que a perfeição mora no passado que se foi e eu disse adeus a mim mesma. Eu estava quase indo embora de mim quando eu me disse adeus mas eu me reencontrei em minha nudez não-saciada – e eu preciso te ver de novo mas desta vez que seja perfeito no presente (sabes o que é perfeição para mim?). É que pretendo e sei que posso encontrar minha liberdade em ti (sabes o que é liberdade para mim?). Também sinto que tuas mãos e beijos me deixaram marcas que ninguém mais vê – desenhos flutuando em meu olhar quando me lembro de ti, e de olhos fechados o meu olhar voa em direção à suavidade escondida sob uma mudança que pode recuar para atingir um novo estado de. Olha para mim e me diz: o que é perfeição para ti?, e o que seria liberdade para nós?

Um breve retorno à suavidade que coloria mares às vezes revoltos – e que esse breve retorno dure o tempo de um constante mergulho cada vez mais profundo mas com fugas curtas e inconstantes porque sou assim mesmo (fujo sempre que posso e mergulho sempre atraída pela profundidade). Fujo quando vejo uma possibilidade. Mergulho quando encontro em um instante a minha própria liberdade. Porque a auto-preservação excessiva é em si uma prisão feita de orgulho e defesas, muitas defesas e algumas fugas breves que se desfazem quando eu sinto que o verdadeiro amor sem superficialidades (sociais ou pessoais) combinado ao prazer verdadeiro (e intenso porém suave) é em si a própria tão sonhada liberdade. Amor pode ser a liberdade ou uma prisão – olha para mim e me diz se tu me prefere em uma prisão (criada por quem?). Ou se tu me prefere livre e ao teu lado.

Liz Christine

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A nudez do teu sono

Daqui a alguns poucos minutos o dia amanhece dentro de mim – há o universo dentro de mim que em pouco tempo estarei fora da realidade que me sufoca cada vez mais e a todo momento. A todo momento eu sinto circulando a fumaça perfumada que escorre líquida do desamparo – sim, eu me sinto tão desamparada quando ouço pensamentos que gritam descontrolados a própria perda. Perda de sentidos – as palavras perdem todo o sentido a todo instante. Instantes de pura perfeição tão transparente que te sinto através de vazios – é que há um vazio a cada pausa. As vezes há pausas preenchidas, outras há o vazio de algo a ser dito que se apaga lentamente – uma palavra ou frase sufocada por uma sensação obscura ou por qualquer outra coisa onde escapa minha atenção. Sim, não me concentro tão facilmente. Eu mergulho em conteúdos e em espaços perdidos ou encontrados – onde eu reencontro a tua sede?

Sim, há palavras vazias de significados e há também pausas preenchidas por sentidos tão intensos que eu me perco em ti. E há o desamparo da incompreensão – é quando as palavras perdem os sentidos ou são compreendidas de outra forma que não é exatamente nada parecida com o nosso universo. Mas há compreensão possível nesse mundo limitado por isolamentos parciais ou individualistas? Não me pergunte mais nada. Eu não tenho respostas para teus problemas – e, falando muito francamente, acho que talvez me agradasse caso eu fosse um problema para ti. Um problema desses que tiram o sono e passeiam entre sonhos pincelados de cores raras. Eu quero ver a nudez do teu sono – quais flores brotam dos meus seios durante o teu sono?

Os instantes de pura perfeição transparente que se perdem em meio ao desamparo – é que posso sentir incompreensão escorrendo das paredes em ambientes abafados pelo calor do momento que te cerca de forma quase impossível.

Liz Christine

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Conexão durante.

Pertenço apenas a mim mesma. E tenho a ilusão do amor recíproco e da cumplicidade compartilhada e da conexão durante. Sim, não há ilusões – podem haver pontos de vista que não se cruzam e pequenas inserções em realidades desconhecidas. Não, eu tenho ideais – ou não? Sim ou não ou talvez ou poderia ser mas não é ou é assim mesmo?, ou o quê? Ah estou exausta de tanto. Sonhar. Eu poderia dividir meus sonhos com alguém mas eu jamais pertenceria a nada – também não estou interessada em nenhum tipo de reunião de pessoas com os mesmos interesses ou com os mesmos problemas ou com os mesmos objetivos. Esqueça a frase anterior. É que nada importa realmente. Nesse instante exato, nada importa realmente – é que perdi meu equilíbrio em algum lugar da casa e agora tudo que importa é reencontrar o equilíbrio para poder sair daqui vestida e calçada. É que não pretendo andar nua e descalça pelas ruas, sabe? Tu viu algum nível de raciocínio escondido dentro de algum armário trancado para mim? O armário do meu quarto não tem chave. Mas os armários da tua casa, todos têm chaves. Eu nunca mexi no armário de ninguém, dormi muitas vezes em algumas casas das mesmas mulheres e não mexia em nada – e também, eu não fazia muitas perguntas. Dentro do meu olhar, havia nelas tudo que eu mais precisava. Do meu ponto de vista, não podia ter sido melhor porque já era tudo que eu sonhava sem saber. É que nunca sei de nada, eu sinto ou não, e geralmente sem saber, e também não quero saber de coisas como perder equilíbrio ou morrer estando viva. Descontrole pode ser mais saudável que fingir sermos o que não somos – mas podemos ser tantas coisas diferentes em ocasiões diversas, ou podemos nos tornar outra coisa de acordo com o momento, e há reações naturais em nós ou reações causadas especificamente por uma única pessoa ou situação ou ação que não se repete. Eu acho que sou verdadeira em tudo que faço, alguém discorda? Quando quero me calar, eu me calo. Se quero me proteger de uma situação, eu faço o possível e o impensável para me proteger. Quando mergulho, eu mergulho até onde eu quero (sem saber) ir. Eu não tenho vergonha de chorar em público nem tenho vergonha alguma de fazer sexo com alguém olhando – mas tudo depende de diversos fatores, claro. Em alguns lugares pode haver mais de uma pessoa que eu queira, em outros lugares pode nem haver sequer alguém que eu queira me aproximar. Educação para mim significa não constranger as pessoas nem ultrapassar os limites delas passando por cima das fragilidades delas. Pode ser difícil perceber a fragilidade de cada um e podemos errar, claro, mas devemos tentar e ir vendo calmamente – mas, me diz, como eu saio viva daqui? Há alguém tentando me levar ao suicídio – mas ainda não contaram à essa pessoa que eu já tentei suicídio algumas vezes e não pretendia mais tentar? Eu superei. Superei algumas coisas e outras não – mas é tudo bagunçado, sabe? É, é tudo meio bagunçado. Não importa. Eu só quero sair daqui e de preferência com algum nível de amor pela vida sem estar tão destruída a ponto de não ver mais graça em nada – eu amava um punhadinho de coisas, sabe? Não destrua meus amores – são o meu oxigênio e a minha liberdade.

Liz Christine

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Quantos amores eu tenho?


Subverte as palavras e me dá um sorvete sem calorias – eu já me senti como se eu fosse a calda de um sorvete, sabe? Mas isso foi com outra. E eu também já morei dentro do congelador. Já me hospedei em vários banheiros diversas vezes. Havia um cinema que era como se fosse minha casa. Havia uma flor de olhos verdes que era como se fosse o meu quarto – eu morei nela também. Quando fui despejada por falta de pagamento eu arranjei uma cama lilás dentro do infinito da falta de sentido de uma separação recente – mas eu ainda me questionava silenciosamente sem dar ouvidos a ninguém: quando é que a flor vai descobrir que ela combina com mel? Eu vestia mel todos os dias até que o mel se tornou parte de mim: há tatuagens coloridas com mel e fui eu quem fiz as tintas com mechas do meu cabelo. As tintas que coloriram algumas tatuagens minhas são feitas de mel extraído de algumas mechas do meu cabelo e também de memórias corroídas pela ausência de meus amores – quantos amores eu tenho?

Liz Christine

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Silêncio que corre


Silêncio. Uma frase feita de silêncios. Um diálogo que corre em silêncio – ao meu redor. Música tocada com silêncios e respirações entrecortadas por pausas de expiração. Inspirar e guardar. Não me solte. O prazo expirou – e não há mais retorno. Eu não me escuto.

Sei que há palavras em algum lugar, escondidas – palavras que se calam. Eu te ouço. Tua voz encobre minha nudez. Tua voz perturba meu silêncio. Tua voz fltua ao meu redor, e eu posso mastigar as palavras. É que eu apenas não posso devolver teus pensamentos. Eu os escondi e me esqueci. Esqueci de te amar porque não posso concordar com nada disso. As palavras me rodeiam e eu não quero a voz de mais ninguém (...). Não quero idéias alheias nem conselhos de nenhuma espécie – eu não quero ter a impressão de ter visto alguma coisa tua passeando em lugares improváveis. Não quero o barulho. Não quero nenhum tipo de gritaria impensada ou discussão inútil – quero a utilidade de um abraço. Ou massagem. Vinda de uma direção específica – daquela ali.

É que eu não quero expressar nada que possa ou deva ser analisado.

Eu quero a liberdade compartilhada fluindo a cada instante – uma liberdade acolhedora.

É que não existe prisão segura. A qualquer momento pode haver uma agressão externa – eu posso até brigar comigo mesma, mas não quero nenhum ser humano ou ser vivo me agredindo. Por nada. Por motivos que desconheço e nunca me esclarecem.

Eu te procuro na escuridão de uma vaga noção abstrata.

Eu quero miar. Se eu miar, só uma pessoa poderia me entender: quem me criou melhor.

(...) As palavras me rodeiam e eu não quero a voz de mais ninguém – apenas a tua, a dela, e às vezes a minha própria.

Liz Christine

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Asas inquietas


Entre uma borboleta vermelha e um mar azul e mais outro mar esverdeado. A chuva é apenas uma ameaça – e não vai mais me confundir. Nem cair. Nem dos meus olhos nem de pensamentos que fluem tranquilos ou ansiosamente. Talvez atordoem um pouco às minhas asas inquietas – e a ti?

Eu sinto ondas me abraçando – e há intensidade com suavidade nelas.

Liz Christine

terça-feira, 7 de abril de 2009

Onde eu me começo

Uma certa relação entre pensamentos que não se completam. Alguma conexão vagando imperceptível entre imagens sobrepostas – olhos semi-fechados entrevendo um pedaço da realidade que se desfaz quando te sinto. Não quero explicação nenhuma.

Apenas uma coisa é real em um mundo de sombras – sombras que não abraçam nem choram nunca, nunca, nunca. É engraçado como grande parte das pessoas parece que não chora. É engraçado como ninguém parece se aproximar de. Mas sim, há uma verdade em tudo: tu me reencontrou por quê?

Eu não quero muito mais além do que eu realmente quero, o que não é tão pouco assim, é apenas mais do que eu pretendo admitir.

Eu não quero nada demais nem de menos. Porque nada parece excessivo ou demais quando eu. Quando eu me afasto de sombras que não abraçam nem choram nunca, nunca, nunca, e sorriem por educação ou obrigação social e sempre esperam de mim e de todos que todos sejam iguais a todos à nível de – comportamento? Necessidades.

Eu não sei se preciso de amor – o amor do jeito que as sombras vêem e definem. Eu não sei se preciso de definições – as definições muitas vezes se transformam. Há um outro tipo de amor e vários tipos de pessoas. Não, não há tipos de pessoas, nunca há tipos de pessoas, há pessoas e ponto – e o amor é visto de alguma forma própria por cada pessoa ou definido inutilmente apenas para complicar ou anestesiar os sentidos.

Eu quero apenas intensificar o que me soa essencial ou ampliar onde eu me começo.

Liz Christine

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Laços que não se desfazem


Pensamentos breves. Ondas longas. Unhas curtas e um toque suave de alguma idéia voando distante – eu a vejo atrás de transparências e afio minhas unhas no tecido da cadeira. E qualquer dúvida em relação a mim – vou me esquecendo lentamente ao acordar do teu lado. Tuas dúvidas – é mesmo real que tu mastiga incertezas? Em relação às minhas asas de borboleta vermelha – é uma realidade a tua sede? Há realidades, sabe?, há realidades-outras que já não importam mais – e continuam por aí se aproximando mesmo que eu tente me concentrar em ti apenas. Na tua voz há nuances de outras e mais sombras que passam longe de mim me estudando mas eu nunca as vejo – sombras assustadoras, dessas que parecem esconder sentidos irreais e sentimentos que me comovem apesar de sufocarem minhas próprias libertações. O orgulho pode ser a minha liberdade – ou minha prisão particular. E o amor pela adorável grama verde e macia pode ser também minha liberdade perfumada – ou uma prisão pública? Não, não, eu não deixo nunca – amor nenhum me aprisiona. Quem me aprisiona são as sombras insensíveis e cruéis, as sombras da frieza externa que algumas vezes – algumas apenas, não todas as vezes – disfarçam fragilidade e afetividade sob máscaras. Mas sabe, não compreendo – para quê?

Nem toda máscara disfarça um conteúdo. Há conteúdos visíveis ou perceptíveis sob trocas de olhares ou trocas de palavras – ou trocas de silêncios preenchidos por gemidos ou respirações apressadas. Eu tenho pressa que se aprofunde logo um ou dois laços – ou três, quem sabe mais? Quem sabe mais a respeito do mar de calda de cerejas vermelhas?

Nem toda máscara esconde um conteúdo – há conteúdos que simplesmente deixam de existir, anulados pela própria incompetência de criar algo realmente saboroso ou inédito. Mas sabe, francamente, tudo é novo e nada é inédito – há verdades pessoais e intransferíveis que se transferem de uma pessoa à outra ou sentidos que são compartilhados durante alguma conexão. É que realmente creio na conexão entre quem faz ou age e quem recebe ou entre quem cria e quem absorve ou entre quem sonha e quem observa ou entre quem sente e mais outra que também sente mas sempre cada um à seu modo intransferível que se transfere e se transforma nos olhos alheios.

E talvez eu goste demais – demais mesmo. Desses laços que nunca se desfazem porque são feitos de. (Não me pergunte.)

Liz Christine

Meio

Eu vou me matar lentamente. Eu morro diariamente mas morro com saúde. Exceto os cigarros, não há nada que eu faça de errado. E eu tenho uma teoria apesar de à princípio ser uma destruidora de teorias: é simples – quando se faz tudo certinho, direitinho, as coisas invariavelmente dão errado; e quando se faz tudo errado ou parcialmente errado e parcialmente duvidoso e bizarro mas com um toque suave de amor picante, aí dá tudo certo. As pessoas certinhas são um pé no saco e não têm alma: porque a alma é por princípio errante e o corpo é por princípio humano. Ou seja o corpo tem limites e necessidades que podem e devem ser superadas mas a carne é fraca em sua própria força. Afinal, o quê é a vida sem o amor e o sexo e a poesia e a arte e os sonhos e fantasias? E isso tudo pra alguns é fragilidade e pra outros é força. Então, resumindo: seguir a si mesmo é o melhor caminho. E fugir de si mesmo pode ser também a solução: a gente dá um tempo de nós mesmos e depois a gente volta a si, mas durante esse meio tempo fora de si nós podemos nos divertir bastante e até descobrir que somos mais do que pensávamos. Descobrir a si mesmo e adivinhar de vez em quando que não somos sempre iguais a nós mesmos e que podemos inclusive nos separar temporariamente de nós mesmos para experimentar novas possibilidades e esquecimentos e devaneios químicos ou físicos ou emocionais – para depois nos reencontrarmos com essência inalterada e eterna mas com personalidade e comportamento sujeitos a transformações e absorções. Absorvemos a outra – a outra parte, aquela que nos atrai, e descobrimos que esta parte já nos pertencia antes mesmo de a conhecermos. Um pouco daquela ali, um pedaço dessa aqui, um trecho de algum livro, a fantasia que alguém joga em cima da gente – sim, sempre há alguém pensando alguma coisa qualquer a nosso respeito, e podemos absorver isso ou não, podemos discordar firmemente ou simplesmente pensar: “é isso mesmo, e daí?”, ou: “nunca pensei nisso nem me vi dessa forma mas vou tentar porque eu sou tudo que eu ou tu quiser, sou tudo e nada e um pouco de cada...” Há pessoas incapazes de nos enxergar como somos, enquanto outras adivinham como nos sentimos por trás do que somos, e há também pessoas manipuladoras ou destruidoras que tentam (e podem até conseguir!) nos modelar de acordo com as necessidades delas. Eu prefiro estar errada, é a minha escolha, mas eu não vou obedecer quando me dizem que algo é certo – antes eu vou perguntar: mas isso é certo para mim?, é assim que eu quero agir? E se a resposta for “não”, olha, sinceramente, eu estou farta de implicâncias e regras e julgamentos e condenações. A vida é simples: se alguma opção não lhe agrada, procure outras. A não ser que tu esteja em uma prisão criada especialmente para ti por pessoas com muita boa vontade e a certeza de que estão certas e agindo da melhor forma possível – ou o pior: dependência financeira. Sim, o dinheiro pode ser uma forma de controle por parte de muitas partes.

“Did you realize no one can see inside your view,
Did you realize forwhy this sight belongs to you.”
Strangers, Portishead

Eu me mato diariamente e desapareço constantemente, tanto que às vezes nem me encontro pois estou em algum outro lugar que não é essa prisão chamada “sociedade” ou quem sabe “família” ou talvez “casa” mas também pode ser “o país onde moro” ou seja lá o que for. Eu não quero, eu me recuso e eu não vou de forma alguma. A minha casa sou eu, meu corpo, minha pele, mãos, boca, unhas, seios, etc, etc, etc – eu moro aqui, não no endereço tal número tal rua tal bairro tal. Eu sou a minha casa e o meu pensamento vagueia livremente, e em pensamento estou sempre onde quero e com quero. Eu sempre tenho companhias agradáveis e fantasias agradáveis com companhias agradáveis e eu desconheço a solidão e a abstinência sexual ou química ou sensorial. Tenho tudo que quero e meus sonhos muitas vezes se concretizam muito antes que amadureçam em meu pensamento, mas as fantasias mais confusas e um pouco destrutivas não se realizam porque inconscientemente eu sei o que deve e o que não deve acontecer comigo. E se algo ruim aconteceu comigo no passado, não tem problema, é algo que eu posso transformar à minha maneira e converter em algo esquecível ou superável ou até risível. Eu posso ser indiferente à qualquer desgraça e achar que desgraça nunca existiu nesse mundo – mesmo que eu me sinta angustiada quando qualquer um diz: “me dá um dinheiro, estou morrendo de fome, por favor, estou pedindo, não estou roubando...” A verdade é que a gente fica indiferente depois de muitas desgraças sucessivas ou alguns já nascem mesmo indiferentes ouvindo discussões inúteis já na barriga das mamães. Eu sofro e quero morrer, apesar de me alimentar bem há uns dois anos ou menos, mas eu estou aqui – não estou? Meio viva, meio morta, meio criança, meio gata, meio cansada, meio curiosa, meio chorona, meio indiferente, e com muita sede...

“Never found our way,
Regardless of what they say.”
Roads, Portishead

Liz Christine


terça-feira, 17 de março de 2009

Gata branca


Sou longe e me sinto meio indiferente com uma parte perturbada e outra por demais distante da constatação.

Há uma sensação por demais irreal de que o mar (mais outro mar) vão me engolir antes que eu seja capaz de apreender o real significado –

Nunca compreendida – sempre comprometida – onde eu posso te encontrar?

Não quero falar de.

“If the sky grows darker
If I go insane
Would you still care for me
When it starts to rain”
In the lake, Emilie Simon

Às vezes quero te ver, outras preferia ser deixada em paz de uma vez por todas, mas muitas vezes eu te sinto meio perto – enquanto eu me sinto meio querendo tua presença, meio não querendo teu olhar. Teu olhar é que me soa muito difícil de ser. Não sei se acredito parcialmente na realidade nem sei se desacredito totalmente na possibilidade de que algo em mim pertença a ti. Mas não me lembro de ter te convidado jamais. Estou enganada? Sim, eu já desejei a tua volta – em outros termos que não sei quais eram. Sim, eu te quero te volta – mas não estou te convidando, estou fugindo antes que hajam decepções de todos os lados. Do meu, do teu – mais alguém? Há mais alguém bem no meio de nós duas? Não sei. Mas não, eu estou quase perto. Quase perto de ti o tempo todo. No meu mundo interno eu sou a tua gata branca miando até pular no teu colo. Eu posso me esconder e dormir a tarde inteira ou caçar outras borboletas.

Liz Christine

domingo, 15 de março de 2009

Através dos teus olhos


Não encontro as palavras – não quero palavras. Quero me deitar sobre. Quero me deitar sobre ecos de imagens sonhadas desde que – faz tanto tempo. Tanto tempo que desenho teus olhos no índice dos livros. É que te vejo em quase tudo que eu poderia vir a ouvir – eu ouço quase nada como deveria ser. E como deveria ser?, como deveria? Para ti, como deveria ser?, como tu espera que eu seja? A impaciência mora em mim. E muitas vezes me divido com a incerteza também – o quê mais eu poderia te dizer? Sim, eu quero depois de tudo me deitar sobre. E eu quero sentir muitas vezes que eu estou prestes a te encontrar mais uma vez. E não encontro as palavras porque quero apenas a tua voz flutuando sob lençóis macios – posso fumar um cigarro enquanto tu me olha em silêncio? Dentro do meu silêncio moram muitas palavras, palavras que estou prestes a conhecer – eu me descubro através dos teus olhos. Mas não sei se acredito no teu olhar – sempre há perguntas, perguntas e mais perguntas que nem sempre vou saber te responder.

Liz Christine

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Saudade de ti


A realidade torna-se nublada e opaca quando eu toda vez que às vezes de repente se confundem as visões alheias e perguntas sem sentido e sem e sem e sem e sem nunca nunca nunca – porque não há na verdade. Na verdade das realidades opacas e nubladas não há confiabilidade nem transparência e desaparecem o afeto e a vontade de continuar. É tudo muito muito por demais esfumaçado – e a fumaça torna as visões muito e por demais difíceis de se ter equilíbrio e a sensação de se estar caminhando num chão que. Tudo desaba em meus ombros – a incerteza, a insegurança, a angústia, o receio que não é meu, o receio de me dizer a verdadeira natureza das realidades que. Tudo passa. E algumas coisas podem voltar, outras não, outras nunca, e há esquecimentos necessários à minha respiração e necessidades desnecessárias e o amor me é tão tão tão – é tudo tão caro. Não posso pagar pelos meus erros. É triste mas não peço desculpas, é embaraçoso mas não chego a me recriminar nunca, pode soar constrangedor mas não para mim – para mim é assim: nada soa impossível. As letras das músicas mais antigas do Portishead são inesquecíveis e jazz de 1920 à 1950 é impossível eu não amar. Há livros e filmes que mudam uma vida ou uma maneira de ser ou simplesmente ampliam e multiplicam e reforçam certa forma de pensar ou viver ou sentir ou tentar se tornar ou quem sabe se sempre se foi assim e – eu posso me sentir tão bem e tão completa ao teu lado e posso também na tua companhia, nos teus braços, eu posso também do teu lado ou no teu colo me esquecer de tudo o que me faz confusa e reticente. Eu posso ser sincera e me sentir livre e sentir que pelo menos – sabe?, pelo menos, apesar de toda a minha metade sombria e/ou hedonista (prisioneira de mim mesma e quem sabe de regras que não criei e quero subverter sempre, hoje e sempre, subverter as normas – sabe?)... apesar de detalhes assim de mim e do mundo, eu ainda posso me entregar ao que realmente quero e tentar fazer algo que muitos sonham enquanto outros ignoram e têm outras prioridades – sabe o amor pleno? Mas não me venha com as idéias que ensinam e repassam há tanto tempo, esqueça-as. Eu fico entre uma mistura que não se mistura nunca totalmente e não se torna homogênea quando jogada no mesmo copo ou batida no liquidificador – eu, sabe? Enlouquecer ou tentar suicídio por um amor mal curado que fracassou e não se pode superar até o fim dos tempos, para sempre, para sempre até que o amor perdido retorne, para sempre a dor até que se consiga reacender o amor romântico, e para sempre fugir da dor em meio a prazeres realmente prazerosos mas vazios – os prazeres mais extremos e variados que se puder encontrar – as substâncias e corpos e beijos de muitas muitas muitas quantas eu achar e me quiserem, e simultâneamente quando possível, quanto mais melhor – e a arrogância fria de renegar as próprias idéias e ideais a qualquer momento, e dizer eu te amo para sempre e te quero mais que todas as outras e tu é única enquanto procuro uma forma de te esquecer por aí e uma maneira de fugir de ti... e na realidade nunca dizer nada daquele tipo, nunca declarar nada, apenas sonhar e pensar e ser e falar apenas através de silêncios ou livros e... movimentos corporais... todo o meu corpo te deseja mas... (Hoje estou nublada porque não te vi e outras companhias me deixam meio assim assim – mas, claro, há momentos de.) Esquecimento e. E eu me revolto contra mim mesma por te querer daquele jeito insano todos os dias e horas – apenas não me procure se eu estiver meio assim, sabe? Me evita quando eu estiver confusa e nublada ou cura de vez minha insanidade e minha. Saudade de ti.

Liz Christine

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Memórias


“This ocean will not be grasped.”
Mysterons, Portishead


Uma tristeza fria e sem lágrimas – porque ontem já me nublei tanto. Minhas pálpebras pesavam muito e desabava uma tempestade de imagens que escorriam pelo meu rosto fechado – a cada lágrima, ontem, eu assistia. Cenas. Eu me cobri e me escondi e me fechei em mim mesma, mastiguei lágrimas e esqueci. Esqueci de chorar hoje.

“Dreams and belief have gone,
Time, life itself goes on.”
Half day closing, Portishead

Esqueci também teu rosto que apareceu tão diferente – haviam duas melodias, uma nítida, outra transformada. Era o teu rosto a melodia que se tornava uma visível diferença. Tua boca não sorria nem me esperava. Teus olhos não brilhavam nem me comunicavam nada sólido. Tudo naquela melodia eram dúvidas e sombras – a melodia que antes e sempre, eu sempre vi teu rosto tão claro e límpido quanto minhas próprias respostas. Eu te amo? Sim. Eu pretendo seguir a tua maneira de pensar? Não. Eu gosto de mudar? Sim. Eu gosto de mudar seguindo a opinião e conselhos alheios? Não. Eu mudo por mim mesma e ao sabor de mim mesma. Ao sabor da minha própria liberdade de ser eu – um eu que se torna e passa a ser ou sempre foi e continua sendo ou se questiona se deveria ser e não encontra uma direção e então se é ao sabor de si mesmo mas vulnerável às influências de tudo e qualquer coisa que me faça sentir. Acontece que não sinto atração pelas regras da grande maioria e me espanta muito que tu as queira seguir.

“Through the times of lasting love,
When parents talked of things tried and tested,
They don’t feel the same.”
Half day closing, Portishead

Mas a outra melodia, a outra que nunca foi nada nítida antes, se mostrou detalhadamente dentro dos limites da minha fantasia. Claro que na realidade pode-se a qualquer momento ultrapassar limites e quebrar convenções. Mas talvez em nossas fantasias, eu não sei, o que se pode e o que não se pode dentro de nós mesmos? Dizem que em nossas fantasias tudo é possível e na realidade não – mas olha: sonhos nascem de nós mesmos e de expectativas baseadas em coisas que já aconteceram, boas ou não, e isso me soa limitado. A realidade pode surpreender sempre – sonhos também, não é verdade? Sim, eu não sei o que digo. É que a realidade é incontrolável – portanto não obedece aos nossos limites. Tenho um limite de saturação para a lentidão de certos acontecimentos – portanto em meus devaneios tudo se passa num piscar de olhos. Mas a realidade não me obedece e me faz esperar. Antes eu me fazia mais apta a ir buscar a realização dos meus devaneios – em impulsos, erros, concretizações e hesitações, satisfações.

“In the days, the golden days,
When everybody knew what they wanted
It ain’t here today”
Half day closing, Portishead

Ontem eu caí em um poço sem fundo de tristezas choradas – hoje esqueço. Esqueço de sofrer e sinto apenas uma tristeza fria e seca. Não há lágrimas nem infelizes nem alegres – porque, sabe?, existem também lágrimas alegres, acho que já te contei mil vezes. Mil vezes eu sonhei com reencontros em diversas situações. Mas hoje visto a frieza de quem está prestes a sofrer por nada. Porque tudo é em vão – e nada é sem valor. Custa a passar mas um dia tudo se desfaz – e fica um gosto amargo que apenas quando se supera a decepção é que pode se tornar doce ou não. Minha raiva pode se desfazer muito rapidamente – mas teu rancor parece indestrutível e tuas memórias me confundem. Não são como as minhas – as minhas são doces...

“All for nothing”
Mysterons, Portishead

Liz Christine