quinta-feira, 2 de abril de 2009

Laços que não se desfazem


Pensamentos breves. Ondas longas. Unhas curtas e um toque suave de alguma idéia voando distante – eu a vejo atrás de transparências e afio minhas unhas no tecido da cadeira. E qualquer dúvida em relação a mim – vou me esquecendo lentamente ao acordar do teu lado. Tuas dúvidas – é mesmo real que tu mastiga incertezas? Em relação às minhas asas de borboleta vermelha – é uma realidade a tua sede? Há realidades, sabe?, há realidades-outras que já não importam mais – e continuam por aí se aproximando mesmo que eu tente me concentrar em ti apenas. Na tua voz há nuances de outras e mais sombras que passam longe de mim me estudando mas eu nunca as vejo – sombras assustadoras, dessas que parecem esconder sentidos irreais e sentimentos que me comovem apesar de sufocarem minhas próprias libertações. O orgulho pode ser a minha liberdade – ou minha prisão particular. E o amor pela adorável grama verde e macia pode ser também minha liberdade perfumada – ou uma prisão pública? Não, não, eu não deixo nunca – amor nenhum me aprisiona. Quem me aprisiona são as sombras insensíveis e cruéis, as sombras da frieza externa que algumas vezes – algumas apenas, não todas as vezes – disfarçam fragilidade e afetividade sob máscaras. Mas sabe, não compreendo – para quê?

Nem toda máscara disfarça um conteúdo. Há conteúdos visíveis ou perceptíveis sob trocas de olhares ou trocas de palavras – ou trocas de silêncios preenchidos por gemidos ou respirações apressadas. Eu tenho pressa que se aprofunde logo um ou dois laços – ou três, quem sabe mais? Quem sabe mais a respeito do mar de calda de cerejas vermelhas?

Nem toda máscara esconde um conteúdo – há conteúdos que simplesmente deixam de existir, anulados pela própria incompetência de criar algo realmente saboroso ou inédito. Mas sabe, francamente, tudo é novo e nada é inédito – há verdades pessoais e intransferíveis que se transferem de uma pessoa à outra ou sentidos que são compartilhados durante alguma conexão. É que realmente creio na conexão entre quem faz ou age e quem recebe ou entre quem cria e quem absorve ou entre quem sonha e quem observa ou entre quem sente e mais outra que também sente mas sempre cada um à seu modo intransferível que se transfere e se transforma nos olhos alheios.

E talvez eu goste demais – demais mesmo. Desses laços que nunca se desfazem porque são feitos de. (Não me pergunte.)

Liz Christine

Um comentário:

[R][R][R] disse...

E CompleXo dete¢tar ¢ontenidos no inter¢âmbios visuais ou verbais .
Então é preferível adivinarlos em las pequeñas mostras deiXadas em ¢ada entrada de blog. Nestas pequenas peças de arte efêmera.
Greetings from Neverland!