domingo, 3 de junho de 2012

Sensações puras



A incapacidade de digerir a racionalidade atraente das borboletas vermelhas dispersa em parte a absolvição das sensações puras. As transparências cristalinas das cortinas fechadas apurando o sabor das sensações puras – o sempre presente silêncio apaziguador das inconstantes mutações passionais transcritas na poesia sonora que ecoa nas janelas (sempre com tela). Sempre presente (a música dissonante das inconstantes mutações) – a duvidosa certeza das sensações puras desenhada em miados inaudíveis fora dos limites do quarto –,

, a movimentação felina dentro de poucas palavras trocadas – palavras insuficientes diante das sensações puras que se repetem indefinidamente modificando em essência a rotineira dispersão da gata branca e ruiva.

A sutil incapacidade de traduzir em poucas palavras (sempre inaudíveis fora dos limites das paredes pintadas de lilás) – a consciência sensorial da gata se espreguiçando sobre a cama.

A combinação de essências – a repetição que gera mudanças – o movimento das notas florais – o aroma do J’adore – o equilíbrio na intensidade das sensações puras –,

A tranquilidade dentro do quarto – a doçura destoante na madrugada – a permanente dissonância nos ideais que se repetem indefinidamente gerando novas perspectivas – a consciência sensorial que ecoa nas cortinas fechadas – o silêncio apaziguador das verdades ocasionais que se traduzem em suaves carícias carregadas pelo vento (...).

(A imaginação suavemente saciada –,

– em duvidosas bifurcações de personalidade felina desenhando beijos lésbicos nos espelhos do banheiro.)

Liz Christine

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