segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Horas turvas


Mas não, nem sempre é possível. Nem sempre é possível dizer às horas turvas que a janela está trancada. Seios nus em meio à distância de uma realidade incansável. A lua que se aproxima ditando sons incoerentes e sabores um tanto quanto inconsistentes. E a volubilidade da insônia em meio aos degraus de uma escada tropeçando no escuro. Meus pés mergulhados no mar procurando algo sobreposto ou submerso em teu olhar. Chega de olhares e palavras em vão. A gata branca que mora em mim buscando a verdadeira e precisa direção de um sentindo – sentindo quê além da proximidade simples e preciosa? Chega ainda mais perto então. Chega ainda mais perto e me dá a lua guardada dentro da tua solidão. Ainda que eu esteja bem acomodada em teu colo, a solidão rodeia cada instante em ti. Não sei bem quais motivos. Mas teus dedos deslizando em meus seios nus acordam toda a certeza que normalmente dorme em mim descansando minha improbabilidade de decidir. E assim sentindo acorda minha certeza de que sim, às vezes é possível. A gata branca sobe na janela telada agora aberta e boceja depois de um miado rouco. Sou eu erguendo distâncias que esbarram em minhas improbabilidades tão suavemente que um sorriso leve vem à tona então. Mas também me deixo ser (tua).

Liz Christine

2 comentários:

Flor Tulipa disse...

Amei o texto!Parabéns :)

dá uma olhadinha em meu blog tbm hehe

Lilica a Gata!!!!! disse...

linda imagem.