quarta-feira, 12 de março de 2008

Quantas noites em claro?


Claro que eu tento, eu tento seguir em frente
Mas fico até as cinco da manhã pensando
Pensando em como era sentir teu corpo dormindo ao lado do meu
E me abraçando a cada vez que eu me virava ou me mexia
É claro que podia ter outro corpo, outro corpo dormindo ao lado do meu
E ainda assim, será que eu pensaria nos teus braços?
Depois que você se foi, eu te procurei em quatro mulheres
Em poucos meses foram quatro
E depois foi uma só em quem busquei ainda o que perdi de você
Sabe como é buscar uma pessoa em outras?
Ou simplesmente não querer se dar um tempo e admitir que se perdeu algo de importante?
Não me dei tempo algum após tua partida
Nem busquei a privacidade para sofrer
E ninguém jamais diria que eu sofria
Porque eu sorria e saía e bebia entre outras muitas coisas
Agora sim eu me dou o tempo necessário
Para pensar em tudo que dividimos
Mas novamente eu não me admito ficar assim
Quero correr contra e esquecer e seguir
Não escrevo sobre teus olhos porque gosto do passado
É algo que por mim eu nem pensava mais
Às vezes quero te desenhar repetidas vezes com palavras
Mas muitas outras vezes quero simplesmente colocar outra no teu lugar
Mas isso, eu sei, é impossível
Cada pessoa deve abrir o próprio espaço na vida de alguém
Ao invés de ocupar um vazio
E você deixou um vazio
Um abismo entre eu e a realidade
Ainda vivo naquela realidade
Aquela que você criou para mim e eu entrei
Você não escreve, mas criava realidades e mundos
E nomeava coisas nunca ditas
E deixou um vazio em mim
Entre eu e a possibilidade de quem sabe seguir
Eu te desenho repetidas vezes com minhas palavras
E te dedico meu blog inteiro
Mesmo quando não escrevo sobre teus olhos
Na verdade há alguém além de você
Que também me deixou um vazio
E estou cansada disso
Cansada de um par de olhos verdes e uma voz
Eu amava teu conteúdo e teus pensamentos únicos
E não tenho mais nada a dizer
Quantas noites em claro?

Liz Christine

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