quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A lágrima dos belos olhos


Eu bebo, bebo, bebo, bebo uma lágrima em meio à inércia. A inércia produtiva das madrugadas insones. Eu uso, uso, uso, eu abuso da sorte brincando com imagens. Imagens que brotam dos lençóis e sobem pelas minhas pernas até meu pescoço e sussurram em meus ouvidos. Cantam a lágrima dos belos olhos que refletem a perda parcial da inconsistência mental. O conteúdo força as paredes do estar. Nem sempre estou onde quero mas eu me busco em cada reencontro com o procurado desabrochar de uma verdade. A verdade de duas bocas que se beijam, trocando algumas poucas palavras ou nenhuma. Em nenhuma das vezes em que nos vimos eu falei do que me afligia naquele momento. Porque nada, nada, nada, nada me atingia realmente. Eu queria te alcançar, e resto era apenas o resto. O resto era só as sobras, sombras de uma realidade unicamente preenchida por um desejo profundo de alcançar você. Só você me arrancava das histórias sem final que duravam tanto e se entrelaçavam entre uma leitura e outra divagação. Entre os livros e a imaginação havia a realidade de relacionamentos que se concluíam por si mesmos. Eu estava sempre dividida. Dividida entre umas e outras e você.

Liz Christine

2 comentários:

Pedro Lago disse...

O beijo é uma abstração daquelas como deve ser a paixão, tão intensa que no escuro fechar dos olhos sentimos apenas o que o corpo fala, que o mundo ao redor não seja nada!

Paulo Master disse...

Seu beijo tirou meu medo...
Medo de amar, medo de viver.

Lindo e fascinante texo, amei!!