segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O quarto escuro


Eu preciso, eu preciso, eu preciso – de tudo que não se alcança pela simples oposição de divergências inconstantes. Uma hora eu quero, outra hora eu desejo ainda mais, e depois eu penso que isso não é para mim mais do que já estava reservado em sonhos. Mas depois do depois eu me descubro perguntando se não devia simplesmente... arrancar você completamente das possibilidades impossíveis dos meus devaneios. Não divagar mais sobre você, sempre você – é a vaga idéia imprecisa que eu fiz de você que me desestabiliza os anseios. Desejo te ver. Quero te ignorar. Quero te conhecer cada vez mais até o infinito das transformações cotidianas. Mas você está tão longe do que eu queria ter para mim que... quero esquecer. Quero liberdade. Eu teria liberdade com você? E você tem imaginação febril e cheia de conflitos entre vontades e prática? Quero o inesperado de um azul tranquilo na sua fala. O cotidiano é monótono. Já foi melhor. Quando eu tive todas elas, uma de cada vez ou algumas juntas, ao mesmo tempo. As rosas. As rosas não gostavam que eu escrevesse sobre um sapo. Eu vivi sob bases que afundaram diante do peso das circunstâncias. Eu me decepcionei. E fui aprisionada. Absorvida e aprisionada pela monotonia do desencontro de cada dia. Posso pensar em quem eu quiser, posso querer quem eu bem entender, posso me perguntar todas as questões essenciais para mim e não encontrar nunca a saída desse quarto escuro.

Liz Christine

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