quarta-feira, 14 de novembro de 2007

I put a spell on you


"I don't care if you don't want me
'Cause I'm yours, yours, yours anyhow.
Yeah, I'm yours, yours, yours.
I love you. I love you.
Yeah! Yeah! Yeah!
I put a spell on you.
'Cause you're mine, yeah."

Alguma noite, eu sei, vou estar rodeada de mulheres. Eu vou te ver e não vou mais conseguir desviar meu olhar. Você também não vai conseguir desviar seu olhar da minha direção. Então, eu vou me desprender de todos os abraços e vou me aproximar de você. E você vai me beijar, sem dizer uma palavra. Você vai me puxar pelo braço para longe dali. Eu vou te seguir, em silêncio. E eu vou saber que estamos sentindo a mesma certeza. E desde essa noite, não vamos mais nos largar. Durante o nosso relacionamento, eu vou colocar uma música da Nina Simone para você escutar. E o nome da música é I put a spell on you. Vou te contar sobre o que é a música. Vou dizer que eu acho maravilhoso quando ela canta que não importa que ele não a deseje porque ela é dele, dele, dele de qualquer forma. Vou falar que meu ideal são as mulheres totalmente sem orgulho porque estas me parecem ter mais auto-confiança que todas as outras. E você vai saber desde o início que sou insegura e muito orgulhosa. Vou te dizer mais ainda, vou te contar que sempre admirei as mulheres que vão atrás do que querem e não se importam nem com a opinião alheia nem com nada que não seja o amor delas. E vou te falar também sobre um livro pouco conhecido do Sartre que eu li faz pouco tempo, onde um operário que pretendia fazer uma revolução e morre com um tiro disparado por um traidor e uma mulher rica que foi envenenada pelo marido interesseiro que está de olho na irmã dela de dezessete anos se encontram depois de mortos. Eles descobrem que foram feitos um para o outro e que deviam ter se encontrado em vida. Então, é permitido a eles voltarem a viver – se conseguirem se amar se amar sem reservas e sem desconfiança continuam vivos, caso contrário voltam a morrer. Eles têm até as dez e meia para tentar. O nome do livro é Os dados estão lançados. Não foi editado no Brasil, apenas em Portugal e não sei que outros países. Comprei num sebo. Claro que eles não conseguem, preocupados demais com problemas terrenos. Mas o que achei maravilhoso nesse livro, eu vou te dizer, é que não foi permitido a eles voltar para resolver questões pendentes como o interesse do marido interesseiro em fazer o mesmo com a irmã dela ou evitar o massacre de milhares de operários que seria a revolução dele – não, só foi permitido que eles retornassem à vida porque deviam se cruzar e viver um amor. Mas eles falham… como nós falhamos. Quando eu te contar que meu ideal são as mulheres sem nenhum orgulho, você vai pensar duas vezes. E vai pensar em desistir de mim. E eu não vou te contar que não poderia mais viver sem você ao meu lado. Vamos guardar nossas palavras, e dessa vez a ausência de palavras não vai significar uma compreensão muita mais profunda entre sentimentos mútuos. Dessa vez vai ser ausência. E você vai continuar se interessando por minhas palavras, ainda vai me amar de verdade, mas vai se afastar cada vez mais pensando que não sou para você porque penso muito diferente em certos aspectos. Você também vai chegar à conclusão que não se pode confiar em mim porque olho demais para todas as mulheres. Vou sofrer terrivelmente pela degradação do nosso amor e vou me perguntar por que afinal não pode durar para sempre. Vou mergulhar no meu desespero e vou escrever incansavelmente sobre você. Vou beber e perder a linha, vou fazer muitas besteiras, vou tomar comprimidos, vou ficar acordada a noite inteira até que uma outra noite… vou estar rodeada de mulheres e… alguém vai chamar minha atenção mas vou estar muita impregnada de você e vou voltar para casa sozinha. Vou te ligar assim que o dia amanhecer, vou te acordar dizendo volta volta volta… e você volta?

Liz Christine

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhoso. Eu continuo preso a você. Rindo com fadinhas doidinhas e chorando o amor. Beijo. Fabrício.