segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sócrates e Greta Garbo



O vazio das mentes opacas – era uma vez uma pobre vaca velha (...). Sócrates, o gato mais inteligente e charmoso do universo, sabe que todos os bichinhos são dignos de respeito – mas a pobre vaca velha nunca respeitou nenhum bichinho que cruzou seu caminho. A vaca velha era pobre de espírito, pobre de coração, pobre de sentimentos, pobre de poesia, pobre na compreensão do mundo e da arte. A pobre vaca velha nunca foi capaz de compreender um único filme mesmo tendo desconto no cinema para a terceira idade. Ela vai ao cinema com frequência pois vive confortavelmente de pensão deixada pelo finado boi. O pobre finado boi foi uma das vítimas da vaca velha – o boi foi pobre pela incompreensão dos que o rodeavam, foi pobre porque sofreu a vida inteira, foi pobre porque era um coitado digno de pena, foi pobre porque nunca o deixaram exercer todo o seu potencial, sempre sufocado pela vaca velha (vaca pobre em outro sentido). E o casal teve um pequeno boizinho gordo e nanico como ele só. O pequeno boizinho não vai entrar na história – nem a vaca louca que é a tia solteirona e sem rebentos do boizinho obeso. Uma família corrompida pela ganância e pobreza de valores da repugnante vaca velha que maltrata todos os bichinhos das redondezas. E Sócrates, o gato mais inteligente e charmoso do mundo (repito), teve a chance de observar essa vaca medonha de perto. Era uma vaca com veneno de cobra, uma mutação genética que escondia o próprio veneno só até se sentir contrariada. Ela se pudesse mandaria em tudo e em todos – mas há um forte movimento no spa dos bichanos felizes anti-vaca-velha. Sócrates, como já foi dito, sabe muito bem que todos os bichinhos merecem o devido respeito – e sabe também que há boas vacas cultas e inteligentes, bem-educadas, gentis, harmoniosas e de bom coração. Mas o movimento do spa dos bichanos felizes visa apenas combater o veneno específico da vaca velha que é incapaz de compreender qualquer coisa que não diga respeito à vida medíocre dela. Abstração é algo que não existe no vocabulário desta vaca. Nem compreensão, nem respeito ao próximo. E nem ao menos a palavra privacidade existe no dicionário desta vaca pois ela invade o espaço de tudo e de todos o máximo que pode. Sócrates, o gato mais doce do mundo, está neste exato momento tentando salvar Greta Garbo das garras venenosas da medonha vaca velha gananciosa. Greta Garbo é uma gata branca com manchas pretas que teve apenas três namoradas – gatas como ela – e jamais se casou ou namorou gatos machos. É uma jovem gata adulta porém inexperiente em certos aspectos – e Sócrates mantém um caso de amor platônico com Greta Garbo. E a vaca velha, extremamente retrógrada apesar de se achar muito moderna (ela não se enxerga como realmente é, a pobre vaca), anda espalhando fofocas e veneno por toda a cidade na tentativa gratuitamente maldosa de destruir a reputação da tímida Greta Garbo (uma gata muito introspectiva e totalmente na dela). Será que Sócrates consegue salvar Greta Garbo do veneno da vaca pobre de espírito? O melhor amigo de Sócrates é um labrador muito simpático que divide apartamento com uma raposa que faz análise com um papagaio. O papagaio é um grande psicanalista renomado e Sócrates está interessado em uma consulta inicial para expor o problema. Será que Sócrates consegue expor seu grande amor platônico e confessar toda a sua imaginação em uma sessão? E como termina esta história? A vaca velha vai destilar veneno até quando? E o amor impossível de Sócrates, como fica? Sócrates é um anjo encarnado em forma de gato, disto tenho absoluta certeza. É a certeza mais óbvia de uma história sem ponto final...,,,,,,

Liz Christine

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