terça-feira, 12 de junho de 2012

Invisível silêncio dos sonhos



O confinamento das ilusões lésbicas – troque os móveis de lugar e tudo continua igual dentro dos olhos mais cansados que o teto. Um quarto desocupado – uma vaga noção de solidariedade irracional. O egoísmo do teto que não deixa transparecer estrelas sorrateiras – elas me vigiam escondidas da gata volúvel que caça o invisível silêncio dos sonhos. Paixões sem nexo – o confinamento das ilusões lésbicas.

Mudanças bruscas e tudo continua igual dentro dos olhos mais cansados que a lua – um suspiro entediado. Duas gatas dentro do quarto com sua família humana – família feita de esconderijos e fofocas ou vontades satisfeitas de vez em quando onde deveria ser (sempre). Sempre e toda vez que – (de vez em quando há uma rebelião felina). E tudo continua igual – a tristeza não vê diferenças.

Azul, vermelho, verde, rosa, lilás – tanto tanto tanto faz de qualquer forma. Paixões sem nexo ou propósito – único intuito de prazer absoluto. Misture todas as cores e troque os móveis de lugar – e o mundo continua igual jurando que tudo mudou ou mudará. A liberdade respeitosa onde cada preferência ou diferença tem seu lugar – um mundo impossível ou confinado. Confinamento das diferenças – prisões particulares e quartos desocupados. Lilás – tanto tanta tanta falta faz no mundo mais sem nexo dos quadros em movimento.

Paixões sem nexo e sem solução – tanto tanto faz tanta tanta falta faz. Um coração frio e desocupado – confinado. Doces ilusões que caso fossem verdadeiras seriam (-:

, sonhos – o silêncio dos sonhos. Duas gatas e sua pequena família humana em harmoniosas reuniões no restaurante japonês. A televisão repassa imagens sem nexo e sem solução – e o carpaccio de salmão com harumaki são as primeiras peças do rodízio degustação. Pausa e silêncio – tranque as portas ao chegar em casa. E ignore a televisão vizinha ligada no máximo volume. Escolha uma música de sua preferência ou veja de novo um filme muito bom – ou leia um livro ou deite e sonhe.

Liz Christine


sábado, 9 de junho de 2012

Lua desbotada



As capacidades transitórias se diluindo nas abstrações parcialmente suaves porém intensas. Ah, tolices fúteis guardadas na geladeira – o eterno retorno da singular cadência das quebras de sentido. Não há mais vontades imperiosas – apenas dúvidas abstratas e gentis. Não há mais amores absolutos – apenas o impulso do prazer entediado. Nem há mais borboletas flamejantes ou babuskas adoráveis – apenas um reflexo desbotado do que foi a lua em uma doce madrugada durante o inverno mais atencioso do mundo.

Ah, tristeza corroída por cupins festivos – o gato fareja a aproximação dos amores platônicos dissimulados sob as ruínas do tédio depressivo. A depressão está em toda parte – em cada recanto do silêncio amaciado. A maciez das carícias feministas se diluindo na completa absorção dos valores românticos trancados na estante de livros.

A babuska acaricia as costas da gata ronronante e retorna ao seu posto de observações da singular cadência das rupturas de sentido. As cores se intensificam quando a onda dissimulada atinge o extremo da satisfação particular – a poesia do mar redesenha amores platônicos durante o silêncio da lua desbotada. O casal de mulheres atravessa a esquina da banca onde se compra seda sonhando com o indizível ou impraticável acordo entre as carícias feministas e o romantismo enterrado na areia.

Liz Christine

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dentro de cada inocência



A depressão das quartas-feiras – o caos da nebulosidade dos espelhos.

A centelha dos prazeres passageiros – ondas se dissolvendo em ombros descobertos.

A fumaça que preenche a noite – a volubilidade dos turbilhões bipolares.

A circularidade espiralada da diversão efêmera – o café de todos os dias.

O despertar sensorial – a organização parcial das essências primordiais.

A essência de cada individualidade nebulosa – as clarividências passageiras.

Os beijos refletidos no espelho – a volubilidade dos tecidos mais macios.

A estréia de um vestido – o calor dos desencontros.

A interseção de lados opostos – a complementaridade através de singularidades.

Silêncios apurando a música – ondas se dissolvendo em ombros nus.

A leveza da graciosidade infinita – o silêncio apurando a circularidade espiralada.

Os miados desafiando a singularidade de cada noite – a graciosidade felina.

A essência de cada beijo refletido no espelho – os amores quase sempre impossíveis.

As impossibilidades da realidade – os sonhos tão graciosos dentro de cada inocência.

O despertar da inocência – as clarividências passageiras.

O ritmo de cada beijo – a complementaridade através de singularidades.

A musicalidade de cada estrofe – poemas sem ponto final.

As reticências de cada olhar – os parênteses de cada carícia silenciosa.

A massagem primordial – as primeiras declarações de amor.

A chegada das tempestedades de neve – os sonhos tão graciosos dentro de cada inocência.

A despedida da infância – um lugar guardado dentro de sonhos graciosos.

Os primeiros e únicos amores – únicos para todo o sempre.

As primeiras e únicas paixões – as babuskas eternas guardadas dentro de cada inocência.

Liz Christine

domingo, 3 de junho de 2012

Sensações puras



A incapacidade de digerir a racionalidade atraente das borboletas vermelhas dispersa em parte a absolvição das sensações puras. As transparências cristalinas das cortinas fechadas apurando o sabor das sensações puras – o sempre presente silêncio apaziguador das inconstantes mutações passionais transcritas na poesia sonora que ecoa nas janelas (sempre com tela). Sempre presente (a música dissonante das inconstantes mutações) – a duvidosa certeza das sensações puras desenhada em miados inaudíveis fora dos limites do quarto –,

, a movimentação felina dentro de poucas palavras trocadas – palavras insuficientes diante das sensações puras que se repetem indefinidamente modificando em essência a rotineira dispersão da gata branca e ruiva.

A sutil incapacidade de traduzir em poucas palavras (sempre inaudíveis fora dos limites das paredes pintadas de lilás) – a consciência sensorial da gata se espreguiçando sobre a cama.

A combinação de essências – a repetição que gera mudanças – o movimento das notas florais – o aroma do J’adore – o equilíbrio na intensidade das sensações puras –,

A tranquilidade dentro do quarto – a doçura destoante na madrugada – a permanente dissonância nos ideais que se repetem indefinidamente gerando novas perspectivas – a consciência sensorial que ecoa nas cortinas fechadas – o silêncio apaziguador das verdades ocasionais que se traduzem em suaves carícias carregadas pelo vento (...).

(A imaginação suavemente saciada –,

– em duvidosas bifurcações de personalidade felina desenhando beijos lésbicos nos espelhos do banheiro.)

Liz Christine