sexta-feira, 4 de maio de 2012

O amor



O gato saboreia macarons de doce de leite ou amora enquanto a música é degustada vagarosamente durante a hesitante escolha das propriedades afetivas. Je ne sais pas – repete o gato após experimentar a nostalgia das músicas sem prazo de validade.

_ O amor tem curto prazo de validade. – diz a coruja.

E ninguém responde. Nem as gatas apaixonadas pela lua, nem o gato que saboreia os macarons, nem os uivos distantes de labrador enfastiado e nem as babuskas que se beijam no canto mais isolado. Ninguém nem sequer olha a coruja – exceto os pinguins acalorados que querem mergulhar em uma banheira cheia de gelo e perfumes afrodisíacos.

_ O amor é eterno quando termina. Mas nem tudo que termina é amor. – a coruja fala distraída enquanto beberica uma Perrier.

Mas ninguém ouve a coruja, ela nunca eleva a voz. Os pinguins se encaminham para o banheiro com um balde de gelo para encher a banheira. E as babuskas trocam declarações de amor sem palavras enquanto a lua suspira entediada com a falta de tato da pobre humanidade corrompida por estratégias de marketing.

Liz Christine

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