terça-feira, 15 de novembro de 2011

O amor impróprio


Um silêncio revestido de pequenas distrações peculiares. O vento assoprando recados que se apagam na areia. Pequenas distrações peculiares redesenham as formas já conhecidas de versos regravados na memória indefinida por antecipação. As respostas dúbias se antecipam às perguntas quietas pronunciadas sobre a cama onde se deitam as borboletas embriagadas pelas músicas saudosistas.

Os anos dourados da popularização do jazz redifinem as estratégias de consumo dos sonhos parcialmente ingênuos compartilhados no banheiro. Lavando o rosto tão cansado de indefinidas propostas carregadas pelo mar. As sereias acenam para a menina que foge do sol caminhando lentamente de mãos dadas com outra garota.


O amor impróprio é consumido a cada noite ao lado das xícaras de chá de baunilha e mel com um leve toque de camomila misturada ao silêncio de pequenas distrações peculiares. A gata sobe na janela com tela e observa a noite repartida entre sonhos ingênuos e contradições saboreadas em conjunto.


Liz Christine

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ella


Ella não quer mais o vazio irregular que preenche os raios solares – a poluição terrena inconsistente que persiste no ar contaminado. Palavras inconsistentes poluindo o silêncio de Ella – fragmentos escondidos dentro das ausências de Ella. A voz se refugia do vazio irregular que preenche os raios solares – a voz cantarolante de Ella guardada longe da observação constante de convidados sem permissão para invadir ou contemplar o silêncio de Ella. Todas as opiniões ou impressões subdivididas em seções desorganizadas são recolocadas na varanda sob a luz da lua – durante o auge da inquietação felina. Ella sobe correndo e miando as escadas que levam ao quarto dos brinquedos – as bonecas previamente arranháveis ou admiráveis esperando por Ella. Ella deita sobre o notebook procurando arquivos inexistentes enquanto sua dona faz café ouvindo música – e o tédio passageiro se desfaz entre as ronronantes carícias que Ella recebe no pescoço ou na barriga. O dia amanhece nublado e Ella procura as verdades ocultas de sua dona – os sonhos que ninguém mais, além de Ella, conseguiria decifrar ou ler na penumbra do quarto onde dormem juntas.

Liz Christine

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Despertar



As obsessões irredutíveis que se desmancham em uma colher de chá de açúcar light – a eterna cadência de princípios desvalorizados.

O despreparo sentimental mergulhando no mar intoxicado – a falta de estabilidade no equilíbrio das variáveis inclinações particulares.


O senso de humor concentrado no cacho de uvas sobre o prato de porcelana azul – e o quebra-nozes delineando a falta de prática recortada da inexperiência da borboleta.


O desejo primaveril transparece nas flores de Maio – o primeiro dia do crescente despertar de incoerências apaixonantes.


O inconsciente floresce no pedaço do paraíso que se dissolve na língua das borboletas atraentes – o movimento das asas atrai todos os olhares dissimulados.


A inexperiência camuflada sob a intensidade dos sonhos loucos – inclinações dissimuladas sob o silêncio constante das obsessões irredutíveis.


Duas sílfides se enroscam debaixo das cobertas – e a lua suspira em seu crescente despertar renovado a cada noite.


Liz Christine

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Luz de velas


Os sapatinhos vermelhos e a instigação felina – nos seios bem delineados se esconde toda a preciosidade do amor encoberto. A deliciosa sede das babuskas encobre parcialmente a perturbadora troca de palavras regada no jardim.

As flores perfumadas reeditam o tom das maleáveis quebras de sentido – os sentidos se transmutam em pausas inacessíveis. O amor inesgotável se desdobra em fases alternadas de contradições complementares – e não resta mais nenhuma certeza sólida para ser saboreada à francesa acompanhando os cálices de vinho do Porto.


O beijo do casal de namoradas iluminado pela luz das velas dissolve voluntariamente os transtornos de personalidade bipolar – e a música ecoa nos ouvidos felinos instigados pela movimentação dos sinos presos à estante de livros.


Liz Christine