domingo, 3 de abril de 2011

Martina

A centopéia de pelúcia brilhava na escuridão e a inquietação reinava nas janelas teladas e a brisa beijava os móveis e as gatas afiavam as unhas nas cadeiras do escritório ao lado do quarto principal. No quarto principal um sapo de brinquedo ocupava um dos travesseiros da cama de casal desfeita e o tão conhecido tédio envolvia os cabides dentro do armário e os afetos suaves circulavam de mãos dadas com as intolerâncias diárias de cada significado mutante que troca de direção ou sentido ou gênero a cada dois ou três anos. A centopéia de pelúcia radiante se chamava Martina e todos os outros brinquedos da casa tinham nome e faziam aniversário sem nunca revelar as intenções de cada mutação ou mudanças de gênero ou sentidos dos afetos que circulavam de mãos dadas com as intolerâncias diárias que envolviam cada pausa no desenvolvimento natural das insanidades teóricas relatadas a cada reunião dentro do escritório ao lado do quarto principal. Inspirando profundamente os perfumes misturados ao calor e ao vapor d’água durante um longo banho quente enquanto do outro lado do corredor há uma festa para a qual não convidaram as intolerâncias diárias nem os significados mutantes. A sede invade invade o quarto de hóspedes enquanto me visto lentamente depois do banho à espera da próxima pergunta – teu mundo cheio de perguntas me observa atentamente enquanto me movimento sem pensar. Cada movimento envolto em silêncios breves cortados por frases repentinas desenha uma nuvem de suaves afetos circulando de mãos dadas com as intolerâncias diárias.

Liz Christine

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