quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mon rêve c’était vous


Ah a babuska que caiu da estante de livros. Eu já nem sei, e já nem digo mais que nem sei. Nada de nada. Os sentidos se escondem atrás da porta trancada. Mon rêve c’était vous. Ah a palavra que desabou no chão e perdeu o sentido – (amor). Essa palavra invisível criou raízes e desabrochou – até que a realidade de uma ausência (ou muitas) a reduziu em pedaços indiferentes e desconexos. Muitas outras palavras sobrevoam esse sentido invisível – mas estão todas escondidas atrás da porta trancada. Todas as palavras se esconderam das estrelas enquanto eu buscava a verdadeira essência do esquecimento plausível. Ah buscar sentidos plausíveis em meio aos livros da estante e encontrar apenas uma babuska que caiu da estante derrubada pela inconsistência das palavras impregnadas de ausências plenas de incompreensões correndo contra o tempo. É que não quero mais perder tempo – apenas descansar em silêncio até a próxima ausência ali na banca da esquina. Fumar o sentido invisível que não desgruda da minha impaciência ausente da real situação das tuas perguntas carregadas de carências. Posso te abraçar e esquecer toda a minha indiferença em relação aos clichês do amor e acreditar realmente por alguns instantes na verdade de todas as declarações apaixonadas – mas sei que não. Preciso de algo além dos clichês – algo que realmente exista. Além de quaisquer declarações. Preciso de toda a doçura impossível de ser desembaraçada da confusão que se faz em torno da palavra ausente (amor). Esquecer todas as mentiras bem-intencionadas e mergulhar – (ou fugir). Fugir até quando? Até não poder mais – até não poder mais te esquecer (...).

Liz Christine

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