domingo, 9 de janeiro de 2011

Inquietudes


A realidade sufoca todas as tolices guardadas na geladeira na mesma prateleira onde se econtram os morangos e os pêssegos. A realidade sufoca também amores corroídos pela falta de tempo ou excesso de iogurte desnatado deixados sobre o chão ao lado do notebook. O que precisa ser dito na realidade é que nada precisa ser dito realmente. O polvo adivinha todas as lágrimas derramadas injustamente. Já no café da manhã bebe-se toda a insatisfação domesticada pela realidade. Mas não me conformo nunca – os amores corroídos pela falta de tempo sobrevivem em canções imortais. Devo dizer que todo transtorno mal curado me espia enquanto lavo meu cabelo à espera de uma solução. Soluções que nunca chegam porque a cada dia nascem novos conselhos, todos coerentes e passíveis de serem adaptados à cada realidade que circula alheia pelas ruas. Ah ausência (...). Toda a ausência que mora em corações entristecidos enquanto observo certos movimentos de trovões cortando realidades – cada realidade circulando alheia às outras, e são tantas. Um minuto de atenção, não consigo mais me concentrar. O polvo adivinha todas as injustiças derramadas inutilmente enquanto tolices são degustadas junto ao café. Onde encontro uma realidade mais condizente com o amor que mora em gaiolas querendo voar de mãos dadas com a satisfação plena de todos os sabores? Ah transtorno (...). Exercícios de respiração acalmam progressivamente as inquietudes afogadas injustamente na banheira. As inquietudes ainda respiram e se encantam com cada saudade compartilhada com o mar – ah saudades (...).

Liz Christine

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