segunda-feira, 19 de maio de 2008

Eu faço tudo para chamar tua atenção...


Acordo com gosto de fruta. É que eu respiro tua pele em sonhos. E mastigo as pontas dos teus cabelos dormindo. Tua pele clara como a minha, teu cabelo bem mais claro que o meu, teus cílios de boneca. Fumo meu primeiro cigarro do dia e conto o que sonhei. Tomo meu café com torradas e fico com preguiça de fazer o que sempre faço ao acordar. Lavar o rosto, escovar os dentes, escovar o cabelo, passar creme no rosto. Tomo dois banhos por dia, mas não ao acordar. Costumo acordar meio-dia. Fico entediada só de contar e paro por aqui. Mas com você não há espaço para o tédio. Você entre meus pensamentos osbcuros como pupilas dilatadas na escuridão de uma madrugada em claro. Olho para minha gata e vejo você. É a cor dos olhos dela. Troco a água para ela, só para ela. Tem outra gata, mas é para a gata de olhos verdes que eu troco a água. Mas não posso deixar de falar do meu gato. São duas gatas e um gato. O nome dele é Sócrates por causa de um livro que eu estava lendo. Mas passei a chamá-lo de pato e ele sempre atende. Ele é comilão e adora doces e barras de cereais. As gatas preferem atum light. Eu não leio, eu devoro lambendo as palavras. Em todas as palavras de um livro sobre o absurdo de um amor extremo, eu vejo nuances e detalhes de nós duas. Sartre escreveu uma peça sobre um crime passional, Les Mains Sales. Teu crime foi ter me deixado de joelhos rezando para que você voltasse para mim. Mas ninguém viu isso nem nunca vai ver. Todas as bebedeiras e remédios para emagrecer ou dormir e todos os meus escândalos mais pareciam ataques de menina mimada. Ainda bem. E as festinhas orgiásticas mais pareciam manias minhas. Ainda bem. Quer saber? Eu faço tudo para chamar tua atenção...

Liz Christine