domingo, 24 de fevereiro de 2008

dentro da madrugada insone


Duas estrelas piscaram dentro dos meus olhos e eu me acendi. Foi quando senti sua voz crescendo dentro do meu olhar. Eu pedi para você fechar os olhos e deixar eu gravar bem o seu rosto. Mas eu não te via tão bem, quer dizer, acho que te enxerguei ainda melhor do que você talvez fosse na realidade. Estava escuro e eu me concentrava na sua boca, suas pálpebras semi-cerradas, seus cílios, sua testa, e eu quis que você beijasse minha testa e meus olhos que eu fechei assim que te pedi o que eu queria. Mas você procurou meus lábios que sorriam para suas mãos que colocavam meu cabelo para trás da orelha. E tudo ao meu redor parecia me acolher das minhas carências pulsantes. Bebi água e bebi também abraços fortes e vozes sorridentes que me convidavam a abandonar de vez qualquer sentimento de orfandade. Fui adotada, adotada por muitos beijos de uma boca macia e sensível. E foi assim que eu nasci de novo. Eu nasci de novo dentro da madrugada insone. Eu nascia a cada vez que te sentia tão perto de mim, você me envolvendo em seus braços, você me escutando, você me dizendo. Eu te dei meu telefone. Eu te dei as asas que se abriam para a escuridão de uma música sobre todas as sombras de uma transferência.

Liz Christine

2 comentários:

O Fantasma de Chet Baker disse...

Liz, que delícia de texto!Seco e suave como um bom vinho. Simone e Jean Paul certamente adorariam sorvê-lo. Vc leu A Náusea? É meu roman preferido. Da Simone amo Todos os Homens São Mortais. Etre et Neant é meu livro de cabeceira. Que delícia ter te conhecido!
mil luas pra vc

O Fantasma de Chet Baker disse...

Liz, que delícia de texto!Seco e suave como um bom vinho. Simone e Jean Paul certamente adorariam sorvê-lo. Vc leu A Náusea? É meu roman preferido. Da Simone amo Todos os Homens São Mortais. Etre et Neant é meu livro de cabeceira. Que delícia ter te conhecido!
mil luas pra vc