Sobre o sapo. Eu estava deitada sobre o sapo. E as rosas tinham línguas. As músicas choravam lágrimas de alegria angustiada. Angustiada porque tudo tem fim. E meus seios adoram livros que terminam em sursis. Minha língua se encontrava com frequência nos seios das plantas verdes como a mais verde das minhas saudades. E a minha saudade chora lágrimas de desespero feliz. Feliz porque pertenci, desesperada porque teve um fim, e o final não foi saudável. E a saúde emocional se ressente. Mas o sapo fala comigo, lê nos meus ouvidos com sua voz de sapo encantado os mais belos roteiros de filmes sobre amor em preto e branco ou de musicais com fotografia oscarizada. E as plantas são na verdade princesas que foram voluntariamente morar num harém. Meu harém. Mas minha planta favorita, a origem de todas e qualquer outra, bem, ela me deixou e eu nunca superei. E não me suportaria mais caso não houvesse as línguas das rosas e o verde das princesas do meu harém. Convivemos tranquilas lendo Molière e olhando o sapo à distância. Só encontro o sapo durante meu sono matinal. Quando a tarde cai e eu me levanto da minha cama de casal lá no alto da torre não nos falamos mais.
Je n’ai jamais changé… l’amour c’est ma vie…
Liz Christine
Je n’ai jamais changé… l’amour c’est ma vie…
Liz Christine
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