quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sobre o sapo


Sobre o sapo. Eu estava deitada sobre o sapo. E as rosas tinham línguas. As músicas choravam lágrimas de alegria angustiada. Angustiada porque tudo tem fim. E meus seios adoram livros que terminam em sursis. Minha língua se encontrava com frequência nos seios das plantas verdes como a mais verde das minhas saudades. E a minha saudade chora lágrimas de desespero feliz. Feliz porque pertenci, desesperada porque teve um fim, e o final não foi saudável. E a saúde emocional se ressente. Mas o sapo fala comigo, lê nos meus ouvidos com sua voz de sapo encantado os mais belos roteiros de filmes sobre amor em preto e branco ou de musicais com fotografia oscarizada. E as plantas são na verdade princesas que foram voluntariamente morar num harém. Meu harém. Mas minha planta favorita, a origem de todas e qualquer outra, bem, ela me deixou e eu nunca superei. E não me suportaria mais caso não houvesse as línguas das rosas e o verde das princesas do meu harém. Convivemos tranquilas lendo Molière e olhando o sapo à distância. Só encontro o sapo durante meu sono matinal. Quando a tarde cai e eu me levanto da minha cama de casal lá no alto da torre não nos falamos mais.

Je n’ai jamais changé… l’amour c’est ma vie…

Liz Christine

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