quarta-feira, 2 de julho de 2014

Nascondino




Pamina está presa. Afiando as unhas em uma almofada acabou não conseguindo se soltar. Miou. Mas não foi ouvida rapidamente. Demorou um pouco. Miou novamente. A ajuda chegou então. Pamina escutou palavras gentis e ganhou alguns mimos. Descansou um pouco, acordou, viu um armário que costumava estar sempre trancado – e uma das portas não estava trancada agora. Pamina então está presa.

Le nuvole non avevano un argomento piacevole.

Le gatte osservano le nuvole.

Otto anni fa – o quattro o cinque anni fa. Il compleanno.

Dal Primo Maggio. Dal Primo Dicembre. L’anno scorso.

Dal Novembre. Qualche giorno. Qualche volta. Qualche libro.

Le gatte osservano le nuvole. E scrivono. Anch’io. Neanch’io.

Pamina foi brincar e fecharam o armário – mas ela lá dentro permaneceu em silêncio. Não miou, não avisou. Hoje ela está inquieta. Normalmente é calma. Não faz muito barulho. Quase não mia. Mas hoje é diferente. Talvez sejam as fases lunares. Pamina é sensível. E agora ela está com sede e quer sair do armário. Mas está com preguiça de miar. Miar consome energias. Pamina está cansada. Brincou demais e pesquisou todos os itens do armário, um a um. Encontrou uma boneca vestida de bailarina. Uma recordação de infância. Uma boneca antiga mas em ótimo estado. “Não se fazem mais brinquedos assim hoje em dia” – ela pensa. Ou fazem? Pamina resolve meditar enquanto está presa. Mas logo sentem a sua falta e chamam seu nome. Ela consegue ouvir todos os passos enquanto a procuram. “Nascondino” – ela pensa. Até que abrem as portas do armário, uma a uma, ansiosamente – e lá então encontram Pamina. Ela ganha colo e beijos. Ronrona. E mia suavemente.

Liz Christine

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