quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Como as plantas



 
O silêncio recobre a vaidade – silêncio profundo duplicado na xícara de café...

Imagens retornam ao início de tudo dentro dos sonhos repartidos – tudo ou nada ou quase ou esqueça... Um quase despertar que foge a todo instante – sonhos repartidos e quase esquecidos retornando aos princípios desleixados – deixe estar, não se incomode, abstrair, esconder, subtrair, duplicar, repartir, mais intensa (retornam com mais intensidade)...

Mais intensa a abstração – esconda. Amores correspondidos – fuja. Nunca permaneça – apenas as exceções. Desejar apenas as exceções para todo o sempre – as regras são excessivamente vaidosas (ou talvez vazias de pressentimentos)...

Permaneça em silêncio durante três quartos do tempo volúvel – amores correspondidos em sonhos repartidos na profunda absorção de pressentimentos. A doce concisão dos sonhos repartidos – não complique mais a problemática interpretação de imagens sorrateiras que transparecem a cada gole de café. Problemas passageiros – tudo passa ou quem sabe quase nada muda tão profundamente nos intervalos da televisão (ignore, como fazem as plantas).

As plantas ignorando todos os comerciais ou séries – as plantas interessadas no balé dos peixes e fadas. Os peixes sonhando com felinas amistosas que convivem pacificamente com borboletas e mariposas flutuando ao redor do aquário. Palavras flutuam – fadas se escondem às vezes. Palavras camufladas – permaneça em silêncio durante três quartos do tempo volúvel e repita o café e o beijo. Sim, de novo – ignore as defesas eternas, como fazem as plantas.

As plantas tão pacientes e tão ardentes – as plantas queimando incensos e saboreando trufas de café ou cereja (isoladas das multidões barulhentas). As plantas indo ao mercado para comprar espinafre e brócolis – plantas degustando temakis enquanto assistem filmes de Buñuel.

Plantas comprando areia de gato e ração – enquanto a fada mais indecisa do esconderijo chama sua gata Titânia para visitar as plantas... Sim, as fadas vivem às vezes em esconderijos – só às vezes (assim como fazem as plantas).

Liz Christine

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