terça-feira, 3 de julho de 2012

Harmonias



O merecido descanso derrete as porções de sentimentalismo dúbio congelado sem prazo de validade legível. A data pontilhada da desordem generalizada – a validade instável das variáveis indeterminações supostamente prontas para serem consumidas. O gato doce – tão doce – espia o merecido descanso das improbabilidades sentimentais que circulam na mediação das harmonias torrenciais. E o clima agradável anuncia uma repentina troca de humor – onde havia incertezas, há agora desenvolturas sensoriais.

A gata branca com manchinhas pretas dormindo grudada na gata ruiva – a primeira tem seis anos, a outra tem quatro anos. Sonham juntas enquanto se enroscam nos bolinhos de catnip servidos com chá às duas da manhã no apartamento com tela em todas as janelas. Comem fatias de sashimi ou salmão ring ou carpaccio de salmão enquanto namoram na quietude da alta madrugada. Ambas têm insônia e aproveitam os momentos de descanso quando as corujas trabalham arduamente.

Onde havia hesitação, há agora euforia silenciosa. Uma euforia silenciosa se instalando na fonte com água sempre fresca onde as duas gatas trocam informações sobre o cotidiano febril das corujas – e também sobre o clima agradável das músicas intimistas recheadas com miados e maresia. A larica dos bolinhos de catnip servidos com chá é saciada com casca de laranja cristalizada ou com ronronantes passeios pelo corredor que liga os quartos da casa. As duas gatas escovam os dentes e adormecem abraçadas – prontas para mais uma segunda-feira cheia de tarefas que serão recompensadas nos próximos dias de merecido descanso.

Liz Christine

Nenhum comentário: