O bloqueio
sentimental das horas ocultas
Sofrimento permanente das asas corroídas
Liberdade inatingível das ondas lúcidas
Tristeza e ausência no rosto da boneca de porcelana
Sofrimento permanente das asas corroídas
Liberdade inatingível das ondas lúcidas
Tristeza e ausência no rosto da boneca de porcelana
Liberdade
atrofiada sem a movimentação das babuskas
Inútil evolução
da espécie
O jardim
das borboletas lésbicas permanece oculto
Oculto em
fantasias libertárias de delicadeza e suavidade
O mundo
autoritário e até hoje sexista
O mundo
corrompido com suas asas negras
Enquanto as
asas das borboletas sobrevoam verdades ocultas
O bloqueio
sentimental das horas ocultas
O mundo
corrompido bloqueia fantasias doces
O mundo
autoritário corrompe a inocência eterna
A inocência
daquela espécie em extinção
A espécie
que sonha com doçura
A espécie
que cria ou inova ou reconstrói
A espécie
que ainda acredita na arte verdadeira
Ou em
amores que não se decompõem com as corrosões do tempo
A espécie
em extinção que vive isolada
Espécie sem
seguidores ou seguidoras
Espécie à
margem da vida
Excluída
das preferências massificadas
Espécie
condenada à loucura ou à poesia
Ou ao sonho
eterno que não encontra nenhum pouso seguro
Flutuando
entre sonhos e rotinas fúteis
Entre a
realidade massificada da qual não se pode fugir
Mas por
dentro – sempre à margem da vida
Liz Christine
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