segunda-feira, 14 de março de 2011

Lilás ou azul


Uma certa incapacidade em administrar o tempo que flutua em suaves prestações – uma tola incapacidade de permanecer acordada diante das injustiças corriqueiras (...);-/

Fechando os olhos para sentir o tempo correndo em suaves prestações que se bifurcam em sensações preciosas de intensidades variadas ;-))

Silêncio para observar os tons e gradações do tempo correndo na direção oposta ao rio que atravessa a música que nasce de um encontro dentro da noite estrelada – em suaves prestações continuo bebendo suspiros e sílabas desconexas (...) – :

Toda a música flutua no espelho do banheiro mal iluminado onde a lâmpada azul desenha sensações preciosas em meus ombros e em minhas costas nuas – o decote do vestido deixa livre quaisquer dúvidas a respeito da alimentação das borboletas ;-/

Sim, as borboletas sobrevoam cada instante de puro desabrochar de intenções verdadeiras desenhando a noite que se esconde atrás de um beijo compartilhado com a lua – nem sei mais como encaminhar as estrelas para as gavetas do armário (...),,,,

A realidade sai aos poucos do ritmo febril de inconstâncias plenas de sílabas desconexas e contradições saborosas enquanto o tempo continua servindo champagne e geléia de rosas frescas – ah uma certa incapacidade de reter cada instante na memória que se desfaz ao despertar de um mergulho em águas doces ou salgadas (...)/,

Sensações volúveis e encontros plenos de inconstâncias – todo o tempo retido na memória se desfaz a cada noite para redesenhar a lua preenchida por sentimentos dobráveis que guardo dentro das gavetas do armário e esqueço a cada despertar (...) ;-/

Sim, esqueço a cada despertar para redescobrir sempre o sabor de cada tentativa de alcançar a impossível satisfação permanente de todas as inconstâncias e sonhos contraditórios de uma só vez :-)

Mergulhando em sensações intensas de sabores parcelados em suaves prestações de tempo hedonista enquanto as borboletas sonham com o impossível alimentando ideais que se desmancham na xícara de chá – o romantismo se escondeu em algum compartimento da estante de sapatos e só vai voltar quando a gata branca pintar as unhas de lilás ou de azul (...).

Liz Christine

quinta-feira, 10 de março de 2011

Reflexos


Tudo bem, vou descer as escadas e procurar todos os sentidos perdidos dentro das conchas que se dissolvem a cada despertar (…).

A gata branca se escondeu dentro do armário onde moram as palavras bêbadas de vinho do Porto misturado às cápsulas cor de rosa com curto prazo de validade (...).

Remédios, ah remédios, remédios para despertar do torpor que a tristeza sem sentido provoca nas estradas interditadas – não há caminhos possíveis para se chegar ao tão sonhado luar de inverno (...).

Nem inverno há – apenas o mar tão revoltado quanto minhas idéias tortas e teus desejos correspondidos (...).

Toda a satisfação é possível, e ainda assim uma terna e estúpida tristeza ronda meus cachinhos plenos de sentidos que se escondem do vento sempre prestes a desfazer quaisquer certezas (...).

Impossível me concentrar em satisfações plenas de incertezas concretas – remédios, ah remédios, remédios para dosar a plenitude de vôos que nunca encontram o pouso ideal (...).

Nem os ideais aqui permanecem, todas as abstrações flutuam enquanto o chão se desfaz a cada passo dos meus sapatinhos vermelhos – mal consigo me equilibrar sobre uma incerteza tão volúvel (...).

A cada dia, certezas anteriores se dissolvem em um copo de água – e abstrações cheias de saudades se renovam e se modificam dentro de cálices de vinho (...).

Toda a satisfação é possível, e ainda assim sobram dúvidas diárias a respeito de tudo – inclusive sobre silêncios repletos de plenitudes (...).

Tristezas tão volúveis quanto satisfações de desejos recíprocos – e o entendimento nunca soa possível dentro do armário onde a gata branca se esconde das visitas indesejadas (...).

Remédios, ah remédios, remédios para domesticar toda a revolta das ondas do mar – remédios para misturar ao vinho e gerar toda a variedade de reticências (...).

Onde foi que deixei todas as intuições e pressentimentos? Não vejo nada além de cores brotando dos reflexos da lua sobre o mar revolto (...).

Liz Christine

sábado, 5 de março de 2011

A poesia de um beijo


Ouvir a própria respiração enquanto toda a concentração se dispersa ao redor da lâmpada azul – ah a chuva que cai lá fora desaloja as implicâncias mútuas (...).

Tudo é silêncio dentro das diferenças comportamentais da lua em relação às estrelas que povoam a noite que cabe em uma página de livro inacabado (...).

Frases que não se completam e reticências plenas de desentendimentos desabrochando a cada inspiração (...).

Ouvir a própria respiração enquanto toda a concentração se dispersa ao redor da lâmpada azul – ah o barulho da chuva que cai lá fora invadindo o silêncio das janelas fechadas (...).

Nem sei mais imaginar o final da tristeza que cresce solta nos galhos das árvores tão falantes que penso nas diferenças comportamentais letárgicas que povoam a noite que cabe em uma página de livro inacabado (...).

Quero a poesia de um beijo – e encontro mais palavras debaixo do travesseiro (...).

Ah palavras que já não se encaixam mais no ritmo do mundo – palavras à parte vindas de realidades isoladas que moram em diferenças anti-sociais que se dispersam ao redor da lâmpada azul (...).

Ouvir a própria respiração desligando qualquer realidade externa para mergulhar em instantes de apuração dos sentidos plenos de estímulos (...).

Quero toda a poesia de um beijo – e encontro mais palavras cobrindo a tua nudez plena de sentidos apurados (...).

Liz Christine

quarta-feira, 2 de março de 2011

Babuskas sorrindo


Ah se algumas nuvens fossem feitas de silêncios – e se a outra metade das estrelas fosse feita de gestos dóceis ou profundos. E se a gata branca tomasse um banho cheio de estrelas caindo gota a gota repletas de gestos dóceis ou profundamente concisos e repletos de delicadeza permanente. Mas a sutileza não reina mais no céu que desaba sobre a grama enquanto a lua solitária busca uma saída do labirinto de espelhos distorcidos. As imagens sobrepostas se distorcem ao sabor de silêncios carregados de insatisfações plenas de desvios no caminho – ah se no meio do caminho fosse possível reencontrar a plenitude que preenche um poema escrito antes de qualquer desabamento de sentidos descobrindo mundos submersos em conchas marinhas. Ah se todas as músicas cantassem o primeiro amor ao invés de sublinhar o desamor ou a decadência das paixões frustradas – e se todos os poemas fossem escritos antes do primeiro beijo significativo. Ah se todos os beijos tivessem significado ao invés de serem meros passatempos notívagos para fugir do tédio e do vazio que mora em cada coração solitário – corações tão solitários no meio de cada multidão. Palavras tão imperfeitas quanto lágrimas durante o amanhecer de cada primavera. Sentimentos tão poluídos quanto os mares mais frequentados. Onde a pureza se escondeu definitivamente? Ela muda de esconderijo a cada dois ou três anos em uma rota de fuga constante da poluição dos mares e do ar que se respira sem a menor consideração com o equilíbrio dos mundos submersos em conchas. Ah tédio que rodeia cada instante de ausência e carência de sentido – os sentidos se escondem em cada perfume que a gata branca fareja enquanto caça objetos perdidos no meio dos livros espalhados pelo chão. Caçando canetas que falham e objetos decorativos que caíram da estante enquanto as babuskas continuam sorrindo diante das insatisfações que povoam o mundo.

Liz Christine