sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A reciprocidade no amor


Um cigarro após o outro, tentando alcançar o inatingível. Só porque não há respostas. Sou essencialmente incerta. E estou basicamente errada. Como acreditar em um amor único e sair por aí em busca de? Sempre em busca de. É porque não quero te esperar.

As estrelas choram e as nuvens caem. Minha voz desaparece e teu rosto se desfaz. A música dá voltas em torno de uma estrela até escorrer dos teus dedos inquietos. Sons escorrendo da tua pele e indo de encontro à minha boca – e eu me calo porque estou engolindo cada nuvem silenciosa que cai do céu que mora dentro de um quadrado azul.

Um cigarro após o outro e a fumaça desenha palavras que nunca vou pronunciar na tua frente – ou será que pronuncio? Tudo vem em ondas e eu não consigo apreender todos os sentidos subentendidos em um círculo. Tem uma bolha ao meu redor que me impede de ver a falsidade e talvez a ironia de situações duvidosas que me soam belas. Eu acredito em sorrisos e em olhos que brilham no ritmo de um coração descompassado.

Não vou fazer perguntas. Não vou vasculhar o indecifrável. A minha incerteza cheira a baunilha. Minhas dúvidas estão na essência que antecede a. Eu não compreendo mas não julgo. Algumas vezes eu penso entender mas posso estar enganada. Sei que erro e me bifurco. E me multiplico e me escondo e reapareço e sempre te vejo – te vejo dentro da nudez de uma página a ser preenchida. E não creio em amor que não seja recíproco.

Diga que poderia vir a amar demais um dia – mas não fale que ama quem não retribui teu amor. Pode ser apenas uma fantasia que caso se tornasse real perderia o brilho. Então diga que ama se for correspondido o teu anseio – e assim... assim eu creio. Eu creio no amor que se alimenta de pequenas ou grandes surpresas cotidianas e da convivência.

Eu tenho uma fantasia. E tive um amor real por uma mulher. E gostei de algumas outras que não foram meu grande amor – mas eu gostava muito. Mas a fantasia – bem, a fantasia – atrapalha? E o que poderia vir a ser um dia? Como saber? Eu só creio em amores correspondidos. Mas desenho quadrados azuis nas paredes e guardo estrelas feitas de realidade na minha parte mais precisamente viva e sensível.

Liz Christine

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