sexta-feira, 4 de julho de 2008

La spirale du silence


“Did you know when you lost?
Did you know when I wanted?
Did you know what I lost?
Do you know what I wanted?”
(trecho da música Silence, Portishead)

Aquela noite ou manhã, sabe? Não, não fala nada, espera eu acender mais um cigarro de canela. Eu não fumava ainda... mas misturava tantas coisas, lembra? Não tenho certeza se foi naquele mesmo dia que você não acreditou em mim e eu fiz o que fiz sem saber o que fazia. Tenho a sensação de que te encontrei na casa de um amigo em comum, e você falou qualquer coisa que não me agradou. E também falou de alguém. Alguém que eu conheci depois. E eu não sei, sabe?, porque é tudo tão confuso na minha cabeça. É que eu fugia da realidade. E você nunca percebeu, ou percebeu e não tentou compreender.

... alguém que tenha
a minha senha
a chave perdida
em algum lugar
da minha vida...

Um trecho de um poema escrito aos dezoito anos, pensando em ti. É verdade, encontrei poemas meus escritos dos dezesseis aos dezenove anos, sabe onde? Na internet, espalhados. É porque depois da minha quase-morte não escrevi mais poemas. Escrevi alguns poucos e depois parei totalmente. Qualquer coisa de inocente morreu em mim. Mas poesia também vive em outras formas de expressão. Vejo poesia na tua voz. Sabe as trilhas sonoras dos filmes do David Lynch? Você também vê?, ou só eu vejo? Eu também vejo alguma poesia nos bigodes daquela gata que dorme dentro daquela noite ou manhã e nunca mais acordou. Uma vez por outra ela abre os olhos, depois volta a dormir.

Liz Christine

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