I see your face in every flower, your eyes in stars above
Estrelas nas paredes, seu cabelo escorrendo água, estrelas-do-mar no chão do banheiro. Tem uma piscina dentro do chuveiro, e conchas dentro da piscina, conchas peroladas e pequeninas. Seus olhos escorrendo pétalas de rosa, você se desmanchando em sorrisos luminosos, seus braços se agitando em breves movimentos. Estamos assim, protegidas pelo vapor d’água que embaça todos os espelhos. Pode-se desenhar nos espelhos, desenhar um sol, uma lua, peixinhos e gatos. Os gatos miam em espiral e recortam palavras da minha boca. Eu estou cantando no seu ouvido.
I’m living in a kind of daydream
Já é quase de manhã, já é quase meio-dia, já são quase dez da noite, o tempo escorre assim, a noite voa, o dia vem. Vem me dizer que me deseja sempre úmida e fresca. Sou a angústia de uma idéia sem refresco. O prazer de um desejo recíproco. Sou o prazer de um desejo satisfeito. Sou o tédio de uma noite sem sentido. Sou a satisfação de um prazer compartilhado. Sou a obsessão que se repete monótona. Sou a diversidade que gira em espiral.
“... cair dentro de si mesmo, mergulhando numa tonta e escura onda de amor.” (Perto do coração selvagem, Clarice Lispector)
Você se cansa da piscina. Quer sair do banheiro. A água está tão quente, as conchas são tão macias, eu não quero sair não. Quero adormecer aqui e acordar abraçada com você. Quero viver assim e respirar todas as pétalas que escorrem dos teus olhos. Todas as gotas de exaustão que escorrem do seu cabelo. Você está exausta. Eu não. Estou bem acordada. E desejo as estrelas brilhando nas paredes.
Liz Christine
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Um comentário:
Olá.
Achei seu blog pelo post sobre suas músicas favoritas do Portishead.
Li alguns outros textos e achei-os formidáveis.
Você acaba de ganhar um humilde leitor (também carioca, mas ausente) :)
Saudações,
Gustavo
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