terça-feira, 15 de abril de 2008

Estrelinha verde


Uma estrelinha verde piscando dentro da chuva e eu aqui tão solitária pensando em teus olhos que piscam dentro das minhas mãos que tocam meu corpo cansado. Cansada de não fazer nada, eu me sinto tão cansada de fazer nadinha para ter você de volta me envolvendo em seus abraços apertados e me beijando dentro da minha introspecção constante que se dissolvia na tua pele nua. Teus seios eram tão brancos quanto os meus mas você não tinha nenhuma pinta entre os seios como eu tenho. Você contava minhas pintas e me contava sua infância e me falava que teve um gatinho quando criança. E você tinha um gato que morava com sua avó e que rolava quando fazíamos carinho na barriguinha dele. E eu acreditava que eu era a sua gata ruiva porque eu era ruiva e já não sou mais. E não sou mais temperamental e difícil de controlar também. E também já desconfio de palavras doces, mas antes eu me deliciava e me entregava às doçuras de escutar você falando comigo como se eu fosse tua gatinha. Mas agora que sei que não era eterno desconfio de qualquer declaração de amor e afetividade. Você me destruiu um pouco quando foi-se embora levando com você a melhor parte de mim. O que eu era para você foi a melhor parte de mim. Teu quarto era o melhor lugar do mundo e talvez não exista mais desde que você se mudou de lá. Eu já tinha ouvido declarações antes, eu já tinha visto pessoas apaixonadas antes, já tinha provado também o sabor dos ciúmes alheios e já sabia que meu amor à liberdade e minhas precipitações estressavam quem convivesse comigo. Mesmo assim você foi única e especial em tudo. Porque foi a primeira que amei de verdade e tudo era novo então. Talvez eu pudesse ter amado antes mas – não quero falar sobre outro erro meu. Eu destruo. Destruo tudo que me toca porque tenho tanto medo, tanto medo de não conseguir ir embora quando bem entender, que destruo assim. Minha estrelinha verde, agora chove e não tenho você para me proteger da morte. Porque eu morro um pouco quando estou solitária e morro mais ainda quando me jogo. Cansada e com muita sede, tanta sede. Sede dos bicos dos teus seios, sede de você toda, e cansada de me lamentar. Choro tudo que já foi destruído e durou o suficiente para me ensinar a verdadeira liberdade. Não quero mais várias mulheres. Quero uma só e seria livre ao lado dela...

Liz Christine

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