quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Gardênias


Ela usava gardênias nos cabelos. E tinha asas nas orelhas. Quando eu a convidei para ir a um bar gay comigo, ela me respondeu: “eu comecei a ser feliz quando desisti de procurar a felicidade”. Pois eu, comecei a ser infeliz quando desisti de buscar. Quando me acomodei na solidão e no descaso e mal tinha vontade de acordar. Eu insisti para ela ir comigo, ao que ela me disse: “infeliz aquele que vive nas trevas da madrugada”. Eu, por mim, adoro a madrugada. Mas quando caí em depressão dormia o dia e a noite inteiros. Eu arranquei, então, as gardênias dos cabelos dela, e gritei que estava farta, farta. Perguntei onde as asas dela poderiam nos levar. “Devolva minhas gardênias”, ela me pediu, “sem elas as asas não nos levariam a lugar algum”. Não devolvi as gardênias.

Liz Christine

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