quinta-feira, 20 de setembro de 2007

o céu que desenha o seu rosto


“Proust admitiu que todo o material do seu trabalho literário estava em sua vida passada, que ele o adquirira em meio a diversões frívolas, ócio, na ternura e na dor guardadas por ele, sem saber seu destino ou sua sobrevivência, sem saber que eram a semente e os ingredientes que fariam nascer e alimentariam a planta, a sua literatura.” (Diário de um fescenino, Rubem Fonseca)

Não acredito em passado. Acho que tudo que vive dentro da gente é presente. Mas também não acho bom viver dentro de si mesmo todo o tempo. Ando mergulhada em rosas vermelhas e pensamentos libidinosos. Ando por aí esbarrando em tudo, sem olhar para frente, vejo apenas um pálido reflexo do que sonhei tantas noites. Falo pouco, desejo demais. Quero mudar de direção, o meu olhar. Ontem quase fui atropelada. É que vivo adivinhando o céu que desenha o seu rosto. Ando olhando para as estrelas que cantam o seu sorriso. E as estrelas estão nas minhas sandálias vermelhas. Olho para meus pés desejando as nuvens que chovem em cada uma das suas mãos. E seus beijos vivem dentro de mim. Ando por aí vendo apenas um pálido reflexo do que tanto me atrai: intensidade…

Liz Christine

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