Contato físico. Troca de carícias. Troca de palavras. Ditas sem sentido. Sem necessidade. A minha necessidade é a sua pele, o seu colo, a sua mão que passeia na minha pele. Falamos de coisas bobas. Rimos de coisas bobas. E nada me parece tão bobo quuanto não aproveitar a música que nos envolve. A música que nos rodeia. A música que nos une.
Acendemos um incenso de rosas vermelhas. Escutamos a televisão que chega de um apartamento vizinho. E aumentamos o som. Só mais um pouco. Só mais um pouco, e eu vejo estrelas. Suas estrelas tatuadas. Minhas borboletas tatuadas. Nossas peles se descobrindo mutuamente. Debaixo das cobertas. Frio gostoso. Um café bem quente.
Mais um pedaço. Eu quebro mais um pedaço. As paredes tão finas, escuto a voz dos vizinhos. Um pedaço da realidade deles. Não quero ouvi-los. Estraga nossa música. Estrega nosso aroma de rosas vermelhas. Estraga o toque das suas mãos nas minhas costas nuas. Vamos fechar todas as cortinas. Baixar todas as persianas. Isolar a realidade externa de outras pessoas e quebrar mais um pedaço da nossa realidade sensível.
Engolir mais um pedaço da imprevisibilidade dos relacionamentos. Até quando vamos nos sintonizar assim? Que importa? Que seja verdadeiro enquanto dure a coloração. Quando a verdade acaba, o melhor é terminar. A verdade da cumplicidade, cumplicidade dos corpos e cumplicidade das sensibilidades. Cumplicidade dos atos e das idéias, e não precisamos concordar em tudo. Eu prefiro sair agora. Você prefere continuar em casa. Assim estamos bem, você diz, e é verdade, assim estamos bem mas me deu vontade de sair. E agora? Quem escolhe? Mais um pedaço, só mais uma metade. Saímos um pouco, e se estiver chato voltamos logo, voltamos bem cedo, você concorda? – ela me pergunta.
Não sei. Metade de mim pensa em fazer a vontade dela e ficar por aqui, a outra metade de mim ainda quer mesmo sair. Não sei, não sei, sou a indecisão e a preguiça em pessoa. Então ela me arrasta para o chuveiro. Um banho bem quente sempre ajuda a decidir, ela diz. Eu adoro banhos bem quentes cheios de espuma e à luz de velas. Com o som no banheiro. A música vem nos acompanhando pela casa. A nossa música. O nosso ritmo.
“… I want to lose my mind
But won't you please be careful
There's things I don't wanna find (…)
… Break me off a little piece of something
There's things I wanna find
With some help (…)”
(música Something, Leila)
Liz Christine
Acendemos um incenso de rosas vermelhas. Escutamos a televisão que chega de um apartamento vizinho. E aumentamos o som. Só mais um pouco. Só mais um pouco, e eu vejo estrelas. Suas estrelas tatuadas. Minhas borboletas tatuadas. Nossas peles se descobrindo mutuamente. Debaixo das cobertas. Frio gostoso. Um café bem quente.
Mais um pedaço. Eu quebro mais um pedaço. As paredes tão finas, escuto a voz dos vizinhos. Um pedaço da realidade deles. Não quero ouvi-los. Estraga nossa música. Estrega nosso aroma de rosas vermelhas. Estraga o toque das suas mãos nas minhas costas nuas. Vamos fechar todas as cortinas. Baixar todas as persianas. Isolar a realidade externa de outras pessoas e quebrar mais um pedaço da nossa realidade sensível.
Engolir mais um pedaço da imprevisibilidade dos relacionamentos. Até quando vamos nos sintonizar assim? Que importa? Que seja verdadeiro enquanto dure a coloração. Quando a verdade acaba, o melhor é terminar. A verdade da cumplicidade, cumplicidade dos corpos e cumplicidade das sensibilidades. Cumplicidade dos atos e das idéias, e não precisamos concordar em tudo. Eu prefiro sair agora. Você prefere continuar em casa. Assim estamos bem, você diz, e é verdade, assim estamos bem mas me deu vontade de sair. E agora? Quem escolhe? Mais um pedaço, só mais uma metade. Saímos um pouco, e se estiver chato voltamos logo, voltamos bem cedo, você concorda? – ela me pergunta.
Não sei. Metade de mim pensa em fazer a vontade dela e ficar por aqui, a outra metade de mim ainda quer mesmo sair. Não sei, não sei, sou a indecisão e a preguiça em pessoa. Então ela me arrasta para o chuveiro. Um banho bem quente sempre ajuda a decidir, ela diz. Eu adoro banhos bem quentes cheios de espuma e à luz de velas. Com o som no banheiro. A música vem nos acompanhando pela casa. A nossa música. O nosso ritmo.
“… I want to lose my mind
But won't you please be careful
There's things I don't wanna find (…)
… Break me off a little piece of something
There's things I wanna find
With some help (…)”
(música Something, Leila)
Liz Christine
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