quarta-feira, 18 de abril de 2007

Viver para o prazer


A minha raiva se desfaz em gotículas de atos descompassados. Rasgo uma folha. Apago um sentimento. Todo o amor que acordei sentindo, foi-se. Foi-se em tolas discussões acerca de desejos e impedimentos. Eu amo minhas gatas. Amo a água que eu bebo. Também amo as lágrimas, mas estas nunca saem de seus olhos. De seus olhos, apenas rancor e restrições. Sou um poço sem fundo de ansiedade e querer. Quero sonhos se concretizando e pesadelos se perdendo pelos descaminhos da memória. Quero ter memória seletiva. Lembrar apenas instantâneos de prazer. Flashbacks doces e suaves. Viver para o prazer. Um capuccino da Kopenhagem, uma torta tricolor da Chocólatras, um expresso com licor e rum ou brandy do Armázen do Café, uma festa que termine de manhã ou depois do meio-dia, filmes do Truffaut ou do Buñuel sobre paixões absolutas, palavras de Oscar Wilde, dançar nua, ser fotografada por uma namorada só de lingerie ou beijando-a na boca, chocolate branco, gatas se esfregando em mim. Eu só quero o prazer. Fazer tatuagens, reler roteiros do Bergman, reler peças de Tenessee Williams, leite condensado desnatado Nestlé com Nescafé e creme de leite light Nestlé batido no liquidificador, cigarros de menta ou canela ou cereja ou chocolate, sexo, sexo, sexo, outros corpos femininos, eu só quero o prazer. Nada de lembranças indesejadas. Nada de discussões inúteis. Quero desejos satisfeitos. E imaginação livre.

Liz Christine

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