"Qui est-ce?" (...)
"C'est Macha."
"C'est un rêve?"
"Oui."
_ Se
estás sonhando, cuidado...
_ Por
quê?
_
Sonhas demais. Já sonhaste todas as palavras e não escreveste o essencial.
_ Não
faço idéia do que seja "o essencial"...
_ Nem
precisas saber. Apenas escreva.
_
Escrevo sem saber para quê serve escrever?
_
Sim. Jamais saberás (...).
E
então um outro poema me disse que havia uma outra consciência me observando e
eu perguntei então o porquê das pontuações e reticências e o outro poema me
abraçou e disse "Macha, Macha querida, então usaste as vírgulas, Macha,
minha querida Macha, voltaste então ao lar? Revê-la é uma glória e escreverei
um poema em ode aos felinos e às espécies todas que tanto amas, e igualmente eu
as amo todas, mas não deveria eu usar estes termos ou este verbo preciso,
troquemos de verbo, amar não, Macha, é um verbo oculto nas profundezas e raízes
dos sonhos, oculto e submerso, apenas sentido, não fales, troque e esconda e o
pegue de volta, e novamente, Macha, apenas tu me entendes...". E fez-se
silêncio. Fez-se silêncio mas sim, eu consegui, pronunciei uma frase, consegui
pronunciá-la, e então usei as vírgulas e pronunciei a frase. Mas não me
ouviram, e se ouviram (escutaram em silêncio e a resposta veio então na semana
seguinte) e então resolvi usar as reticências...
E
Macha perguntou a mim então - "Como vai o Sócrates?" E perguntei de
volta "Mas conheces Sócrates?" E abandonei novamente toda e qualquer
pontuação e decidimos então escrever um poema para Sócrates e então nasceu
outro poema e o poema respirou cantou e fez uma música e a música falava da
vida e da cura e da vida e do ato de sonhar e da realidade que aos poucos chega
no nosso quintal... mas não temos quintal, Macha querida, imaginemos um quintal
pois moramos em um apartamento e levaremos Sócrates para Paris, não é verdade? Diga
que sim, Macha. E ela foi-se antes que eu fizesse o café. Mas fiz café e Macha
voltou. Macha tem a chave. A chave dos sonhos. E conhece Sócrates, o gato
querido. Então acendemos uma vela de mel e suavizamos a luz do quarto. E então
não escreveremos a nossa privacidade nem a alheia e enviaremos olá aos felinos
das redondezas e deste planeta esquisito onde palavras tentam decifrar o
silêncio de Macha. Conhecestes
Macha? Façamos mais café (...).
Liz
Christine
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